Sobre tecnologia e fraude eleitoral: A valiosa colaboração de Flávio Dino

13/06/2025 às 08:54 Ler na área do assinante

Hoje continuo a atravessar o meu Rubicão eleitoral.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou a seguinte fala do político Flávio Dino, após perder as eleições de 2014 para o governo do Maranhão:

‘Hoje fui vítima de um processo [eleitoral!] que precisa ser aprimorado’

Alguém perguntou a Dino:

‘O senhor acredita que houve fraude?’

Resposta de Flávio Dino:

‘Houve várias fraudes’.

Ué, eu sempre ouvira de Alexandre, o Pequeno, Inquisidor Geral da República de Banânia, que o nosso processo eleitoral é perfeito e imune a fraudes! Pensava, com muita boa vontade, que nossa tecnologia eleitoral talvez fosse o único processo tecnológico a prova de erros jamais criado pelo homem.

Estou brincando, claro!

Nem mesmo os sistemas mais avançados de tecnologia criados pelo ‘homo sapiens’ são 100% imunes a falhas. Hoje mesmo recebo a notícia, chocado, de que uma maravilha tecnológica moderna, um avião Boeing 787, estruturado em materiais compósitos, com a mais sofisticada tecnologia embarcada – nossas urnas devem ser algo primitivo, se comparado – acabou de cair na Índia, matando 243 pessoas. Nem tal maravilha tecnológica é imune a falhas, como se vê.

Não existem e jamais existirão sistemas tecnológicos 100% confiáveis: isto é um axioma! A única exceção, segundo o STF, aplica-se às urnas eletrônicas do Brasil. Os membros do STF são, como sabemos, donos de uma sabedoria infinita, inalcançada pelos mais avançados cientistas e engenheiros no mundo.

Note-se que Dino não SUPOS que houve fraude: ele AFIRMOU, categoricamente, que ‘Houve várias fraudes’. Será enquadrado em algum dos inquéritos perpétuos presididos pelo diligente Inquisidor Geral da República de Banânia?

Uma das lendas que o Inquisidor Geral da República e seu serviçais propagam é que nunca houve contestação de resultado de eleições. Isto é absoluta verdade, por uma simples razão: não há como auditar a votação e os resultados, já que todas as informações eletrônicas ficam perdidas após as apurações, longe do escrutínio dos partidos.

Eu lembro como se fosse hoje. Estava próximo do fim a apuração das eleições de 2014 e Aécio Neves estava à frente de Dilma Rousseff, o exemplar único, no mundo, da espécie “mulher sapiens”. De repente, um apagão na apuração. Ouvi a notícia de que Dias Toffoli se dirigia para o TSE, que ele presidia na época. Pouco depois o processo voltou, com Dilma à frente de Aécio, por uma margem ínfima. Li que Aécio esperneou, tentou contestar o resultado (algo impossível!) e logo foi convencido a desistir. Deve ter entendido, na marra, que o processo eleitoral brasileiro não é auditável. Com ou sem fraude – como falou Dino – Dilma foi proclamada eleita, para vergonha e desgraça dos brasileiros.

Sim, não existe e jamais existirá uma tecnologia a prova de erros, ou sabotagens. A sacrossanta urna do nosso Inquisidor Geral da República não escapa a este axioma!

Mas é sempre possível adicionar-se uma camada extra de aperfeiçoamento e segurança tecnológica. Basta ter boa vontade, honestidade e seriedade de propósitos. Por exemplo, a camada de segurança extra das urnas da Venezuela permitiram demonstrar, para além de quaisquer dúvidas, que Maduro perdeu feio as últimas eleições presidenciais naquele país. Se aquela camada de segurança for adicionada às urnas brasileiras, nossa democracia poderá ser salva.

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC – Agraciado com uma ‘Honorary Session’, por suas contribuições ao campo da Dinâmica, pelo Comité de Dinâmica da ABCM no XII International Symposium DINAME, 2007—Ex-Coordenador de Pós-Graduação das Engenharias III da CAPES/MEC - Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.

Ler comentários e comentar
Ler comentários e comentar

Nossas redes sociais

Facebook

Siga nossa página

Seguir página

Twitter

Siga-nos no Twitter

Seguir

YouTube

Inscreva-se no nosso canal

Inscrever-se

Messenger

Receba as notícias do dia no Messenger

Receber notícias

Instagram

Siga-nos no Instagram

Seguir

Telegram

Receba as notícias do dia no Telegram

Entrar no canal

Rumble

Inscreva-se no nosso canal

Inscrever-se

Gettr

Siga-nos no Gettr

Seguir

Truth

Siga-nos no Truth

Seguir