Mais um “projeto ousado” do prefeito nervosinho: praças flutuantes

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O Prefeito Nervosinho da Cidade do Rio de Janeiro não se deu por satisfeito em acabar com o Centro da Cidade – hoje, um bairro quase fantasma com milhares de lojas fechadas e calçadas desertas ou ocupadas por bandidos. Na época das obras ele disse que era um “projeto ousado”, que pretendia tirar os carros das ruas, fechando as vias e implementando calçadas, por onde passaria o VLT (veículo leve sobre trilho).

Ele foi fundo. Gastou bilhões e ainda criou o Porto Maravilha – lindo – mas para inglês ver, porque o carioca mesmo só lamenta o túmulo que virou o Centro da Cidade. O que era o centro empresarial, dos negócios e da economia da Capital, foi pulverizado pelos outros bairros, congestionando ainda mais o trânsito – agora de forma generalizada.

Essas ideias geniais em ano de eleição é a especialidade do Eduardo Paes. Na corrida eleitoral, Paes vai vender o peixe de que implementou a BRT na Avenida Brasil – e implementou mesmo – infernizando de vez a vida do carioca.

A via de entrada para a cidade, por onde chegam os caminhões e ônibus dos outros Estados e por onde passam os trabalhadores a caminho do trabalho, que já estava congestionada, virou um caos. O prefeito reduziu de três para duas as pistas de rolamento destinadas ao trânsito dos automóveis. Em uma das pistas comuns e mais a antiga pista exclusiva, ele espremeu o BRT.

Sem gastar quase nada o prefeito acreditou num milagre que contrariasse a lei da física de que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Esse prefeito é ou não é um gênio?

Por outro lado, ele se deu conta de que já faz parte da cultura carioca a realização de obras faraônicas, que custam bilhões, mas que não servem para nada – e acabam como as pirâmides do Egito, gigantes e em ruínas. A Vila do Pan e a Vila Olímpica estão aí para quem quiser constatar que não é mentira tal desiderato. A Cidade das Artes, que custou aos cofres públicos a bagatela de R$ 518 bilhões (isso em 2013, pois corrigido atualmente ultrapassa um bilhão), está lá – um elefante branco sem qualquer utilidade.

Pois bem, agora Eduardo Paes está se superando! Não basta aquela roda gigante no pé da Ponte Rio-Niterói, perdida no meio do nada. Nesse fim de semana o prefeito lançou em suas redes sociais mais um “projeto ousado” (quando ele fala assim o carioca já tem treme, é o trauma): a prefeitura planeja construir um parque flutuante na zona portuária da cidade. Isso mesmo: um parque flutuante!

Disse que vai construir um novo píer para os navios de cruzeiro, além de áreas verdes, ciclovias, praças e espaços de esporte e lazer. De bobo ele não tem nada, pois pretende licitar e iniciar as obras até o fim desse ano, ou seja, se perder as eleições é indiferente, pois já está licitado e a obrigação de pagar será a herança do próximo prefeito da Cidade Maravilhosa. Repito a pergunta: esse prefeito é ou não é um gênio?

E assim esse grupo que domina a cidade do Rio há mais de 18 anos se mantém mamando nas tetas do erário público.

Mas o prefeito Nervosinho não foi tão esperto assim. Mais caro que criar um parque flutuante seria aterrar a Baia da Guanabara. Seriam licitações bem mais onerosas, todo o grupo ficaria feliz com isso e, de quebra, o prefeito resolveria o problema da poluição da Baia.

Quem sabe se esse não será o “projeto ousado” do próximo mandato, caso seja reeleito?

Foto de Carlos Fernando Maggiolo

Carlos Fernando Maggiolo

Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ. 

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