Reveladas as gravações dos momentos derradeiros da gestão de Dilma

22/09/2017 às 08:57 Ler na área do assinante

(Finalmente reveladas gravações dos últimos momentos da gestão Dilma, e que lançam nova luz sobre o atual governo)

- Presidenta, o ‘impítimã’ é inevitável. Já acertamos com o Ricardinho, ele vai fatiar a decisão, e a senhora manterá os direitos políticos.

- Então posso voltar a ser presidenta, no que se refere a combinar uma faixa diagonal verde e amarela com casaquinho vermelho?

- Não, mas a senhora vai poder se candidatar a vereadora em Santo Antônio do Caí, Arroio dos Ratos, algo assim - e com boas chances de pegar uma terceira suplência.

- Podendo fazer discurso de improviso e usar cartão corporativo, é o que importa, no que se refere a...

- Presidenta, o que nós precisamos agora é garantir um boicote amplo, geral e irrestrito ao governo golpista. Para isso pensamos em infiltrar alguns dos nossos na equipe do Michel.

- Mas será que aceita a indicação da Gleisi ou do Fábio Assunção pro ministério?

- Tem que ser algo ainda mais catastrófico. Colocaremos alguém no ‘márquetchim’, para pautar as ações do governo a nosso favor.

- Tipo?

- Ele poderia começar descriando o Ministério da Cultura, e provocando uma histeria coletiva na classe artística.

- Michel sabe que, sem artista bajulando, ninguém governa este país!

- Depois ele recria, mas o estrago já está feito. Podemos convencê-lo também a não ter nenhuma mulher no Ministério - e quando ele nomear alguma, já não adianta mais.

- Boa, boa...

- Se cair algum avião com um time inteiro, ele avisa que vai no velório, desiste de ir no velório por causa das vaias, e acaba indo ao velório com vaia e tudo.

- Sei não. Michel é traíra, mas não é burro.

- Na sequência, ele pode autorizar a compra de toneladas de Häagen Dasz pra abastecer o avião presidencial, em plena crise!

- O Lula e eu já não tínhamos feito isso?

- Fizeram muito pior, mas não era Häagen Dasz, e o PT não estava na oposição. Depois, que tal ele pode convocar as Forças Armadas para conter os nossos quebra-quebra?

- Gente, vocês estão viajando, no que se refere a ficar maluco. Nem eu, que sou mais doida, faria um troço desses.

- A gente convence ele a fazer, e horas depois convence ele a voltar atrás.

- Será que não tem nenhum mega evento, no que se refere a um evento grande, que é uma coisa muito importante, que a gente possa usar contra ele?

- Em 2017 vai ter "A Fazenda" com sub-sub-sub-subcelebridades, vai ter um eclipse, uns furacões no Caribe, o Rock in Rio... Isso! Na véspera do Rock in Rio ele pode assinar um decreto... deixa eu ver... hmmm... desmatando integralmente a Amazônia!

- Ele já esgotou a cota de insanidades sendo meu vice todos esses anos. Não vai entrar nessa...

- Claro que não vai. Mas qualquer coisa que ele faça na Amazônia a gente, pá!, cria essa narrativa. E o festival vira um "Foratêmer in Rio".

- Ok, com isso ele já deu tiro no pé que chega até 2018.

- E se, como tiro de misericórdia, ele avisar que não vai ter horário de verão? Hein, hein? Ele desagrada metade do país, que adora o horário de verão...

- E não agrada os outros?

- Aí é que tá: aí ele volta com o horário de verão, e consegue desagradar todo mundo!

Eduardo Affonso

É arquiteto no Rio de Janeiro.

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