Carta Aberta a Jair Messias Bolsonaro (veja o vídeo)

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No mês passado, nós tivemos a morte de um patriota que, após passar pela experiência de prisão no Papuda, em Brasília, voltou para casa com uma tornozeleira eletrônica e não conseguiu mais trabalhar em terraplanagem, que era o seu ofício. Por ser uma atividade que exige deslocamento a média distância, a empresa não quis manter o contrato com ele. Passou a viver de bicos. E, sendo ele provedor da família, Antônio abraçava qualquer atividade que lhe desse retorno financeiro. No mês passado, enquanto ajudava a consertar um telhado para conseguir o sustento da sua esposa e dois filhos menores, o patriota Antônio caiu e morreu. Hoje, a viúva e filhos passa por muitas dificuldades. Sofrem as dores no anonimato.

Ontem, dia 21 de novembro, nós enterramos, em luto, o Clezão. Clezão trabalhou, naquele trágico 8 de janeiro, até por volta às 16:00. Ele fazia distribuição de bebidas e, por ser patriota e morador de Brasília, resolveu dar uma passada na Praça dos Três Poderes. Quando chegou, sentiu que era impossível respirar com o gás de efeito moral, decorrente da chuva de bombas jogadas dos helicópteros. Além disso, a polícia dava tiros com balas de borracha contra os manifestantes. Em pessoas comuns, como ele. Idosos, mulheres, crianças, trabalhadores do Brasil que acreditaram que era possível ter uma pátria livre. Pessoas que se manifestavam por suas famílias, pela família brasileira. Pessoas que defendem a liberdade de expressão, a liberdade religiosa. Pessoas que acreditam em princípios, em valores, em governantes que tenham caráter.

E ali, naquele ambiente hostil, Clezão, que é uma pessoa que tem problemas de saúde, entrou no prédio da República para se abrigar. As portas estavam abertas e ele entrou. Porém, não demorou para aquelas mesmas portas se fecharem e a polícia iniciar um processo de humilhação enorme, tratando aquelas pessoas como se fossem bandidos, os ameaçando de morte. Volto a repetir: eram idosos, senhores e senhoras que estavam ali procurando um abrigo, apavorados. Portavam a bandeira do Brasil e a Bíblia, suas armas.

Nós perdemos Antônio, perdemos Clezão e temos uma série de órfãos do dia 8 de janeiro. 1,5 mil órfãos da pátria!

Desde o dia 9 de janeiro, o meu trabalho tem sido me colocar nas fileiras de voluntários para resolver pelo menos pequenos problemas dessas pessoas, como atendimento advocatício, ajuda psiquiátrica e psicológica, algum valor para poderem comer ou comprar gás ou resolver problemas de energia elétrica.

Mas Bolsonaro, eu como cidadã comum e não pública, que nunca me candidatei a absolutamente nada e nem tenho a intenção, tenho pouca expressão para reunir pessoas em volume suficiente para amparar essas 1.500 pessoas em sofrimento. Não só elas, mas também seus dependentes e, então, temos uma multidão 6.000 pessoas em dificuldades. Em níveis absurdos, posso lhe garantir: geladeiras vazias, pedido de despejo por falta de pagamento de aluguel, risco de perder seu imóvel financiado, filhos que passam necessidades, doenças inúmeras supostamente contraídas dentro e após o presídio, devido à precariedade de condições sanitárias a que foram expostas, e à alimentação absolutamente inadequada sem higiene. E, principalmente e mais relevante, a degradação de seu estado psicológico. Essas pessoas se sentem órfãos da Pátria. Todas essas pessoas, com as quais converso há 10 meses, tirando raras exceções, são pessoas que nunca tiveram aproximação ao mundo da política. Esse mundo sórdido habitado por pessoas que olham apenas para o seu próprio umbigo, construindo o seu castelo de poder.

Arrisco dizer que são essas pessoas tornozeladas e presas que vêm fazendo a diferença nesse País, no sentido de trazer para a política a verdadeira essência do fez político, que é a atitude em prol do social todos somos agentes políticos e para ser um agente político é preciso ter abnegação. É preciso pensar no outro mais do que em si mesmo para ser um agente político que transforma uma sociedade.

E aqui vem o convite ao Senhor, Jair Messias Bolsonaro: eu sendo pequena como sou, sendo nada nesse imenso Brasil, incapaz de reunir duas pessoas para ouvir o meu discurso, percebo que tenho forças para ajudar essas pessoas. E eu lhe pergunto Bolsonaro: É possível você levantar a sua voz para que o Brasil abrace essas pessoas em suas necessidades? Eu aqui não falo em Poder Público institucionalizado, mas em você usar o seu dom, a sua oratória, para mobilizar pessoas para formar um mutirão de solidariedade. Elas precisam de cestas básicas, ajuda psicológica profissional e empregos. Elas precisam ser acolhidas por aqueles que se dizem patriotas, conservadores.

Hoje, esses 1.500 sentem as pessoas virarem às costas para eles. No máximo batem nas suas costas e dizem: Como você é forte! Como você é corajoso! E os deixam com as suas contas atrasadas, os deixam passando fome, os deixam trancados dentro de casa em seu desespero.

O que eu posso esperar de um líder de uma nação se não essa competência de agregar, de sinalizar a importância de nos enxergarmos como uma grande família? Aquela família verde-amarela convocada para ir às ruas.

Bolsonaro, convida essa família para se unir em prol daqueles que estão sofrendo dores agudas, ao ponto de tentarem um suicídio. Vários pensaram nisso. Eu te convido a trabalhar comigo. Não precisamos nos conhecer. Eu continuo no meu anonimato. No meu mundo pequeno. Mas eu te peço, Bolsonaro, faça alguma coisa por essas famílias. Vamos devolver a dignidade a nossa gente!

Muito obrigada e que Deus lhe proteja e o acompanhe!

Ana Maria Cemin

Mãe, esposa e profissional

Moradora de Caxias do Sul - RS

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