A maior fraude da história perpetrada pelos 3 homens mais ricos do Brasil – R$ 50 bilhões. O que aconteceu com eles?

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Não se sabe o que causa mais perplexidade, se o volume da fraude bilionária praticada pelos dirigentes da Americanas ou se a falta de capacidade intelectual da população brasileira para entender a reprovabilidade, a asquerosa e repugnante conduta desse grupo de empresários bilionários e se indignar com esse golpe que lesou o mercado varejista.

A sociedade brasileira tem uma compreensão extremamente equivocada do que se entende por “periculosidade” de um agente criminoso.

O povo detém uma visão muito rasa do que é um crime realmente perigoso.

O grau de violência ou ameaça de um delito não pode ser o único parâmetro para se julgar o perigo de um crime para a comunidade. 

Os delitos econômicos desprovidos de violência, não raras as vezes proporcionam um mal social diversas vezes superior aos crimes violentos.

Causam instabilidade, insegurança jurídica, levam empresas e famílias à falência, condenam inúmeras pessoas à fome, à miséria e provocam convulsões sociais. A covardia, a falta de consciência de seus autores, a indiferença ao mal que causam a terceiros, a falta de empatia para com seus semelhantes é incontavelmente superior aos crimes violentos.

Entretanto, assim como uma vaca que entra no matadouro sem sequer imaginar que será abatida, por absoluta falta de capacidade de raciocínio, o povo brasileiro não consegue compreender a magnitude dos prejuízos causados por fraudes bilionárias praticadas por pessoas egocêntricas, egoístas, materialistas e psicopatas.

São humanos (será?) que quanto mais têm, mais querem. Não importa se estarão deixando um rastro de miséria, de sofrimento ou de dramas familiares – o que importa é o bem estar deles.

Mais chocante ainda é a memória curta e a falta de valores morais da sociedade brasileira – ou não teríamos figuras como Naji Nahas frequentando jantares e reuniões com líderes políticos de expressão nacional.

Pois muito bem, Naji Nahas é peixe pequeno diante da fraude que veio à tona nesse ano: R$ 50 bilhões! Isso mesmo, R$ 50 bilhões! E sabe quem são os autores desse golpe bilionário? Os três homens mais ricos do Brasil: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – o trio de acionistas das Lojas Americanas.

O golpe começou a ser perpetrado muito antes desse ano, através das demonstrações financeiras da empresa que vinham sendo fraudadas pela antiga diretoria da companhia.

Toda a diretoria anterior da Americanas trabalhava em conjunto para esconder o esquema de fraude e forjar o aumento dos lucros da companhia, o que resultava em pagamentos astronômicos de bônus para os executivos da empresa.

Outra jogada bilionária (que resultou num rombo de mais de R$ 21 bi), era computar verbas publicitárias antes que elas fossem recebidas e, muitas vezes, apesar das compras terem sido canceladas, as verbas (que nunca haviam sido pagas) não eram retiradas do balanço.

Financiamentos obtidos junto  instituições financeiras e que eram inadequadamente contabilizados, somam outros R$ 20,6 bilhões em fraudes. Sabe quem foi o maior prejudicado? O Banco do Brasil, ou seja, é dinheiro meu, seu e nosso – que nos foi surrupiado pelos três homens mais ricos do Brasil.

À primeira vista, um crime dessa magnitude, que lesa centenas ou milhares de empresas, milhares de empregados e milhões de brasileiros, deveria ser punido com penas severas e enérgicas, não é mesmo?

Contudo, no país do Partido das Trevas os fatos se sucedem de forma invertida. Quem é detido com um cigarro de maconha é preso, quem furta um pacote de arroz para comer é preso, mas quem pratica uma fraude de 50 bilhões de reais, sequer é chamado para depor – não são nem incomodados.

Onde estão esses magnatas agora? Estão desfilando de iate em Monte Carlo ou jogando tênis em Miami – e nas horas vagas gravam vídeos para depois compartilharem nas redes sociais dizendo que o problema do país é a impunidade. Convivem com a elite do país e gozam de respeito social digno daqueles providos dos mais rígidos valores éticos e morais. São cercados de bajuladores que tudo o que querem é uma oportunidade de se locupletarem ilicitamente, assim como seus ídolos.

Esse é o Brasil de sempre!

O que será que provoca essa ganância desmedida? O poder cega esses milionários? Se já são os mais ricos do país, para que cobiçar ainda mais fortuna, mesmo sabendo que estão levando a bancarrota milhares de brasileiros? Como não lhes pesa a consciência? Como alguém tem capacidade de bajular esses indivíduos desprovidos de consciência? Que tipo de admiração pessoas assim pode provocar?

O maior problema do Brasil é a crise de valores morais.

Você que é pai ou é mãe, como você está educando os seus filhos? Que valores você está passando para eles? Você está contribuindo para que essa crise moral se agrave com os exemplos na família? Esses valores se aprendem em casa e não na escola – esse é o verdadeiro legado que deixamos para os nossos filhos e para a humanidade.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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