Gramsci, as eleições paritárias nas universidades brasileiras e nossa resiliente imoralidade pública

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Em excelente artigo intitulado “Excelência já foi elogio, mas faz tempo”, publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 21/06/2016, Rolf Kunz afirma:

“O governo do PT, desde o mandato inicial do presidente Lula, condenou as ideias de competência e de produtividade na administração [pública] como preconceitos neoliberais.”

Para sermos precisos, a condenação dos ideais de competência e de produtividade na administração pública, como preconceitos neoliberais (ou melhor, como conhecido na época de Gramsci, PRECONCEITO BURGUÊS), antecede a Lula e o PT no governo.

Essas ideias, ou ideologias que condenam aqueles ideais de competência e produtividade, são nossos velhos fantasmas com que lidamos, na administração pública em geral e, principalmente, nas escolas e nas universidades.

O governo Lula e sua militância apenas exacerbaram esta ideia de que competência é preconceito burguês.

Aliás, é a percepção desta imbecilidade esquerdopata talvez a principal razão da diáspora de nossos melhores cérebros jovens, em busca de uma sociedade que valorize a inteligência, o preparo intelectual, a competição dura e honesta e despreze a esperteza puramente oportunista e parasita, característica maior do lulopetismo e que tem no próprio Lula seu emblema máximo. Esta diáspora é o maior crime que as esquerdas estão a cometer, fazem décadas, contra o Brasil.

A falsa, desgraçada e subdesenvolvida ideia de ‘democracia’ que passou a permear as instituições públicas – aquela que exige a ELEIÇÃO PARITÁRIA de diretores de escolas, grupos escolares e universidades por estudantes, funcionários e ‘até professores’ em tais pleitos - é consequência da “Doutrina da Infiltração” de Antonio Gramsci (1891-1937), fundador do partido comunista italiano, em 1921.

Sempre alegando ideais elevados de democracia, a militância de esquerda acabou por distorcer este mesmo conceito tão caro aos verdadeiros democratas, visando, na realidade, a infiltração e dominação dos órgãos decisórios das escolas, sindicatos, associações de bairro, centros acadêmicos estudantis e universidades.

A História é farta em mistificações sobre o conceito de democracia. A defunta Alemanha Oriental - o mais stalinista regime do Leste Europeu - que hoje jaz na lata de lixo da História - tinha o nome oficial de Deutsche Demokratishe Republik (DDR), ou República DEMOCRÁTICA Alemã.

Outras tiranias comunistas também abusaram, abusam, distorceram e distorcem o conceito de democracia, ao se proclamarem, elas próprias, democracias. Emblemático desta afirmação, além da defunta Alemanha Oriental, é a Coreia do Norte, uma cruel DITADURA DINÁSTICA, a mais fechada do mundo a ponto de ser considerada a maior prisão do planeta Terra. Pois esta ditadura dinástica ostenta o enganador e falso nome de ‘República DEMOCRÁTICA Popular da Coreia’.

Uma característica comum das ditaduras, que também se estende por toda a esquerdopatia humana, é a cara de pau, o cinismo repugnante com que usam, abusam e estupram a palavra democracia, justamente para destruir a democracia.

(Observação entre longos parêntesis: é exatamente isto o que fazem, hoje, o STF de Barroso, o TSE de Alexandre de Moraes, o Benedito “missão dada missão cumprida” e o governo do ex-presidiário e esgoto moral da espécie humana, Luiz Ignorácio Lula da Çilva. Estes vendem a versão de que estão defendendo a democracia, ao tempo em que a destroem: trazem de volta a impunidade que protege a alta corrupção de governo; pisam diariamente na Constituição, enquanto juram que a estão protegendo; ignoram e ofendem o Código de Processo Penal e o fazem em seu nome; o STF perdoa a Odebrecht e a JBS e procura devolver suas dívidas bilionárias com o Brasil – dívidas confessadas e assumidas por escrito, em delação premiada; o STF e o TSE tiram da cadeia o certamente maior e mais inescrupuloso corrupto da política mundial e o fazem presidente da República, para vergonha dos brasileiros e constrangimento internacional do Brasil, etc. O tempo passa, mas o Brasil - pela ação ilegal do STF, do TSE e inação criminosa dos presidentes da Câmara e do Senado, não perde o forte tropismo positivo pelo que existe de pior em prática política, judicial e administrativa. Uma desgraceira!)

Não surpreende, portanto, que um movimento pela democracia em órgãos públicos, como universidades e escolas públicas, seja, na realidade, uma farsa gramscista, visando o aparelhamento dos mesmos, como “etapa para a construção do socialismo”, segundo reza o jargão eufemístico das esquerdas.

Enquanto se opera esta farsa, a qualidade administrativa e de liderança daqueles órgãos cai vertiginosamente. Isto é particularmente danoso nas escolas e universidades públicas, onde os cargos mais elevados são ocupados não por MÉRITO ACADÊMICO, mas por conformidade com os fundamentos gramscistas da esquerda. E, como consequência, isto fez e faz a alegria do baixo clero acadêmico, sempre de esquerda ideológica, nas instituições públicas, mormente escolas e universidades. O mérito acadêmico, nessas universidades e escolas públicas passou a ser PRECONCEITO NEOLIBERAL, ou PRECONCEITO BURGUÊS e quem possui tal mérito é aconselhado a não expô-lo em aberto, para não ser perseguido, caçado, ou mesmo cassado, de fato.

O destaque em ‘até professores’ dado acima é para lembrar que, não raro, a vontade docente nas universidades, embora postulada como superior em lei (75%), na realidade é sobrepujada pela dos alunos e servidores administrativos, como se vê, por exemplo, nas eleições paritárias para reitor da UFSC, numa clara quebra da ordem jurídica e da tradição universitária.

Essa desgraça, que resultou na mediocridade da administração pública, em geral, e nas das universidades públicas, em particular, de há muito existe nestes tristes trópicos. Ela encara as instituições públicas (universidades, em especial) como uma república de estudantes, servidores e ‘até professores’. Só que os ‘cidadãos’ desta peculiar ‘república’, não pagam impostos. Ao contrário, recebem bolsas, ensino gratuito e salários. É uma distorção cabal. O PT, e partidos afins (PSOL, PCdoB, PDT, ...) diga-se com sinceridade, apenas exacerbaram a prática do aparelhamento público, ou infiltração, com a criação oficiosa, mas de fato do ESTADO SINDICALISTA BRASILEIRO.

Parafraseando Rolf Kuntz, afirmo que a palavra “Magnífico” já foi deferência ao saber, à competência intelectual, ao mérito acadêmico nas universidades públicas brasileiras, mas faz tempo.

A DEMOCRATITICA universitária, de extração comuno-gramscista, transformou este “Magnífico” em seu antônimo, em seu deboche.

Foto de José J. de Espíndola

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.

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