Planeja-se um golpe infame na História da Universidade Federal de Santa Catarina

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Venho a público denunciar uma manobra canalha – certamente urdida pelo que existe de pior no magistério da UFSC, a esquerdalha que o desfigura – que visa alterar o nome do campus da UFSC, ainda hoje ostentando o do honrado e operoso João David Ferreira Lima. Certamente desejam substituí-lo pelo nome de um esquerdopata, sem mérito e sem História, mas um militante medíocre (desculpem o pleonasmo!), destes que hoje abundam no campus, provavelmente oriundo das áreas de “humanas” que, ao invés de ilustrarem as universidades públicas, hoje são o fator maior de sua deterioração acadêmica.

Ferreira Lima foi o idealizador e construtor da Universidade Federal de Santa Catarina. Custeou, de seu próprio bolso, várias de suas viagens a Brasília, visando a federalização da universidade.

Conseguiu o feito sob a condição de criar, simultaneamente, um curso de engenharia, cuja modalidade seria definida por uma outra universidade, em convênio com a UFSC. O convênio foi feito com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que cedeu o seu corpo docente de engenharia e o seu primeiro Diretor, o Professor Ernesto Bruno Cossi.

A UFRGS pesquisou o mercado catarinense e decidiu que o curso imposto pelo MEC seria o de Engenharia Industrial. Nasceu, então, a Escola de Engenharia Industrial. Mais tarde, com a Reforma de 1968, a Escola de Engenharia Industrial foi substituída por vários departamentos de Engenharia.

O convênio com a UFRGS foi extremamente produtivo para as engenharias, que contavam, pelo período mínimo de dois anos, com os melhores professores, quase sempre acompanhados de seus melhores ex-alunos, que os viriam a substituir no futuro. A excelente qualidade dos cursos de engenharia é produto desta construção, cujo mérito original se deve ao trabalho de Ferreira Lima. Óbvio também que esta elevada reputação dos cursos de engenharia influenciou, como bom exemplo, muitos outros cursos da UFSC.

Pois agora, um bando de esquerdopatas quer mudar o nome do campus da UFSC por um outro, provavelmente de outro esquerdopata. Essa gente sequer conhece a História da UFSC! O Conselho Universitário, hoje um reflexo da deterioração da UFSC, já marcou uma reunião para discutir e votar esta pauta safada, anti-histórica e contra o mérito acadêmico. Um reflexo da desgraça e mediocridade que as esquerdas nos tem imposto ao Brasil.

Para concluir, reproduzo um texto que foi publicado no Blog do jornalista Moacir Pereira, em 31 de março de 2014. Este texto serve para negar a versão, falsa e canalha, que sustenta o pedido de mudança de nome do campus da UFSC: a de que Ferreira Lima foi um colaborador da ditadura militar. Nada mais falso e difamante!

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"A Ufsc, o Reitor Ferreira Lima, a ditadura e a Escola de Engenharia
Blog do Moacir Pereira, 31 de março de 2014
O professor e engenheiro José João Espíndola, um dos notáveis do Centro Tecnológico da UFSC e que transformou as engenharias com outras celebridades e homens de valor dedicados ao ensino, a pesquisa e extensão, retoma capítulos da história para relatar episódio envolvendo o reitor João David Ferreira Lima. Vale a pena acompanhar seu relato:
“Nos primórdios da UFSC era diferente. As pessoas assumiam suas responsabilidades de ofício. Hoje imperam as mais despudoradas omissões e subserviências.
O curso de Engenharia Industrial, hoje em dia Engenharia Mecânica, oferecido pela UFSC, através da antiga Escola de Engenharia Industrial, “cellula mater” do Centro Tecnológico de hoje, corria normalmente.
Mediante convênio com a UFRGS, professores catedráticos, devidamente escolhidos, fundavam as várias Cadeiras (esta era a terminologia de então) e as tocavam com seus auxiliares, recém contratados. Estes, não raro, eram antigos alunos dos Catedráticos,- aqueles que melhor se haviam destacado.
A cada ano repetia-se o processo de contratação de novos auxiliares para as novas cadeiras.
Até que eclodiu a Redentora e o presidente de plantão, Castelo Branco, proibiu a contratação de novos servidores, a qualquer título, para o serviço público federal.
Pronto, estava vedada, por Decreto, a continuação do curso de engenharia industrial, modalidade mecânica, já que ficavam proibidas as contratações de novos auxiliares de ensino.
Sem novos auxiliares, não haveria novo ano letivo.
Era o fim da Escola de Engenharia Industrial.
Ou seria o fim, se não tivéssemos, na época, um Ferreira Lima como Reitor.
Ferreira Lima, como poucos hoje sabem, foi o idealizador, criador e consolidador da Universidade Federal de Santa Catarina.
Naquela época, os grandes jornais brasileiros avaliavam, anualmente, os reitores das universidades federais e Ferreira Lima figurou, mais de uma vez, como o melhor e mais produtivo dentre todos.
Pois este Reitor Magnífico (inverto a ordem, aqui, de propósito, para que Magnífico soe mais como adjetivo e não apenas como título honorífico) não se conformou com o decreto presidencial. Afinal, os alunos haviam prestado vestibular, isto é, tinham feito um concurso público e, ao serem aprovados, adquiriram um direito que o Decreto parecia lhes retirar.
Ferreira Lima mandou redigir uma série de considerandos, vazados nos argumentos acima, para concluir que certamente não teria sido intenção do governo sequestrar o direito adquirido pelos alunos.
Concluía os considerandos contratando todos os auxiliares para as novas cadeiras.
Tempos depois o ministro da educação telefonou. Ferreira lima atendeu e o ministro foi logo perguntando: “Como vai o meu Reitor subversivo?”
“Vou bem, obrigado e Vossa Excelência?”
“Pois é, Reitor, levei ao Presidente seus considerandos e a sua Portaria, contratando os auxiliares, em franca desobediência ao Decreto presidencial”.
“Muito bem, Ministro, e daí?”
“Bom, Reitor, o Presidente leu as peças com muita atenção, sorriu e exclamou: É de homens assim que este País precisa”.
O curso de engenharia teve sequência sem mais sobressaltos.
Ontem era assim, mesmo em plena ditadura.
Conto esta breve passagem relativa ao “Homo Faber”, João Davi Ferreira Lima, como uma expressão de saudade da época em que homem se escrevia com agá maiúsculo e significava pessoa com elevado ideal de servir, com discernimento e coragem na defesa do ideal, do interesse público, mesmo que no outro lado estivesse alguém com poderes discricionários para demitir, prender, aniquilar ou até fazer desaparecer”.
Foto de José J. de Espíndola

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC – Agraciado com uma ‘Honorary Session’, por suas contribuições ao campo da Dinâmica, pelo Comité de Dinâmica da ABCM no XII International Symposium DINAME, 2007—Ex-Coordenador de Pós-Graduação das Engenharias III da CAPES/MEC - Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.