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Conheça o psicopata Danilo Cavalcante, capturado ontem pela Polícia da Pensilvânia, após 14 dias de perseguição

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Danilo é natural do Maranhão. Ele se mudou para o Tocantins com parentes e chegou trabalhar como lavrador.

No dia 5 de novembro de 2017, numa cidadezinha chamada Figueirópolis, localizada a 260 quilômetros de Palmas, num pequeno trailer de lanches, Danilo matou o estudante Valter Júnior, que era amigo dele, com cinco tiros. O dono do trailer, Evaldo Barbosa, disse que escutou os tiros e uma pessoa gritando: "rapaz, o cara matou o amigo dele". Disse que viu uma pessoa saindo do trailer e em seguida um carro deixou o local.

Segundo a polícia, a motivação do homicídio teria sido uma dívida.

Uma semana depois da morte de Valter em Figueirópolis, a Justiça acatou um pedido de prisão feito pelo Ministério Público Estadual e Danilo se tornou foragido no Brasil. Até hoje ele responde por homicídio duplamente qualificado.

Entretanto, em janeiro de 2018, Danilo conseguiu embarcar para os Estados Unidos pelo aeroporto de Brasília (DF). Isso aconteceu porque o mandado de prisão ainda não havia sido registrado no banco nacional de mandados, ou seja, a informação sobre o crime estava disponível somente para as autoridades tocantinenses.

Assim, Danilo preferiu viver ilegalmente no EUA – melhor do que viver como foragido no Brasil.

Lá conheceu Débora Brandão, que também era natural do Maranhão. Porém, Débora vivia regularmente no estado norte-americano da Pensilvânia. Essa era a questão: como todo bom psicopata, Danilo via em Débora um porto seguro em que ele poderia ancorar e viver impunemente.

Débora foi esfaqueada 38 vezes por Danilo na frente dos seus dois filhos, no dia 18 de abril de 2021. Segundo as investigações da polícia local, ele não aceitava o fim do relacionamento e desde 2020 vinha ameaçando a vítima.

Não pense você que Danilo não aceitava o fim do relacionamento porque amava Débora. Lembre-se que Danilo é um psicopata e como tal, não tem capacidade de amar, é absolutamente desprovido desse sentimento. Danilo não aceitava o fim do relacionamento porque Débora era muito útil para ele. Sem o acolhimento de Débora, Danilo ficaria muito exposto como ilegal no país. 

Só que nos EUA a situação é bem diferente. Danilo foi preso uma hora depois de matar Débora, quando estava no estado da Virgínia. Preso desde então, a Justiça Brasileira finalmente pode intimá-lo a responder pelo homicídio de Tocantins. Ele se negou a receber a carta rogatória, mas pouco importa – será julgado, devidamente representado pela Defensoria Pública, no dia 11 de outubro de 2023.

Ocorre que no dia 31 de agosto, uma semana após a decretação de sua prisão perpétua, Danilo conseguiu escalar o muro da prisão do Condado de Chester, em West Chester e desde então empreendeu uma frenética e espetacular fuga pelos ares americanos.

A polícia da Pensilvânia buscou Danilo durante 14 dias com o apoio do FBI e ontem finalmente conseguiu prendê-lo. O maranhense conseguiu roubar uma van que estava com a chave na ignição. Também roubou um rifle numa garagem que invadiu e chegou a trocar muitos tiros com um morador.

Certa feita, um delegado revelou para a imprensa que haviam localizado pegadas compatíveis com o calçado que o fugitivo usava na prisão. Durante a fuga Danilo também fez a barba para que a polícia não o reconhecesse.

Foi uma verdadeira caçada humana. Tiveram cerca de 500 policiais envolvidos na captura, dentre agentes da Swat, Delegados Federais e agentes de polícia estadual e do Condado de Chester.

Sua mãe Iracema Cavalcante, que mora no Tocantins, questionada por um jornal norte-americano se Danilo havia recebido treinamento tático, disse que a família sempre foi pobre e que o filho nunca frequentou a escola. Quanto à pergunta, respondeu que “ele está apenas tentando sobreviver, o treinamento dele foi sofrer".

Abaixo o vídeo em que Danilo é capturado e exibido como troféu por todos os policiais envolvidos, como se ele fosse um terrorista, uma ameaça internacional, um criminoso muito perigoso. Só faltaram os agentes da CIA e os Mariners posando pra foto.

Se um maranhense portando um simples rifle calibre 22 é capaz de fazer esse barulho todo com a polícia americana, imaginem se no lugar desse nordestino estivesse um desses meninos de 16 anos do morro – um desses soldados do tráfico – portando um fuzil, granadas e pistolas semiautomáticas. Imaginou?

A polícia americana não sabe o que é guerra urbana.

Se colocassem o BOPE para fechar o perímetro, esses 14 dias de fuga espetacular e cinematográfica seriam resumidos a um par de horas e seriam encarados como um bom treinamento tático para a equipe.

O importante é que Danilo foi preso lá nos EUA, onde a Justiça funciona e onde cumprirá prisão perpétua.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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