O desastre de um jornalista debilitado pela fixação ideológica

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Quando um jornalista especializado nas coisas de um clube de futebol, no caso, o Fred Melo Paiva e o Atlético, se expõe politicamente, é geralmente um desastre qualquer pretensa analogia que produzem.

Por outro lado, essa exposição abre um clarão sobre o mau caratismo que carregam os esquerdistas, e que, infelizmente, contamina o dom, o talento ou a arte. Assistimos isso, a torto e a direito, com a classe intelectual e artística no Brasil.

Cravo, inicialmente, que para todos os efeitos, isso é um direito intocável de qualquer cidadão - leia-se, LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Porém, por ser público, torna-se alvo de críticas.

Paiva, em sua sanha para atingir Bolsonaro (curioso como segue fixado em alguém), nem percebe que para isso, fala ou escreve, asneiras a rodo.

Em sua última coluna, ele a apresenta no X: "A coluna de hoje no Estado de Minas sobre o nosso Galo.", sob o título - "Se Netanyahu fosse atleticano, daria um tempo na guerra"

É legítimo que ouse buscar personagens em voga, midiáticos, enfim...   para atrair leitores. Mas daí, discorrer sobre ilações, malícias, acusações impensadas e ignorantes - para ficar claro, ignorante no sentido de mostrar-se desinformado, além de propagar a desinformação sem que as “otoridades” o questionem, aí muda de figura.

Já no primeiro parágrafo, ele escreve: 

Em destaque meu, questiono o nobre bombador de mentes fracas: as bombas só caem no Irã? Mulheres e crianças só morrem em Gaza? De onde ele tirou que a democracia americana respirava por aparelhos?

Numa segunda ordem das implicações que as afirmações dele contém, sigo: qual é o regime e quem governa o Irã? Porque não cita ataques iranianos a Israel? 

No covarde ataque terrorista (desculpe pela redundância) do Hamas, que tem justamente o Irã como maior apoiador e financiador, no dia 7 de outubro de 2023, morreram 260 pessoas, entre jovens e crianças, homens e mulheres, em Israel, seguido por barbárie e sequestros, muitos até hoje sequestrados (se vivos). Porque omite este episódio, entre tantos outros protagonizados por terroristas mundo afora, inclusive em Israel? Seria para não se autocontrariar, Fred?

Falar de democracia fragilizada nos Estados Unidos, meu caro? Frágeis foram as tentativas promovidas por governos como o de Obama e de Biden, por exemplo. A pujante democracia americana, bem alicerçada entre seu povo, suportou e deu mostras disso ao derrubar o último governo que deu asas para ideologias antidemocráticas pelo mundo.

Vamos ao segundo parágrafo:

Ainda amparado pelos meus destaques no segundo parágrafo, dou sequência à saga de nove parágrafos do rapaz, que entra de sola no assunto predileto dele (que pelo visto, não é o Galo, mas o “Bozo”). Ironiza o riso para colar em Bolsonaro a expressão seguinte, o ódio, desdenhando da ironia real do “réu” em questão, para alienar-se ao seu próprio ego vilão. Já permitindo-se a antever como favas contadas a condenação de seu algoz imaginário, quando será capaz, certamente, de entrar em orgasmos múltiplos, o falastrão prefere fechar os olhos (a alma já está fechada). Despindo-se (agora é a vez dele) da percepção das aberrações jurídicas em curso que consome o país há mais de cinco anos. Ouvidos moucos e visão turva, despreza o sofrimento de gente inocente, fazendo-se de sonso e ignorando que uma hora chega nele, sim, sua conveniente adoração aos trovadores do apocalipse não carece de adjetivos, pois tal conveniência é digna de dó. No jogo de sua candidatura, não poderia ser outro, seu virtual convidado a vice.

Que os galistas da elite de Lourdes digam amém!

No terceiro, uma passeada pelo gigante do futebol, para não dizer que não falou do amado clube mineiro.

No quarto parágrafo, uma oxigenada no futebol, pincelando internacionalmente seus rabiscos, o nome do Netanyahu, até mesmo para justificar sua manchete. Finalizou gastando sua ironia requintada e criativa. Tocante, viu?  

Já no quinto tópico do seu ultraje textual, com uma inquietante saudade de Bolsonaro, Fred volta no “Bozo”. Ele não aguenta… Desta feita, o associa ao inferno. Na sequência, sei lá, acho que ele se perdeu no próprio raciocínio. Entrou numa de pedir explicação por ele mesmo, numa miscelânia de ser inimigo de uma parte, e afeição a outra parte, com camisa da seleção, e para não perder seu tempero, uma “desumanidadezinha”, de leve, com uma cutucada em uma das vítimas do 8 de janeiro, a Débora Rodrigues dos Santos, alcunhada pela imprensa suja como Débora do Batom. Mas tudo bem, falar do “Bozo” já valeu, né Fred?

Do sexto ao nono parágrafos, ufa, enfim, se dedicou de vez ao futebol. Meio que sem graça, como para encher linguiça, um texto meio intruso no que de fato ele focou.

Mas não passou batido por esse crítico, uma importante visão do otimista Fred. Ele começa o artigo mandando um “o mundo ainda não acabou” e fecha com “chave de ouro”, enfiando goela abaixo, um “A única dúvida é se ainda haverá mundo.”

Fiquei com a impressão que se o mundo acabar e sobrar só o Fred e uma única outra pessoa, ele vai culpar o genocida universal das galáxias, o “Bozo”. Vai ficar sozinho, porque o outro vai preferir se matar.

Aproveite! O Mundo será só seu!

Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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