Como é possível que Lula escolhido por 60 milhões seja incapaz de mobilizar sua militância

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A questão foi abordada com brilhantismo pelo jornalista Paulo Polzonoff em sua coluna no jornal Gazeta do Povo.

Ele inicia o texto lembrando um caso recente acontecido na Baixada Fluminense:

“Você que é bem informado deve ter ouvido a gravação em que funcionários públicos de Belford Roxo (RJ) são, digamos, incentivados a aproveitarem o ponto facultativo decretado pelo prefeito da cidade para fazerem figuração na claque petista durante uma visita de Lula à Baixada Fluminense. Claro que isso não vai dar em nada. Mas o caso ajuda a escancarar um fato que nem o petista mais entusiasmado consegue negar: Lula é um presidente sem povo.”

E o texto prossegue relembrando Bonner e fazendo alguns questionamentos óbvios:

“É assim desde que o ex-presidiário tomou posse. Naquele dia em que, segundo William Bonner, ‘até o céu de Brasília ficou mais bonito’. Nas raras viagens que Lula fez dentro do Brasil, ele ou se isolou ou apareceu cercado por uma plateia composta por intelectuais, burocratas e tecnocratas – e um povo cenográfico mirradinho, que dá uns gritos e aplaude as bobagens de Lula em troca de um boné e um lanche qualquer.
Trata-se de um fenômeno no mínimo intrigante. Afinal, como é possível que o homem escolhido por 60 milhões de pessoas, numa das eleições mais disputadas da história, não seja capaz de mobilizar espontaneamente a outrora comprometida militância petista?
Como é possível que o Pai dos Pobres, o Presidente-Operário, o líder máximo, honorário e eterno do Partido dos Trabalhadores não consiga reunir multidões de, well, pobres operários trabalhadores em suas andanças pelo país?
Como explicar a um leitor que (compreensivelmente) flerta com soluções autoritárias as mais diversas, isto é, que está em crise com a democracia, que o apregoado ‘governo do povo, para o povo e pelo povo’ é exercido por um homem distante... do povo?
Tem algo de errado aí. Ou eu estou enlouquecendo - o que também é sempre uma possibilidade.”

Na sequência Polzonoff dedica algumas linhas a Jair Bolsonaro e faz mais um questionamento:

“Por outro lado, o Brasil tem um ex-presidente inelegível que, numa quarta-feira qualquer, consegue reunir algumas centenas de pessoas dispostas a

enfrentar o calorão de São Sebastião (SP) para demonstrar apoio. E, já que estamos aqui mesmo, para zombar da perseguição a Bolsonaro, acusado pelo Ministério Público de “importunar intencionalmente” uma baleia. Não adianta tapar o sol com a peneira: mesmo fora do páreo, Bolsonaro ainda desperta o entusiasmo de muita gente. De muito povo, e não de intelectuais, sindicalistas e funcionários públicos.
Como é possível?”

E qual a resposta para tudo isso?

“Para alguns, a resposta para esse dilema passa por tramas complexas que envolvem torradeiras mal-intencionadas e algoritmos intrincadíssimos. Eu, porém, prefiro usar minha imaginação para fins mais nobres. Por isso vou me restringir a fazer um alerta: quem quer que tenha colocado Lula na Presidência, por quaisquer que tenham sido os meios, precisa estar atento a essa discrepância entre a popularidade e o poder do fantoche de Garanhuns. Porque está ficando feio e eu mesmo já notei que a justificativa de que as redes sociais distorcem a nossa percepção da realidade não cola. Não tanto. Não mais.”

Qual a percepção que fica?

“Percepção. Taí uma palavrinha que, venho dizendo há tempos, deveria ter sido levada mais a sério pelas autoridades eleitorais – aquelas que cuidam da faceta mais visível da democracia. Porque é disso que se trata o poder respeitado e admirado por ser legítimo: percepção. Percepção de que o Estado vale a pena ser defendido. Ou percepção de que ele deve ser refundado. Percepção de que os governantes buscam o bem comum. Ou percepção de que não buscam. Percepção da honestidade. Ou percepção da corrupção. Percepção da retidão de intenção. Ou percepção de que o governante busca apenas o que é conveniente para ele, para o partido e para seus amigos bilionários.”

A conclusão sombria:

“Para o homem comum, naturalmente ressabiado dos poderosos que ele conhece de outros carnavais e cujas estripulias ele acompanha por telejornais cada vez mais desacreditados, uma vez instalada a desconfiança é difícil revertê-la. Por mais campanhas publicitárias que insistam no mito da democracia inabalada. Por mais que se criem leis nos obrigando a acreditar no que dizem os ministros do TSE. Aí a saída é impor a democracia. O que é um disfarce clássico para uma ditadura.”

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