260 dias preso sem nenhuma prova: “Meu filho não para de chamar pelo pai”

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A esposa não sabe mais o que fazer para mostrar que o marido tem uma índole incapaz de fazer qualquer ato de vandalismo.

O filho pequeno que convivia diariamente com o pai não para de chamar por Nelson.

Ele está em celas com presos comuns que mataram, abusaram e cometeram todo tipo de crime, porém viu 60 deles saírem e ele ficou.

No dia 8 de janeiro, estava na casa do sogro em Brasília e foi até a Praça dos Três Poderes entre 15h30 e 16h para ajudar os feridos, porque tinha amigos de sua cidade na manifestação de 8 de janeiro. Lá, pegou uma bola assinada por Neimar nas mãos por estar no meio do caminho, tentou entregar para polícia que se negou a receber naquela ocasião. Voltando para a sua cidade, foi até a Polícia Federal entregar a bola da galeria de presentes e contar a sua história. Em março, a PF foi na sua casa e o levou para o presídio, onde está até o momento com profunda depressão e sem medicações.

Parece surreal, mas é verdade. A vida de uma família foi completamente abalada após o marido e mantenedor do lar ser considerado um “golpista” pelo Estado Brasileiro. Nelson Ribeiro Fonseca Júnior tem 32 anos, é morador de Sorocaba, SP, e está preso desde 17 de março, quando foi recolhido pela Polícia Federal em casa, na 8ª fase da Operação Lesa Pátria.

Nesse mesmo dia, 32 pessoas foram presas por terem estado na Praça dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Não há nada que comprove qualquer envolvimento dele com qualquer atentado ao patrimônio público, mas a sua esposa tenta insistentemente ser ouvida. É como um grito surdo!

SITUAÇÃO DE NELSON NOS ÚLTIMOS TEMPOS

Nelson trabalhava na empresa CIELO em Brasília, porém estava de licença há mais de um ano devido a um grave quadro de depressão associado à síndrome de pânico. Nesse tempo em que estava de licença, voltou a residir em Sorocaba para cuidar do pai de 64 anos que passou por tratamento de câncer de próstata e ficou sem o movimento de uma perna, devido à radioterapia ter queimado o nervo ciático. O filho precisou levar o pai de um lado a outro para o tratamento.

Nelson estava de volta à Brasília em 8 de janeiro por ter encerrado a licença no final de 2022. Voltou para sua função na CIELO. A família ficou na casa dos pais da esposa Norda Barbosa Pinheiro Fonseca, 30 anos. O filho do casal João Octávio, 5 anos, estava junto. Porém, no dia 16 de janeiro, Nelson foi demitido e a família voltou para Sorocaba. 

MOTIVO DE NELSON IR À PRAÇA DOS TRÊS PODERES

“Nós estávamos em Sobradinho com a minha família e, com as notícias que ouvimos sobre as depredações e situação na Praça dos Três Poderes, o meu marido decidiu ir até lá. Tinha saído um ônibus de Sorocaba para Brasília e Nelson conhecia alguns manifestantes. Isso devia ser entre 15h30 e 16h, horário em que a depredação já tinha ocorrido.

Meu marido é um homem muito solícito e ele se prontificou a ajudar quem estavam passando mal por causa do gás lacrimogêneo.

Por conta disso, entrou num dos prédios, mas logo saiu. Quando saiu, pegou uma bola que encontrou no meio do caminho, jogada, e tentou entregar para policiais que estavam do lado de fora, porém eles não receberam. Ao retornarmos à Sorocaba, após ser demitido, o meu marido foi espontaneamente até a Polícia Federal para devolver a bola e prestar depoimento”, relata Norda. Essa bola é um presente assinado por Neimar e fazia parte de uma galeria que fora depredada.  

POLÍCIA FEDERAL NA PORTA DA CASA

Para surpresa do casal, no dia 17 de março a Polícia Federal chegou na sua residência com mandado de prisão. Como Nelson é provedor da casa, desde então a família passa por dificuldades, isto porque até mesmo o seguro-desemprego foi bloqueado. Como Norda não trabalha, seus pais passaram a viver com ela em Sorocaba para prover a casa desde então.

“Meu marido se encontra preso há 260 dias, com o quadro de depressão e síndrome do pânico agravado”, diz, entristecida.

Ela conta que num primeiro momento, Nelson foi recolhido para o CDP de Sorocaba onde ficou 11 dias isolado, sem condições nenhuma de higiene e de alimentação adequada. Além disso, correu riscos graves porque é o PCC que comanda o presídio.

Depois disso, ele foi transferido para o Centro de Ressocialização, no município de Limeira, SP”, narra Norda. Hoje, ela gasta cerca de R$ 450,00 por semana com combustível, pedágio e alimentação que leva para o marido na prisão. São duas horas para ir e duas horas para voltar.

DENÚNCIA DA PGR HÁ SOMENTE TRÊS SEMANAS

Para defender o genro, os pais de Norda contrataram advogados ao custo de R$ 20 mil. Somente há três semanas a Procuradoria Geral da República fez a denúncia contra Nelson, porém não chegou até as mãos do preso político até ontem (2 de dezembro), o que significa que está tudo parado.

Uma vez por semana, das 8 às 16 horas da tarde, Nora e o filho visitam o pai preso e ela relata que ele se encontra no pico de sua depressão. Desde que foi preso não toma mais remédio controlado, porque não tem receituário e ele não tem acesso à psiquiatra. Inclusive falou que não sabe se vai aguentar passar o Natal sozinho no presídio.

“Ele sente que perdeu toda a sua dignidade lá dentro. Está preso junto com presos comuns que mataram a sua esposa, cometeram abuso e outros casos graves. Desde que foi preso, viu 60 dessas pessoas saírem e ele continua lá”, relata. Ele tem uma série de problemas de saúde, como na coluna, dermatite tópica e, mais recentemente, desenvolveu quadro de tireoide.

Ana Maria Cemin. Jornalista.

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