Que é isso, prefeito? Como fica o povo que precisa transitar pela Avenida Brasil?

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O maior legado que Eduardo Paes nos deixou em seu governo anterior foi o Centro da Cidade. Ele conseguiu transformar o local de maior circulação de pessoas e de dinheiro do Rio num verdadeiro cemitério. Esse prefeito matou o Centro do Rio.

É claro que o seu projeto de revitalização da Zona Portuária trouxe grandes benefícios: temos uma enorme roda gigante com a fantástica circulação de meia-dúzia de pessoas diariamente e que serve como tema de cartão postal do Rio – e temos o AquaRio, visitado diariamente por outra meia-dúzia de alunos e turistas.

Parece que a política de fechar as vias públicas de acesso aos veículos não deu muito certo. O centro financeiro do Rio acabou. Aquelas corriqueiras trombadas de ombro entre os transeuntes nas calçadas de tanta gente circulando, cedeu espaço a um pedestre aqui e outro ali, lojas e restaurantes fechados – e quadrilhas de assaltantes, gatunos e cracudos.

O pior foi o efeito cascata desse cenário lamentável. Com o fechamento do comércio e de empresas o desemprego foi bem sentido pelos trabalhadores fluminenses. Os fornecedores dessas empresas também foram abatidos e toda uma cadeia de consumo e produção de bens foi atingida.

Enfim, o tempo passou e o centro financeiro do Rio foi pulverizado por toda a cidade. A Zona Oeste é a região que mais vem crescendo e, na mesma proporção, cresce a população daquela área.

Porém...

Não bastou o prefeito nervosinho matar e enterrar o Centro do Rio de Janeiro – agora ele concentra esforços para acabar de vez com o mínimo da qualidade de vida da família e do trabalhador carioca.

O prefeito transformou a principal via de acesso à cidade – a Avenida Brasil, numa via intransitável.

A Av. Brasil já estava saturada. O trabalhador da Baixada e da Zona Oeste já vinham sendo sacrificados com uma via que não dava vazão à quantidade de veículos. Todos reclamavam, pois os congestionamentos se intensificavam mais e mais – ou seja, já estava caótico.

Mas parece que o prefeito não sabia disso ou, se sabia, pouco se importou com o carioca. A criatura é capaz de pagar 10 milhões pela realização de um show da Madonna, mas é incapaz de investir em obras de infraestrutura para implantar o sistema de BRT na Av. Brasil, decentemente – um sistema independente, criando mais uma via de acesso e desafogando a via. Ao contrário do que se espera de um prefeito que pense pelo povo, Eduardo Paes simplesmente determinou que uma das três pistas de rolamento dedicadas aos veículos comuns, na via central, seria pista exclusiva para o BRT.

Deu pra entender a loucura? Aquilo que já estava caótico em três pistas de rolamento, seria comprimido em duas. De outro lado, por um simples passe de mágica, o prefeito nervosinho teria implantado o sistema BRT na Av. Brasil, sem gastar quase nada!

Depois me digam se essa criatura não enlouqueceu. Além de milhões de multas com a Av. Brasil monitorada por dezenas ou centenas de radares, até as viaturas policiais foram proibidas de transitarem pela faixa exclusiva (mas o bandido pode).

Viralizou pelas redes sociais a convocação de Rommel Cardozo para a audiência pública que seria realizada na Câmara de Vereadores na data de hoje, com o prefeito devidamente convidado.

“O que os cariocas passaram na última semana foi inaceitável. Queremos saber se a Prefeitura elaborou um estudo de impacto antes de botar o BRT Transbrasil para funcionar. Não somos contra sua implantação, mas precisamos pensar nos passageiros dos ônibus de linha e nas pessoas que usam o transporte por aplicativo. Não foi só a Avenida Brasil que parou, foram vias importantes da cidade. Temos que encontrar soluções, e nada melhor do que uma audiência pública para isso”, explicou o vereador Felipe Michel (PP).

Mas o prefeito não compareceu.

Se antes a Prefeitura foi convidada, agora ela será convocada e será obrigada a comparecer. A nova audiência pública a realizar-se no Palácio Pedro Ernesto será no dia 16, próxima terça-feira.

Alô prefeito! Será mais uma semana de caos! Se a intenção era bancar de bom gestor implementando o sistema do BRT na Av. Brasil, o tiro saiu pela culatra. Sem gastar um bom dinheiro, não dá, prefeito. Esse show midiático vai ter que esperar. Se insistir nessa ideia vai ser tiro no pé.

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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