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Vaquinhas online, quem merece?

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Foi organizada uma vaquinha para cobrir o custo da retirada da tatuagem feita na testa de um garoto de 17 anos, que tentou roubar uma bicicleta para comprar drogas.

Muito justo. Com aquilo na testa vai ser difícil que ele encontre um emprego - a não ser no Instituto Lula.

Mas depois de olhar para aquela imagem horrível, será que ninguém pensou em fazer também uma vaquinha para pagar uma escola de caligrafia para o tatuador?

Outra vaquinha que precisa ser iniciada já é a do aluguel de jatinhos para caravanas petistas, a fim de que os militantes não sejam obrigados a conviver, em aviões de carreira, com jornalistas de esquerda.

Se passaram aquele sufoco com a Míriam Leitão, imagina se o ocupante da poltrona 15 fosse o Fiúza, o Andreazza, o Jabor, o Nelson Motta, o Marco Antônio Villa...

Vaquinhas precisam ser feitas para comprar uma adaga - ou uma cimitarra, uma katana, uma ginsu, um canivete suíço que seja - para o ministro Napoleão Maia. O gesto dele, de autodegola, usando apenas a mão, foi enternecedor. Um objeto cortante, naquele momento, teria feito toda a diferença - tanto no julgamento quanto no moral dos cidadãos brasileiros.

Já houve vaquinhas para pagar os advogados do guerreiro José Dirceu e para repor os dedos do fogueteiro de Brasília. Mas quem é que está arcando com o condomínio e o IPTU do triplex do Guarujá, com a manutenção dos pedalinhos e da adega do sítio de Atibaia? Nisso ninguém pensa.

Ninguém se comove com o drama dos traficantes paulistanos, que agora têm que pegar duas conduções para atender à clientela, espalhada pela cidade com o bárbaro desmantelamento da Cracolândia. Uma vaquinha que cobrisse pelo menos umas três corridas diárias de Uber para cada um já era um adianto.

Sem esquecer a vaquinha - a bem da verdade, um rebanho bovino inteiro - para ajudar o Wesley a pagar seu acordo de leniência.

Se é para ser solidários com as vítimas da sociedade, vamos ser solidários direito.

Eduardo Affonso

Foto de Eduardo Affonso

Eduardo Affonso

É arquiteto no Rio de Janeiro.

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