A normalização da idiotice

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“Os revolucionários acreditam que nenhum tributo precisa ser prestado ao passado, aos gênios que nos antecederam, que ajudaram a criar aquilo que chamamos cultura. Podem fazer ‘tábula rasa’ da civilização e começar do zero. Lênin, ícone desse senso de destruição, chegou a se negar os prazeres de escutar Beethoven porque isso o reconciliava com o mundo, uma fraqueza terrível em alguém que desejava bater com força no mundo todo, que acreditava no poder liberador da violência”. (Nossa cultura... ou o que restou dela: 26 ensaios sobre a degradação dos valores /Theodore Dalrymple).

Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), coordenado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, em parceria com Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef, o Brasil possui 29% de analfabetos funcionais.

Sim, acredite, 29% da população de 15 a 64 anos é constituída por analfabetos funcionais.  Isto significa que essas pessoas são incapazes de interpretar um texto, mesmo sabendo ler e escrever. São incapazes de pequenos raciocínios matemáticos. Seu entendimento é limitado. Você pode contestar e se perguntar: sabem ler, sabem escrever, mas não conseguem interpretar o que leem, não conseguem resolver pequenas contas?

Isso mesmo! Essa é a verdade. Esse é o resultado da educação porca que é ofertada aos brasileiros pelos governos de esquerda desde a redemocratização.

Os dados dessa pesquisa foram realizados entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, o levantamento mostra ainda que entre os jovens de 15 a 29 anos o analfabetismo funcional piorou: era 14% em 2018 e subiu para 16% na leitura mais recente.

Estamos nivelando a idiotice. Estamos, em todas as áreas do conhecimento, apenas arranhando o saber. Estamos nos acostumando com a miséria em nossa porta, com a corrupção, a falta de saneamento básico e a brutalidade urbana, cada dia mais ameaçadora. A ignorância é a bandeira do governo atual.

Um semi-analfabeto nos dirige. Um grupo de esquerdistas que já assaltaram o país comanda a nação.  Uma confraria de advogados supremos todos coligados ao governo dita as leis, eles são a nova Constituição. Deputados e Senadores eleitos pelo povo e para defender o povo, protegem apenas seus bolsos. Juízes e desembargadores de todos os tipos são os novos ricos da nação. Todos se locupletam com dinheiro público e a nação, estupefata, apenas observa, temerosa, receosa.

“Nós somos os homens ocos/Os homens empalhados/ Uns nos outros amparados/ O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas, / Quando juntos sussurramos, / São quietas e inexpressas/ Como o vento na relva seca/ Ou pés de ratos sobre cacos/ Em nossa adega evaporada / Forma sem forma, sombra sem cor/ Força paralisada, gesto sem vigor;
Aqueles que atravessaram/ De olhos retos, para o outro reino da morte/ Nos recordam – se o fazem – não como violentas/ Almas danadas, mas apenas/ Como os homens ocos/ Os homens empalhados”. (T. S. Eliot - Os homens Ocos).

Somos homens ocos fabricados em série.

“Doutores”, diz o governo, orgulhoso. Um pedaço de papel timbrado identifica cada um dos “privilegiados”. Um pé de meia para cada um. E um “viva” para os programas assistenciais. E um “morra” na ignorância para aos cidadãos que nunca foram alfabetizados corretamente.

O tamanho da tragédia é expressa em números: segundo a OCDE, o Brasil gasta US$ 14.735 por aluno no ensino superior, valor similar ao de países como Alemanha e França. 

E esse mesmo Brasil, que não consegue alfabetizar a base, gasta US$ 3.583 por estudante no ensino fundamental – um terço da média internacional. Isto é, dá um chute nos fundilhos da moçada que está iniciando, condenando-a a vagar e crescer sem conhecimento.

Mas o governo insiste em sua propaganda que é maravilhoso: segurança pública, transporte urbano moderno, estradas magníficas, trens velozes, educação eficiente, indústria florescente, construção civil aquecida, emprego, excelentes hospitais... Neste país de faz de conta os comunas, os jornalistas chapa-branca, os petistas, sindicalistas, artistas, todos trabalham arduamente para enganar a nação incapaz de fazer uma reflexão decente sobre sua própria vida.

Investe-se na parte de cima (Universidade) sem formar uma base. Joga-se dinheiro fora incrementando a parte de cima, sem o apoio necessário da parte de baixo. Isto significa que o aluno vai para Universidade gratuita sem possuir o mínimo necessário, aprende rudimentos de escrita e de leitura, mas nada interpreta, seu raciocínio é quase nulo. Ele é violentado e não sabe. É excluído e pensa que é incluído. Ao final vai para informalidade e para o subemprego.

Estamos normalizando a idiotice. 

Agora chega-se ao cúmulo de roubar aposentados que ganham o mínimo.  Escândalo de 6 bilhões da Previdência. Roubo institucionalizado, decolando rumo a 90 bilhões. O ministro é o mesmo que saqueou os cofres públicos e foi demitido em 2011.

O presidente semi-analfabeto cheio de empáfia partiu rumo a Rússia do ditador Putin. Foi juntar-se a outros ditadores para alegremente celebrarem, não o dia da vitória, mas a invasão da Ucrânia. Todos esses líderes autoritários não possuem um mínimo de vergonha ou discernimento em bater palmas para um país que invadiu o outro. Narendra Modi, da Índia, desistiu de ir ao evento.

Perfilados, juntinhos, os ditadores Putin, Xi Jinping da China, o ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, Nicolás Maduro da Venezuela, o ditador da Belarus, Alexander Lukashenko, o ditador do Azerbaijão, Ilham Aliyev, Emomali Rahmon (Tadjiquistão), Serdar Berdimuhamedow (Turcomenistão), Shavkat Mirziyoev (Uzbequistão), Sadyr Japarov (Quirguistão), assistirão a parada militar do Dia da Vitória, que ocorre na Praça Vermelha, onde desfilam soldados, caças, tanques e caminhões levando mísseis balísticos.

E o semi-analfabeto Lula, o comunista da Terra dos Papagaios, orgulhoso, no meio de todos eles.

Escândalo? Não.  Nada disso assombra o povo. O fato de um presidente que recebeu votos em uma democracia se juntar a ditadores e bater palmas para outro invasor, parece normal. Estão todos devidamente anestesiados, incapazes de fazer uma reflexão decente. Disse Alexandre Garcia:

“Nossos melhores valores são abafados por legiões de medíocres que promovem a igualdade por baixo. A ideologia do atual governo se resume em manter pobres os pobres, carentes os necessitados, porque só assim pode dominar seus votos. O que estelionatários fizeram com pensionistas e aposentados fragilizados, políticos fazem ao explorar a falta de conhecimento de milhões. Por isso os mantêm assim.
O próprio Lula já confessou publicamente que quem sobe na vida deixa de votar no PT. É preciso, pois, conservar o proletariado para manter o poder. Todo poder, pois, à nomenklatura, graças ao proletariado. Tal como era na União Soviética, cujas glórias bélicas Lula festeja, mais uma vez, nesta semana”.

A quem interessa tudo isso?

E eu finalizo com T. S. Eliot e o final de seu poema “Os Homens Ocos”:

“Assim expira o mundo/ Assim expira o mundo/ Assim expira o mundo
Não com uma explosão, mas com um suspiro”.

Bom final de semana a todos.

Foto de Carlos Sampaio

Carlos Sampaio

Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)