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O “On Bullshit” tupiniquim: A essência do "falar merda"

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“Eu sou um anticomunista que se declara anticomunista. Geralmente, o anticomunista diz que não é. Mas eu sou e confesso.

E por quê? Porque a experiência comunista inventou a antipessoa, o anti-homem. Conhecíamos o canalha, o mentiroso. Mas, todos os pulhas de todos os tempos e de todos os idiomas, ainda assim, homens.

O comunismo, porém, inventou alguém que não é homem. Para o comunista, o que nós chamamos de dignidade é um preconceito burguês. Para o comunista, o pequeno burguês é um idiota absoluto justamente porque tem escrúpulos”. (Nelson Rodrigues -Entrevista à VEJA em 1969).

Harry G. Frankfurt, escreveu um livro cujo título, no original, é “On Bullshit”. No Brasil o livro foi lançado com o título de “Sobre Falar Merda”. Antevendo o politicamente correto e seus termos censurados atualmente, Frankfurt discorre sem pena e nem dó o que é “falar merda”, espalhar excremento sobre os outros, disseminar titica nas redes sociais, difundir bosta nos comentários de textos lidos e não entendidos por puro despreparo intelectual.

 - “É essa falta de preocupação com a verdade – essa indiferença ao modo como as coisas realmente são – que considero a essência do falar merda”.

Sim, a absoluta falta de preocupação com a verdade:

-“Ele não se importa (aquele que fala ou escreve merda) se as coisas que fala descrevem a realidade corretamente. Apenas as escolhe ou inventa para satisfazer seu propósito”.

Então “falar merda” seria também uma mentira?

O autor diz que não:

- “Falar merda” possui algumas afinidades com a impostura, mas não se confunde com ela. Nomeadamente, a impostura possui uma relação direta com a mentira, e, portanto, com a consciência da verdade e da falsidade, que “falar merda” não tem. “Falar merda” encontra-se próximo de “mentir”, mas não é mentir.

Mas a conversa fiada, o papo furado, também não se confundem com o falar merda. Em particular, no papo furado ninguém se leva demasiadamente a sério, ninguém presume excessivamente estar a exprimir as suas convicções mais profundas. Pelo contrário, o falador de merda, apesar da sua indiferença para com a verdade, leva-se a sério e aparenta exibir convicções profundas.

O levar-se a sério é, de resto, necessário para que ele leve adiante o seu programa “de produção de merda em todo e qualquer âmbito que as circunstâncias possam requerer”.

Seria o falador de merda um mitômano?

- “A mitomania é a compulsão pela mentira, contada de forma consciente, que tem por objetivo a autoproteção ou, muitas vezes, o falseamento da realidade, de maneira a fazê-la parecer melhor. 
Trata-se de um processo de adoecimento psíquico, onde a pessoa que sofre vive alimentando mentiras. Mentiras que geralmente elevam a importância dela, as realizações e todo esse quadro de poder, vamos dizer assim, que ela cria em função de mentiras que não correspondem exatamente a sua realidade”. (Hélio Deliberador - professor de psicologia social da PUC-SP).

Harry G. Frankfurt não se preocupa com essas situações particulares, mas esquadrinha em seu pequeno livro o porquê de se falar tanta merda em todos os setores da cultural atual e um significado para o motivo pelo qual as pessoas mais cultas aceitam passivamente essa situação e toleram os “fazedores de merda”:

- “Na verdade, as pessoas tendem de fato a ser mais tolerantes com a falação de merda do que com a mentira, talvez porque sejamos menos propensos a tomar aquela como uma afronta pessoal”.

A mentira magoa-nos porque sentimos a consciência da verdade e da falsidade no mentiroso. Não a sentimos, muito compreensivelmente, no falador de merda. Por isso, este último goza de uma magnífica liberdade. O enfoque da pessoa “que tenta conseguir as coisas falando merda” é “panorâmico em vez de particular. Ela não se limita a inserir determinada falsidade num ponto específico e, dessa forma, não se vê restringida pelas verdades que rodeiam esse ponto ou que o atravessam. Ela está preparada, tanto quanto é preciso, para camuflar o contexto também”.

Isto nos leva a outra questão:

Quando os brasileiros começaram a falar merda sem parar, até descambar neste imenso penico que hoje cobre a nação de norte a sul?

A resposta para a pergunta é simples: quando “os canhotas” tomaram o poder! Sim! Quando as esquerdas assumiram a nação em 2002 o representante era um “falador de merda”. Um semi-analfabeto. E o analfabetismo foi incensado. Primeiro pelos “intelectuais”. Depois pelos “artistas”. E finalmente pelos “políticos”. E atualmente pela “justiça”.

Essa ascensão do analfabetismo incentivou a produção de merda. O Presidente era e é semi-analfabeto; isto é, aquele que exerce o cargo máximo do país não estudou e nem precisou estudar para se tornar presidente.

Mérito? Orgulho? Ética? A meritocracia tornou-se um crime! Conhecer profundamente um assunto é “coisa de leso”! Primar pela verdade tornou-se uma coisa inútil!

Os “Intelectuais esquerdistas” louvaram e continuam louvando o semi-analfabeto que dirige a nação. Por que alguém iria estudar, examinar, buscar a verdade se os analfabetos são louvados?

Os “Artistas” endeusaram e endeusam o analfabeto que “chegou lá” e exaltam suas virtudes. Por que alguém iria fazer o sacrifício de ler um livro? Isto é preconceito, palavrinha fácil de usar para acusar os que querem um mundo melhor, para os que desejam a melhoria dos homens através da razão. 

Os “Políticos” enaltecem o “homem do povo” que tem apenas nove dedos, e ele, em suas gabolices afirma que trabalhou nas Indústrias Villares, não criou, não plantou, nunca possuiu fábricas, nem fazendas, nem comercio, mas hoje é um milionário! É um exemplo! Por que alguém no país chamado Brasil iria estudar seriamente com um exemplo desses sendo divulgado todos os dias?

A justiça ou “os justiceiros do STF”, além de firmarem uma parceria com o “maior produtor de merda da nação”, inventaram de fazer leis:

- O bebê chorão não quer tomar leite, entra-se no STF e rapidamente sai uma decisão sobre como é a maneira correta de botar a mamadeira na boca do manhoso.

- O cidadão está com a cueca apertada, entra-se no STF e os “justiceiros da nação”, decidem que os ovos estejam separados e aplique-se a lei sobre toda nação.

- Se tem lei escrita na Constituição dizendo que a partir 1988 as terras indígenas são aquelas ocupadas, entra-se no STF, e a interpretação não é aquela que está escrita. Isto é, todas as Constituições estão escritas em “Textos Formais”, “Instrumentais”, valendo o que está escrito e não em “Textos Literários”, onde cada “falador de merda” interpreta do jeito que quer.

Nesse “festival de merda”, o produtor maior, cheio de orgulho, de empáfia, abre a boca, muito a vontade, com aparência de honesto, ardiloso, curtindo o prazer de “proferir merda”, jubiloso com as próprias falsidades, convencido de estar proferindo coisas divinas, não perde e rebolado e manda ver:

-“Os livros de economia estão superados. É preciso criar uma nova mentalidade sobre a razão de a gente governar”. (Lula nunca leu um livro sobre absolutamente nada, segundo ele) – (21/03/2023 – eventos do mais médico).
-“Criamos o COAF para cuidar de movimentações financeiras atípicas e colocamos o CADE para combater os cartéis. Ou seja, foram todas as medidas tomadas no meu governo.” (Mentira, o COAF foi criado com a sanção da Lei nº 9.613, em 3 de março de 1998, pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso).
- “A verdade é que sem transparência não há democracia… foi exatamente por isso que, ainda no meu 1º mandato, fortalecemos os órgãos de controle e criamos o Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União”. (Mentira, o órgão nasceu por uma MP (Medida Provisória) de Fernando Henrique Cardoso, em 2001, com o nome de Corregedoria Geral da União).
- O Brasil foi o último país a garantir que a mulher tivesse direito a voto. (Mentira, Código Eleitoral de 1932 deixou claro que não havia distinção de sexo entre os eleitores. A Arábia Saudita foi o último país do mundo a legalizar o sufrágio feminino, as mulheres foram às urnas pela primeira vez em 2015).
- “Certa vez eu disse em Paris, que no Brasil havia 25 milhões de crianças passando fome nas ruas/ “não há alma mais honesta do que eu neste país” / “ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer o que precisa ser feito neste país”... É porcaria demais!

O eleito em 2022 já sujou praticamente tudo: o número de brasileiros que passam fome, os resultados da economia brasileira durante a era petista, a historia, a geografia, a religião, a guerra na Ucrânia, sobre como perdeu o dedo...

É o maior “falador de merda” da nação.

Mas a “mídia amestrada” afirma que ele apenas se enganou.

Como não poderia deixar de ser a nação seguiu o seu campeão e então todos começaram a falar merda, a produzir merda e entupiram o Brasil de merda. Durante 14 anos em que os “comunas/petistas” governaram a produção de merda, a corrupção e a roubalheira foram excepcionais:

- Toneladas e toneladas de “analfabetos funcionais” foram produzidos em série, iguaizinhos ao Presidente boçal, igualzinho ao que pregava Marx, igual aos petistas, vermelhinhos, e foram despejados sobre a nação. Cada tonelada desses “homens moldados pelos petistas” carregava nas mãos um pedaço de papel, um diploma, idêntico às dezenas de “deplomas”  que o ogro brasileiro ostenta, conferidos por “Universidades” de esquerda.

Em 2016, o professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Wilson Ferreira Cunha, em entrevista o jornal “Opção”, fez duras críticas à educação brasileira. Segundo ele, o lulopetismo institucionalizou um patrulhamento na Educação brasileira que pode ser comparado ao que viu quando estudou na União Soviética durante o período de Leonid Ilitch Brejnev, último ditador soviético:

- “Começa pelos reitores das instituições federais de ensino e até das universidades particulares, que são atrelados aos programas obsoletos do Ministério da Educação. Há um “puxa-saquismo” geral nos meios da Educação. É preciso tirar isso, o que será muito difícil, porque é um sistema orgânico inserido na Educação brasileira, que vai levar uns 50 anos”. 

E disse mais:

- “Política não é roubalheira, política deve ser movimento para construir e desenvolver um país. Mas não é só na área financeira que o PT fez um desgoverno. Os danos foram em todas as áreas, como a educacional. Há uma militância que se diz a favor dos pobres e oprimidos, dos não acolhidos, e isso reflete no ensino, tanto fundamental quanto médio e principalmente no terceiro grau. Há uma baixaria enorme na área educacional que a gente não pensaria ser possível numa democracia republicana”.

E arremata:

- “É preciso tirar isso, o que será muito difícil, porque é um sistema orgânico inserido na Educação brasileira, que vai levar uns 50 anos. Crianças que nasceram em 2002, atravessaram os 13 anos de petismo no poder, e aqueles que tinham 15 anos, quer dizer, a geração que tem menos de 35 anos não tem outra imagem do Brasil a não ser a dos governos petistas. Com isso, houve um prejuízo enorme na consciência, na formação do estudante, do cidadão brasileiro”.

Imersos nesse caldo, não de cultura, mas de merda, todos temos a sensação que caminhamos para trás, que fomos reprovados como nação, que falhamos como povo e estamos condenados ao atraso, à indigência, a miséria e a insignificância. Basta olharmos o cenário do Brasil atual:

- Na Literatura, a Academia Brasileira de Letras – “o clubinho Globo” - é dirigida por Merval Pereira, e tem como membros ilustres Fernanda Montenegro e Gilberto Gil. “Escritores” espetaculares, segundo os parâmetros atuais do clubinho fechado: eu te elogio e tu me elogias e juntos obteremos todos os cargos!
- Na Música, Anitta, a mulher com a tatuagem no “toba”, é o máximo! Evidente que essa tatuagem destaca o local por onde a música sai.
- Na Dança, no Teatro, no Cinema, nos Esportes, nas Ciências e em outras áreas do conhecimento humano, o Brasil se destaca perante o mundo como o cantar dos grilos cri, cri, cri, cri...

Na Política chamo J. R Guzzo, para explicar o que se passa:

- “A ditadura judiciária imposta ao Brasil pelo STF em geral, e pelo ministro Alexandre de Moraes em particular, é o maior escândalo jamais registrado na história política do país. Não há precedentes de que algo assim tenha acontecido, em qualquer época: um grupo de nove pessoas, que não foi eleito por ninguém e não dispõe nem de um busca-pé como arma de fogo, usou de modo ilícito suas funções na máquina pública para submeter 215 milhões de brasileiros a um flagrante regime de exceção, violando de maneira sistemática, viciosa e agressiva a Constituição Federal e a legislação em vigor, as liberdades públicas e os direitos individuais”. (J. R. Guzzo – O Devotos da Ditadura – Revista Oeste- 11 de novembro de 2022).

Enfim, amigos, o País está imerso em excrementos e os “fazedores de estrume” estão no poder. Eles seguem o conselho que aparece no livro já citado de  Harry G. Frankfurt, página 15, onde o autor menciona um personagem do romance “Dirty Story”, de Eric Ambler, chamado Arthur Abdel Simpson e ele lembra-se do conselho recebido do pai quando criança: “Embora tivesse apenas sete anos quando meu pai foi morto, ainda me lembro muito bem dele e de algumas coisas que costumava dizer (…) Uma das primeiras lições que ele me ensinou foi”:

- “Nunca conte uma mentira se você pode conseguir as coisas falando merda”.
Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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