Pesquisas eleitorais, para que este nariz tão grande?

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O que margeia as pesquisas eleitorais todos nós sabemos... dinheiro, poder, dinheiro, poder! De todo lado se ganha, exceto dois: a sociedade e o povo. E não há nenhum movimento sério no Congresso Nacional para minimizar os danos causados por estas pesquisas. No máximo uma lacração, que no meu entender, é só para fazer cena, mesmo porque, as regras de eleição são cheias de pegadinhas que os beneficiam. Na última legislatura, apenas 6% dos parlamentares foram eleitos diretamente pelos votos que recebeu. O restante é eleito por armadilhas tipo quociente eleitoral, voto de legenda, campeões de votos que puxam correligionários, e por aí vai.  

Das pesquisas eleitorais, que nós assistimos nas eleições de 2022, foi um acinte à inteligência dos brasileiros. Uma aberração! Chegou-se a discutir no Congresso o que poderia ser feito para impedir tamanha manipulação, mentiras e escárnio com o povo. Mas, como sempre, nada foi feito! E é tudo oficial, deslavadamente, oficial!

Não se vê uma medida para que os tais institutos de pesquisas se responsabilizem por tais manobras. O dinheiro fala mais alto, sempre, pois uma pesquisa não é barata, e deve ter uma lucratividade altíssima. Os números que apresentam mudam conforme os interesses dos contratantes, dos políticos e do sistema.

Sem necessidade de entrar no mesmo perfil dos institutos espalhados pelo mundo, que também manobram a vontade popular em outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo, vamos ficar aqui no nosso quintal.

Belo Horizonte é uma das capitais atingidas em cheio pelas manobras das pesquisas. Não são nem um pouco confiáveis. Baseado nos números que apresentam, a grosso modo, vamos observar que as pesquisas não se sustentam. Em primeiro lugar, devemos entender que a imprensa, muitas delas contratantes deste “serviço”, se alimenta deste material para criar suas pautas e narrativas, e também para vender, enchendo suas páginas e comentaristas de engodos.

Senão, vejamos:

Podemos aferir que maquiavelicamente, os institutos passam todo o período eleitoral apresentando números que lhes convém, ou a seus contratantes, para, então, só no final dar aquela maquiada que tende a se aproximar da realidade.

Podemos ver isso no tal Datafolha no 1º turno, quando em apenas 14 dias (da penúltima pesquisa até a última), o candidato Mauro Tramonte, que liderou as pesquisas, folgadamente, nos 30 dias anteriores à penúltima pesquisa (o que nos sugere ser o candidato preferido do sistema), caiu nada mais, nada menos, do que 7%, batendo em 21% dos 28% que detinha. Uma queda de 25% nas intenções de voto, mas chegando nas urnas com apenas 15,22%. Bruno Engler e Fuad Noman também chegaram com o mesmo percentual. No final das contas, erraram feio (Engler alcançou 34,38% e Fuad, 26,54%)! Coerência ZERO!

Chegamos ao 2º turno com Engler e Fuad no pleito final. Já na primeira pesquisa divulgada pelo mesmo Datafolha, apenas 4 dias após a apuração do 1º turno, Fuad (que agora é o preferido do sistema) bate em 48% das intenções de voto, ou seja, aumentou 21,46% dos votos ganhos no primeiro turno. Isso representa aproximadamente a 272.000 votos, o que lhe daria 608.000 votos num universo de 1.267.000 votos válidos (apurado no 1º turno).

Com isso, podemos determinar que, teoricamente, a soma dos votos dos derrotados no primeiro turno, apenas do espectro da esquerda, chegamos ao número de 156.000 votos, portanto, Fuad arrebataria 100% dos votos da esquerda (PDT, PT, PSTU, PCO e UP) e ainda captaria 116.000 votos dos 340.000 obtidos pela direita (Republicanos, Podemos e MDB) que representa 34,11%. Tudo bem que o contingente de votos daqueles conhecidos como Centrão estão em peso maior na direita, mas podem pender para qualquer lado como é comum desta ala política.

Ainda segundo os números do Datafolha, a Bruno Engler caberia aumento de apenas 6,62% dos seus próprios votos, algo em torno de 29.000 votos. Ou imaginar que Engler teria apenas 22.470 votos dos quase 340 mil dos derrotados da direita, é impensável.

Resumo da ópera, segundo o Datafolha, Fuad recebe 100% dos votos da esquerda e ainda morde 34,11% dos votos da direita que ficou pra trás. Já Bruno Engler que se contente com 6,62% dos votos da direita derrotada.

Nessa contabilidade toda, ainda poderíamos suspeitar do alto índice de rejeição que o Datafolha aplica a Bruno Engler, e colocar na conta os 136.000 votos nulos e brancos apurados no 1º turno, que podem aumentar ou diminuir (não temos parâmetro para essa avaliação).

E para finalizar, um dia depois, outro instituto de pesquisas, o Paraná, divulgou números destoantes aos apresentados pelo Datafolha. Datafolha - 41% e 48% e Paraná - 45% e 44,3%, respectivamente, para Engler e Fuad.      

Mas não se preocupem, na reta final, haverá um ajuste nos números reais nas pesquisas, e já faturaram alto nesse meio tempo.

Enquanto isso, o Congresso fica calado, e os institutos de pesquisas se proliferam Brasil afora.

Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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