Ainda sobre Elon Musk e as redes sociais: Os autoritários vão perder

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A classe jornalística brasileira é uma graça. Ela nada aprende e nada esquece. Observe-a juntamente com a classe acadêmica e compreenderá de vez o real – e mais urgente – problema brasileiro: a burrice presunçosa, fruto daquela incultura típica da nossa intelligentsia.

Li um texto publicado no Jornal da USP escrito pelo jornalista Sérgio Quintanilha a respeito da querela Elon Musk vs Alexandre de Moraes. Tais linhas exemplificam de forma inequívoca o supracitado diagnóstico.

O sr. Quintanilha diz que o X de Elon Musk ‘’endossa a narrativa da extrema direita no Brasil’’. E qual seria? Ele não diz explicitamente, mas dá uma ideia ao falar das críticas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes. 

Pois bem, que raios de extrema direita é essa que tem Glenn Greenwald como porta-voz do autoritarismo togado? 

Até mesmo jornais da grande mídia como Folha de S. Paulo e Estadão – notadamente alinhados ao progressismo esquerdista – publicaram editoriais contra os abusos e arbítrios do ministro Moraes. Aliás, o Estadão foi autor daquela matéria vergonhosa do ‘’gabinete do ódio’’ que serviu de base para a criação da CPMI das Fake News e dos inquéritos persecutórios ao pensamento direitista. Apontar as ações ilegais dos supremos iluminíssimos não é uma carteirinha de filiação ao direitismo.

Outro ponto merecedor de maiores considerações é a citação do papel das Big Techs nas vitórias eleitorais de Donald Trump e Jair Bolsonaro, dando a sensação de favorecimento ao campo político direitista. 

O que o sr. Quintanilha não diz – por motivos óbvios – é que as redes censuram indivíduos e conteúdos conservadores há bastante tempo. Exemplos existem aos montes, mas cito alguns bastante simbólicos:

(I) a diminuição no alcance das publicações da página pró-vida Live Action feita pelo Facebook.
(II) a remoção da matéria feita pelo New York Post acerca de suposta corrupção envolvendo negócios no exterior do filho de Joe Biden – hoje presidente dos Estados Unidos – feita pelo Facebook e pelo Twitter.
(III) a exclusão sem motivo razoável da página do MBL no Facebook feita pela própria rede social. 

Detalhe importante: o segundo caso envolveu um candidato presidencial esquerdista em plena campanha eleitoral. O Twitter entendeu que as informações contidas numa matéria jornalística não eram de interesse do eleitorado americano, tampouco merecedoras de crédito. Quanto direitismo dessas redes, não?

Caso o leitor não se recorde, o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, foi colocado contra a parede pelo senador Ted Cruz (R-TX) acerca da censura politicamente motivada feita pela rede social. Isso aconteceu em 2018. Sem responder a nenhum dos questionamentos e casos citados pelo político republicano de ações que violam a liberdade de expressão de quem se identifica como conservador ou simpatizante do ex-presidente Trump, restou a Zuckerberg o refúgio predileto dos cínicos: sair pela tangente. Tagarelou e não disse nada. É sintomático.

Como disse anteriormente, nenhum desses fatos foi citado no texto do sr. Quintanilha. Bom esquerdista que é, ele só fala o que lhe é conveniente. Ou talvez nem conheça tais fatos, pois a incultura da classe jornalística é tamanha que a desonestidade nem sempre é intencional. Trata-se de ignorância genuína.

Para justificar as ações do sr. Musk, ele utiliza a motivação pecuniária como explicação mágica. É um modus operandi típico dos marxistas, pois eles enxergam as relações humanas apenas pela óptica econômica. 

Não surpreende em medida alguma, pois a nossa classe falante é quase inteiramente marxista – o marxismo é o ópio dos intelectuais, já dizia Raymond Aron.

Não sei quais as verdadeiras intenções do bilionário sul-africano, tampouco tenho condições para tal, mas ainda que ele tome partido pela liberdade de expressão por dinheiro, isso não invalida tal bandeira em hipótese alguma. Assim como censurar e calar vozes divergentes ‘’em nome da democracia’’ não é correto ou justificável apenas por um fim supostamente benéfico.

Uma parte do texto é reveladora da hipocrisia esquerdista. É apontada uma suposta incoerência de Musk por ele não falar nada acerca da liberdade de expressão na China – o X não funciona por lá. É engraçado. A esquerda sempre fez troça das denúncias de violações aos direitos humanos e à liberdade política e de opinião pelo regime comunista chinês. Aqui no Brasil, o ex-chanceler Ernesto Araújo foi demitido do cargo por pressão do establishment político após declarações sobre a ditadura chinesa. Cobrar algo que a esquerda nunca fez de outra pessoa que defende a liberdade de expressão é o suprassumo da desonestidade intelectual. E como a esquerda é a expressão pronta e acabada do engodo, não há surpresa alguma nisso.

Toda a revolta do sr. Quintanilha consiste apenas em um fato: Alexandre de Moraes comprou uma briga que ele perderá de qualquer maneira. Ao chamar para si a atenção internacional, o supremo togado ensejou iniciativas no Congresso americano que farão o mundo conhecer as insanidades totalitárias ocorridas no Brasil. A era da censura terá fim. Para desespero da esquerda, que é incapaz de vencer seus adversários no embate intelectual e por isso necessita falar sozinha e eliminar as vozes contrárias para triunfar de alguma maneira.

Qualquer forma de censura é um erro crasso de quem a promove, bem como a perseguição política. A história ensina de maneira professoral. Já falei do tema em artigo para o Instituto Liberal ao recordar a Guerra Civil Espanhola e o destino dos socialistas espanhóis – que perseguiram seus opositores e a Igreja Católica no período denominado como Terror Rojo e terminaram nas mãos do carniceiro general Franco. Não desejo nada de parecido aos verdadeiros inimigos da democracia e da liberdade de expressão, mas de uma coisa eles podem ter certeza: os autoritários sempre perdem. E vão perder sempre.

Foto de Carlos Júnior

Carlos Júnior

Jornalista

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