
The Economist desmoraliza Lula e revela o óbvio: autoridade moral não se impõe, se conquista
01/07/2025 às 20:37 Ler na área do assinante
O jornal britânico The Economist, em recente artigo, fez duras observações sobre a atuação internacional de Lula e sua falta de liderança interna. O texto aponta, entre outras coisas, a falta de uma atuação consistente do Brasil no cenário global, não apenas no campo diplomático, mas, sobretudo, naquilo que o jornal chama de "autoridade moral". Em resposta, o Itamaraty emitiu uma nota oficial afirmando que Lula detém, sim, uma autoridade moral reconhecida internacionalmente.
Será mesmo?
A autoridade moral, por essência, não se declara por nota nem se proclama por discursos. Ela se constrói ao longo do tempo, com base na coerência entre o que se diz e o que se faz, no compromisso com valores universais, como a liberdade, os direitos humanos, a democracia e a justiça, e, sobretudo, no respeito inegociável à verdade. Sem verdade, não há autoridade moral possível. A autoridade moral exige integridade e a integridade se prova quando os princípios não são abandonados diante das conveniências do momento.
Lula tem tentado ocupar o papel de porta-voz dos países em desenvolvimento, mas sua postura ambígua diante de guerras, ditaduras e violações de direitos fundamentais fragiliza essa pretensão. Quando se relativizam crimes de regimes autoritários, ou se atacam seletivamente determinadas democracias enquanto se silencia diante de tiranias amigas, perde-se o alicerce da verdade, consequentemente perde-se também qualquer autoridade moral.
Discursos antissemitas e apoio ao regime fundamentalista do Irã não agregam autoridade ou liderança internacional à Lula, ao contrário.
Autoridade moral não é propaganda, não se fabrica com marketing político. Não se adquire com capital político, nem se sustenta com retórica. É um reconhecimento que vem de fora, da percepção legítima de que determinada voz fala com justiça, consistência e verdade. Quem abdica da verdade para agradar aliados ou preservar interesses, não lidera moralmente, apenas ocupa espaço.
Autoridade moral não é um atributo garantido por notas diplomáticas. Ela é resultado de uma conduta reta, transparente e fiel à verdade. E isso não se impõe. Se conquista.
Henrique Alves da Rocha
Coronel da Polícia Militar do Estado de Sergipe.