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O discurso “policiofóbico” de Lula no Rio de Janeiro

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Na última quinta-feira (10), num ato deseducado e insensato, Lula criou um desconforto para o Governador Claudio Castro. No palco ainda estava o prefeito nervosinho do Rio, Eduardo Paes. Foi a primeira vez que o pai da lacração se manifesta sobre a violência policial desde os episódios recentes em terras paulistas.

Na verdade, Lula estava comentando a morte de Thiago Menezes Flausino, o menino de 13 anos que veio a óbito na Cidade de Deus.

Lula virou-se para o Governador do Rio e deu as costas para o público para dizer:

"A gente não pode culpar a polícia, mas temos que dizer que um cidadão que atira num menino que já estava caído não estava preparado do ponto de vista psicológico para ser policial".

Disse ainda:

“É preciso criar condições para que a polícia seja eficaz e pronta para combater o crime. Não estou jogando a culpa em nenhum governador. O governo federal tem que assumir a responsabilidade de ajudar os governadores no combate à violência, porque o crime organizado está tomando conta do país".

Enfim, a lacração do Lula é sintetizada numa única frase – uma pérola:

“A polícia precisa estar preparada para saber diferenciar o que é um bandido e o que é um pobre que anda na rua".

Num momento em que o Governador não economiza esforços para combater a criminalidade organizada mais bem armada do Brasil, essa declaração infeliz do presidente se revela mais como um discurso “policiofóbico”, digno daqueles que pretendem enfraquecer ainda mais a atividade policial – um discurso irresponsável – uma narrativa que inverte os fatos e simplesmente ignora outros. 

Não fosse o Governador Cláudio Castro e os esforços de toda a classe policial, as polícias do Rio de Janeiro já estariam sendo sucateadas desde que esse novo governo assumiu o país.

Ora Lula, há 16 anos que o seu partido, o Partido das Trevas, governa o Estado da Bahia. Será que o senhor conhece os números da letalidade dos bandidos em confronto com a polícia por aquelas bandas?

Pois então, as polícias da Bahia mataram mais pessoas em confrontos do que todas as forças policiais dos Estados Unidos juntas, no ano de 2022.

Quem está dizendo isso é o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que aponta 1.464 mortos em intervenções das polícias da Bahia em 2022 - e o Mapping Police Violence, dos EUA, que registraram 1.201 pessoas mortas por todas as forças de segurança dos EUA, no mesmo período. Vale registrar que são duas instituições de altíssima confiabilidade, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública dispensa comentários e o Mapping Police Violence representa 18 mil corporações policiais, aproximadamente.

Então Lula, será que o policial baiano também não sabe diferenciar um bandido de um pobre trabalhador?

É óbvio que a polícia baiana sabe a diferença entre os dois estereótipos, assim como a polícia carioca também. O problema não está na desqualificação do nosso agente policial, ao contrário, está no poder bélico do crime organizado, cujos soldados do crime enfrentam nossos agentes de segurança com um pesado armamento de guerra altamente sofisticado.

No Rio de Janeiro são realizadas diversas operações policiais simultâneas, diariamente, em diversos pontos da cidade. Na Bahia não é muito diferente disso. São muitos confrontos, muito mais do que em todo os EUA.

A diferença é que nos EUA o policial é reconhecido como herói.

A respeito daquele policial morto em São Paulo, dias antes, por um tiro fatal realizado à longa distância por um atirador do crime organizado, não houve uma palavra de apoio sequer.

Era só um policial.

Enfim, mais uma vez fica registrado que a polícia é a última barreira entre a ordem social e o caos. O povo está fechado com a polícia e a recíproca é verdadeira. Lula tentou constranger o Governador Cláudio Castro, mas o Estado vem fazendo a sua parte. A pergunta que não quer calar é: como que esse arsenal bélico entrou no país?

Se o governo fosse eficaz nas suas fronteiras combatendo o tráfico de armas, o crime organizado não teria todo esse poder bélico e, consequentemente, o embate entre policia e bandidos seria menor, aí sim, gerando uma taxa de letalidade de criminosos bem menor.

Fica a dica, Lula.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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