Um charlatão no Palácio do Planalto

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“Os homens são tão simplórios, e tão dominados por suas necessidades imediatas, que um mentiroso sempre encontrará muitos prontos para serem enganados”. (Nicolau Maquiavel, 1469-1527).

Um charlatão (também chamado de vigarista) é uma pessoa muito esperta que, ostentando qualidades que realmente não possui, procura auferir prestígio e lucros pela exploração da credulidade alheia. Apresenta-se como alguém que recebeu poderes divinos, forças de entes sobrenaturais para exercer o cargo que ocupa. É um impostor que usa e abusa da confiança alheia para obter dinheiro, poder, fama ou outras vantagens por meio de fingimento ou engano.

Em 1993, João Alves, deputado pelo PPR, baiano, tornou-se famoso porque foi apontado como líder de quadrilha no escândalo dos anões do orçamento. Nesse esquema, emendas parlamentares eram aprovadas para desviar recursos da União a empreiteiras e entidades sociais falsas. Os “anões do orçamento” causaram um rombo de 800 milhões aos cofres públicos. Pego com a mão na massa, João Alves, na maior cara-de-pau, afirmou que havia ganhado na loteria 200 vezes. E para surpresa de todos, com o atrevimento que só os pilantras de alto-calibre possuem, João Alves, foi declarar todo o dinheiro à Receita Federal – e justificá-lo como prêmio de sucessivas apostas na loteria. Renunciou ao mandato em 1994 para evitar a cassação. Morreu em 2004 aos 85 anos.

Em janeiro de 2023, Lula, o ex-presidiário, semi-analfabeto, eleito presidente do Brasil e sua mulher, uma pobretona deslumbrada, chamada Janja, receberam durante um café da manhã, jornalistas para entrevistas. Ao final do encontro, apenas representantes de seis veículos escolhidos pela equipe da Presidência puderam perguntar: TV Globo, RedeTV!, CNN, SBT, Brasil 247 e Carta Capital.

Lula reclamou de começar o seu governo vivendo em um hotel, sem poder se mudar para a residência oficial do Palácio da Alvorada. Reclamou do estado de conservação das residências oficiais do Alvorada e da Granja do Torto. Lula afirmou que Jair Bolsonaro e sua mulher Michelle 'levaram tudo'.

- "Não sei se eram coisas particulares do casal, mas levaram tudo. Então a gente está fazendo a reparação, porque aquilo é um patrimônio público", afirmou o presidente, que ainda retomou o tema instantes depois.
"Pelo menos a parte de cima [do palácio], está uma coisa como se não tivesse sido habitada, porque está todo desmontado, não tem cama, não tem sofá. Possivelmente, se fosse dele, ele tinha razão de levar mesmo. Mas, ali é uma coisa pública", completou.

Desmentindo o charlatão do planalto, Michelle Bolsonaro reagiu e afirmou que todos os móveis que foram levados eram dela própria e não bens públicos. 

Mas a imprensa brasileira, na época, publicou grandes manchetes, interessada apenas na conversa do ex-condenado, bombardeando o ex-presidente e sua esposa pelo suposto crime praticado.

Para completar a encenação, Janja convidou Natuza Nery, apoiadora de primeira hora de Lula, jornalista da GloboNews, a visitar a residência oficial do presidente e mostrou tapetes rasgados, janelas quebradas e infiltração.

Lula e Janja que estavam morando em um Hotel 5 estrelas por conta dos impostos pagos pelos brasileiros miseráveis, em ato continuo compraram sem licitação móveis de luxo provocando um enorme gasto aos cofres públicos de R$ 196,7 mil reais:

- Sofá (306 cm de largura, 110 cm de profundidade), com mecanismo elétrico reclinável para cabeça e pés, revestido em couro na tonalidade cinza, grão natural. Valor: R$ 65.140.
- Sofá (232 cm de largura, 109 cm de profundidade), com mecanismo elétrico reclinável para cabeça e pés, revestido em couro na tonalidade cinza, grão natural. Valor: R$ 31.690.
- Cama (231 cm de largura, 246 cm de profundidade e 94 cm de altura), com revestimento em couro grão natural, lixamento leve e acabamento oleoso. Pés em metal e revestimento secundário em tecido. Valor: R$ 42.230.
- Poltrona ergonômica (90 cm de largura e 82 cm de profundidade), revestida em couro, com pufe na cor branca, revestimento em couro grão natural, com almofadas do assento com enchimento em poliuretano e estrutura metálica. Valor: R$ 29.450.
- Poltrona fixa (107 cm de largura e 94 cm de profundidade), em veludo azul, com pés em aço inox, estrutura em madeira de reflorestamento, pinus naval. Valor: R$ 19.270.
- Colchão (193 cm de largura e 203 cm de comprimento) masterpiece top visco. Valor: R$ 8.990.

Pois é, o casal que mora em um palácio e “chora” quando vê um sem-teto, foi dormir em uma “cama humilde” que custou 42 mil reais.

Um ano depois, eis a manchete dos jornais:

- “Móveis do Alvorada que Lula sugeriu terem sido levados por Bolsonaro são encontrados”.(Folha de São Paulo).

Notem a tentativa de passar o pano da Folha: “Lula sugeriu”... Não! Lula acusou Bolsonaro e sua esposa de desviarem 261 bens do patrimônio do Palácio da Alvorada! Tudo mentira! Falsa acusação repercutida pela imprensa!

- “Não tem como dourar a pílula: Lula acusou Bolsonaro, falsamente, de furto. Isso tem nome: calúnia. É comportamento tipificado no artigo 138 do Código Penal: “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Pena: detenção de seis meses a dois anos, e multa”.(Carlos Graieb - Crusoé).

Em seguida Lula e Janja foram viajar pelo mundo. Eis a manchete do Poder360:

- “Lula gastou R$ 65,9 milhões em 62 dias de viagens ao exterior em 2023”.

É como se o governo tivesse desembolsado R$ 1 milhão para cada dia fora do Brasil; despesas não incluem os voos da FAB.

Eis alguns destaques do batalhão de bajuladores que acompanhou o “casal real” nessa gastança:

- Um total de 254 civis receberam diárias do Itamaraty durante as viagens presidenciais ao exterior.

- Os dados do Portal da Transparência mostram quais funcionários públicos tiveram mais recursos. O ministério direcionou R$ 98.870 ao fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert, por exemplo. Ele acompanha o petista nas viagens e fica em 2º lugar no ranking de quem mais recebeu diárias. Eis o top 5:

- Wagner Caetano Alves de Oliveira, secretário de Relações Político-Sociais da Presidência – R$ 105 mil;
- Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial – R$ 98.870;
- Pedro Magalhães Roncisvalle, diretor de Segurança Imediata do presidente – R$ 97.003;
- Claudio Adão dos Santos Souza, diretor do Departamento de Distribuição Audiovisual – R$ 92.279;
- Taynara Pretto Tenório da Cunha, assessora do Gabinete Pessoal do presidente da República – R$ 92.279.

Em relação aos militares, 234 receberam diárias do Itamaraty. Nos dados compilados sobre os integrantes do exército, R$ 290 mil não são atribuídos a nenhum país em específico. 

Em nota enviada ao Poder360, a assessoria de imprensa do presidente disse que as “viagens presidenciais são um importante instrumento para o fortalecimento de relações entre países e para a promoção de negócios”.

E alguém acredita nessa conversa?

Lula e Janja passearam e gastaram 65 milhões dos miseráveis pagadores de impostos do Brasil e a imagem do país em nada mudou. Nem ele, nem ela, muito menos o Brasil, ganharam qualquer destaque lá fora, como a imprensa passadora de pano quer fazer crer aos brasileiros, assim como a gabolice dos assessores de imprensa do palácio do planalto.

Quando discursou na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em 19 de setembro de 2023, foi praticamente ignorado pelos principais veículos jornalísticos nos EUA e na Europa.

Voltando ao Brasil neste ano de 2024, o semi-analfabeto provocou mais prejuízos ao país:

- “A inapropriada ingerência de Lula fez a Petrobras perder, em apenas um dia, 56 bilhões de reais em valor de mercado em razão da queda de 10% do valor de suas ações na bolsa de valores. “A Petrobras faz política social ao pagar impostos e royalties e ao gerar empregos e investimentos”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura “Agora, o governo quer voltar ao passado com uma política que nunca deu certo.” (Revista Veja).

A pergunta que se faz é: por que artistas, economistas, sociólogos, políticos, movimentos sociais, ministros do STF, apresentadores, influenciadores, professores, religiosos, trabalharam abertamente para empurrar goela abaixo dos brasileiros esse ser que apenas causa prejuízos à nação? Por quê?

Eis a manchete do Site O Antagonista em 20 de março de 2024:

- “Lula arruinou imagem do Brasil no exterior, avalia mercado”.
- “Petista piorou a imagem do Brasil no exterior para 45% dos ouvidos em nova pesquisa da Genial/Quaest.

As frequentes viagens e falas polêmicas de Lula pelo mundo afora pioraram a percepção dos estrangeiros sobre o Brasil. Essa, pelo menos, é a opinião da maior parte dos 101 gestores, economistas, traders e “outros”, de 84 fundos de investimentos sediados em São Paulo e Rio de Janeiro, ouvidos pela Genial/Quaest entre os dias 14 e 15 de março deste ano”.

Prejuízos e crimes foi o que Lula trouxe de volta ao Brasil desde que assumiu. O ser corrupto que nos dois primeiros mandatos e na gestão Dilma, criou com seus asseclas o esquema conhecido como petrolão e mensalão e que custou aos cofres da Petrobras, segundo investigação da Polícia Federal, prejuízos estimados em 43 bilhões de reais, agora ataca como uma ferida braba novamente os cofres públicos.

E nenhuma autoridade, estranhamente, o acusa de qualquer crime ou prejuízos, mas, assim como os jornalistas, usam palavras amenas como “sugeriu”, “se expressou mal”, “ingênuo”, “desinformado”, quando se referem ao charlatão do planalto.

Os seguidores e apoiadores se fazem de cegos, porque também estão se aproveitando das sobras, correm para as redes sociais e blogs para defender o “chefe” e afirmar que tudo isso é inveja, ódio, discriminação, como se o assalto aos cofres públicos não prejudicasse a nação e aos mais pobres.

Disse o comentarista de TV, Roberto Motta, que no Brasil o dirigente eleito “toma posse”, enquanto em outros países democráticos ele “jura defender a nação para o qual foi eleito”.

Finalizo com as palavras de Grete de Francesco, escritora alemã que discorreu sobre o “charlatanismo” em seu livro traduzido para o inglês (The Power of the Charlatan).

- “O charlatão adquire o seu grande poder abrindo simplesmente uma possibilidade para os homens acreditarem naquilo em que já acreditam... Os crédulos não conseguem se manter distantes, eles se aglomeram em torno do milagreiro, entram na sua aura pessoal, entregam-se à ilusão solenemente, como gado”.
Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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