A pegada ecológica da digitalização: a IA, as criptomoedas e outras inovações são sustentáveis?

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Vivemos num mundo cada vez mais digital. Mantemo-nos em contacto com outras pessoas através de serviços de mensagens e redes sociais, transmitimos filmes, armazenamos fotografias na nuvem, apostamos em crypto cassinos e encomendamos produtos pela internet. Praticamente toda a informação é acessada online, partilhada com um clique ou duplicada.

Não é apenas a sociedade que está mudando; a economia também está passando por grandes transformações devido a esses avanços. Nas empresas, muitos processos foram transferidos para ferramentas digitais que facilitam o trabalho, assumem tarefas de controle e, graças à IA, até ajudam na criação de novos conteúdos e ideias.

Consequentemente, tanto o consumo de eletricidade quanto o volume de tráfego global estão aumentando significativamente. Além disso, essas atividades geram gases de efeito estufa adicionais, que contribuem para o aquecimento global. No entanto, as tecnologias digitais também podem ajudar na proteção do clima se forem usadas de maneira inteligente.

Quais são, então, as consequências ecológicas efetivas da digitalização?

A produção de energia necessária é uma questão importante, mas a necessidade de novo hardware, a eliminação de resíduos eletrônicos, o crescente comércio online e o uso contínuo das redes de comunicação também contribuem para a poluição ambiental. Vamos analisar mais de perto esses aspectos para entender por que a pegada ecológica da digitalização não parece favorável à primeira vista.

De acordo com estudos, a demanda global por eletricidade cresceu cerca de 9% ao ano desde o início da era digital, pois todos os sistemas de servidores, centros de dados, conexões de dados e dispositivos tecnológicos funcionam 24 horas por dia.

Essa eletricidade ainda é, em grande parte, produzida a partir de combustíveis fósseis, resultando em maior consumo de recursos e emissões de CO₂ associadas. Mesmo os sistemas de energia verde requerem construção e instalação, que também deixam suas marcas. Estima-se que cerca de 4% dos gases de efeito estufa sejam atribuídos à digitalização. Sistemas como o mercado de criptomoedas, que se baseiam na tecnologia blockchain, são particularmente intensivos em energia.

Aumento significativo da produção de dispositivos

A produção de smartphones, telas, sistemas de controle inteligentes e outros hardwares requer matérias-primas valiosas, cuja extração frequentemente impacta negativamente o meio ambiente. As novas instalações de produção também consomem muita energia.

Outra questão é a eliminação de dispositivos antigos, que impacta o clima. Componentes não se decompõem naturalmente, poluindo o solo e as águas subterrâneas.

A explosão do acesso ininterrupto a meios de comunicação móveis e plataformas de streaming exige a expansão das redes para atender à demanda. Novas conexões de fibra ótica e redes móveis com a norma 5G aumentam a demanda por energia e matérias-primas, além de aumentar a exposição à radiação devido ao maior número de antenas de transmissão.

Cada busca no Google e cada mensagem no WhatsApp gera emissões de CO₂. Com a frequência de uso e carregamento dos smartphones, é fácil imaginar o impacto. No entanto, o volume de tráfego de dados na indústria, comércio e setor de serviços é ainda mais significativo.

Aumento do volume de tráfego e novas formas de mobilidade

O comércio online gera um aumento no transporte de mercadorias, que resulta em emissões, especialmente devido às frequentes devoluções. A gestão inteligente do tráfego, para evitar congestionamentos, consome energia adicional. Projetos que promovem condução autônoma, nas cidades inteligentes, utilizam IA, tecnologia de sensores e alta conectividade, sendo também consumidores de energia.

Tecnologias modernas, sistemas computacionais eficientes e aplicações práticas não só facilitam muitas coisas e simplificam o trabalho em rede, como aumentam nossa segurança. Não queremos nem podemos prescindir dessas oportunidades digitais. Contudo, a questão da sustentabilidade está se tornando cada vez mais importante. Somente com medidas rigorosas podemos mitigar a crise climática a longo prazo e criar um ambiente digno para as futuras gerações.

Por mais que a digitalização contribua para a poluição ambiental, também promove a sustentabilidade, desempenhando um papel fundamental na coleta, análise e processamento de informações valiosas.

Tecnologia inovadora para processos mais eficientes

Sistemas inteligentes conectados permitem agrupar energia, materiais e pessoal de forma otimizada, especialmente na produção e na indústria. Máquinas podem ser controladas conforme a demanda e, graças à tecnologia de construção inteligente, sistemas de aquecimento e iluminação podem ser ajustados de forma ideal.

Isso evita a sobreprodução, minimiza o desperdício de energia e poupa recursos naturais, reduzindo a quantidade de mercadorias transportadas e as emissões. A tecnologia blockchain otimiza os volumes de carga e muito se investe em e-mobilidade e mobilidade compartilhada. Programas coordenam melhor os transportes públicos, promovendo soluções futuras.

A digitalização avança tecnologias para aumentar o uso de recursos energéticos verdes, como energia solar, eólica e hidrelétrica, e para gerenciar de forma sustentável a rede elétrica. A mudança para processos puramente digitais economiza grandes quantidades de papel e outros materiais utilizados em escritórios ao redor do mundo. Soluções na nuvem e expedição virtual eliminam muitas rotas de transporte analógicas. Requisitos de espaço também são menores, dispensando o armazenamento de dados físicos.

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