Ex-mulher de Marcelo Freixo desmascara o machismo dos ‘esquerdo-machos’

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Uma carta divulgada no Instagram de Priscilla Soares, ex-companheira do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), do Rio de Janeiro, revela uma face obscura no atuante parlamentar e nos seus companheiros de partido.

Vale lembrar que Freixo disputou o 2º turno da eleição para a prefeitura carioca, tendo sido derrotado pelo bispo Crivella.

Priscilla em sua carta relata um perverso paradoxo político no sentido de que “sem feminismo não há ‘esquerda’ e sem ‘esquerda’ não há feminismo” e acusa o deputado e seus companheiros de 'calúnia'.

Leia o texto na íntegra:

O medo

O medo pode levar à resistência, e muitas vezes à luta.

Senti-me acuada por um período longo desde o término do meu relacionamento de 2 anos e meio com o deputado @marcelofreixo , passei a ser caluniada, supostamente, por ele e seus companheiros de partido, o clã dos esquerdo-machos. Um perverso paradoxo político, no sentido de que sem feminismo não há “esquerda” e sem “esquerda” não há feminismo.

Passei anos me dedicando a uma relação de exposição, de julgamentos, e ao fim recebi o título de infiel. Sim, caras amigas, ele determinou como justificativa para o fim do relacionamento traições minhas. Tendo em vista o tamanho da dominação a mim direcionada na hierarquia de um casal hetero, ainda sim, ganhei o carimbo de algoz para que ele fosse a vítima.

Ademais sua filha e ex esposa articularam a fama de mulher louca e depressiva na região onde moram. Já discurso mais machista que qualificar uma mulher como louca? Era uma Cidade pequena. Onde tudo circula com rapidez. E logo chegaram aos ouvidos de amigos dos meus pais.

Não houve qualquer cuidado em relação a minha vida, a nossa história, ou ao que por dois anos e meio e duas campanhas me dediquei.

Precisava dizer tudo isso, pois o silêncio pode ser opressor. É violento.

Tenho me afastado desse cenário de falsas relações e afetos desde então, mas continuo sendo associada ao então deputado Freixo. Sou “A ex mulher” entre tantas.

Nunca fui mulher de ninguém, nem carne de açougue para ter moscas rondando (como ele gostava de falar em tom jocoso), eu sempre fui Priscilla.

Estudante de doutorado, cirurgiã-dentista, militante de muitas bandeiras desde muito jovem. De esquerda. De escola pública. De universidades públicas. Atuando em serviço público.

A minha história é de luta todos os dias no cotidiano de trabalho. Seja num plantão na upa ou atendimento na favela.

Aos jovens que ficam sob a lente de outros, busquem vcs mesmos como nossa sociedade se organiza, como é atroz em seu nível de desigualdade e miséria estrutural. Não sejam massa de manobra.

Amanhã é dia de rua. Por todos nós brasileiros e brasileiras.

E a nós, mulheres, sororidade. Luta. Resistência. Denúncia. Vida.

da Redação

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