Ofensiva iraniana tem “prazo de validade”. E não é longo...
18/06/2025 às 08:53 Ler na área do assinanteSe o Irã continuar a disparar seus mísseis de longo alcance (capazes de chegar a Israel), o estoque total desses mísseis se esgotará em uma semana. Para fabricar a reposição, não é algo que se faça rapidamente, tanto menos se levarmos em conta a precisão dos ataques israelenses à cadeia de instalações necessárias à fabricação de mísseis de longo alcance.
Os mísseis iranianos são lançados quase a esmo. Como objetivam atacar qualquer coisa, contanto que caiam em Israel, tanto faz se em áreas residências ou não (um deles destruiu um centro de pesquisas civil, centro de ciência para fins pacíficos), eles acabam tendo pouco impacto sobre as capacidades de ataque de Israel, incluindo seu estoque de mísseis, que pode ser reposto pelos Estados Unidos e outros fornecedores.
O contrário não é verdadeiro. Os ataques de Israel a residências foram para matar comandantes militares e cientistas nucleares iranianos, ataques que se revelaram impressionantes pela precisão. Também são bastante precisos os ataques a bases de lançamento de mísseis e a instalações nucleares.
Em resumo: o Irã não tem como manter a retaliação por muito tempo. Enquanto dura, a retaliação é muito menos eficaz (Israel intercepta, com apoio britânico e americano, mais de 90% dos mísseis e drones iranianos antes que atinjam o solo) e não põe em jogo as capacidades militares de Israel.
Para consumo da opinião pública, externa ou interna, o regime dos aiatolás segue afirmando não aceitar pré-condições para um cessar-fogo. Nos bastidores, busca negociar o fim da guerra. É isso ou a humilhação, merecida humilhação de uma tirania odiada pelo próprio povo, que prende, tortura e mata mulheres por não usarem o véu obrigatório do modo devido.
O Irã já foi a Pérsia monárquica, um Estado que não financiava terroristas nem desenvolvia armas nucleares com a intenção de dizimar povos inteiros. Talvez volte a sê-lo. Há razões para alguma esperança.
Aurélio Schommer
Membro do Conselho Curador na Fundação Cultural do Estado da Bahia - Funceb e Membro Titular no Conselho Estadual de Cultura da Bahia.