
O Porta-Aviões no Lago Paranoá chegou e tem nome: Seção 301
10/07/2025 às 09:12 Ler na área do assinante
A Carta que o Brasil Não Esperava, mas Merecia
Em 9 de julho de 2025, o presidente Donald Trump estacionou, metaforicamente, um porta-aviões no Lago Paranoá. A missiva endereçada a Luiz Inácio Lula da Silva não é apenas uma declaração de guerra comercial — é um espelho implacável que reflete as contradições de um regime que se arvora democrático enquanto flerta perigosamente com práticas autoritárias dignas de republiquetas latino-americanas.
A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, programada para 1º de agosto, representa apenas a ponta visível de um iceberg diplomático muito mais profundo e potencialmente devastador. Enquanto a mídia brasileira se debruça obsessivamente sobre os percentuais tarifários — e sim, a combinação com tarifas setoriais existentes pode elevar alguns produtos, como o aço, a patamares de 75% —, o verdadeiro terremoto geopolítico reside na invocação da Seção 301 do Trade Act americano.
A Perseguição a Bolsonaro
Trump não mediu palavras ao classificar o tratamento dispensado a Jair Bolsonaro como "uma desgraça internacional". E tem razão. O espetáculo kafkiano montado pelo establishment judicial brasileiro, com Alexandre de Moraes como maestro principal, transformou o ex-presidente em persona non grata através de manobras jurídicas que fariam corar até mesmo os procuradores de Moscou nos tempos áureos do stalinismo.
A impossibilidade de Bolsonaro concorrer em 2026 não é apenas uma questão doméstica — é um atentado à própria noção de eleições livres, como bem observou Trump. Quando um sistema judicial se arroga o poder de escolher quem pode ou não disputar o voto popular, baseando-se em acusações etéreas de "golpe" que desafiam qualquer lógica factual, estamos diante não de justiça, mas de lawfare em sua forma mais crua e descarada.
A Mordaça Digital
Mas é na questão da liberdade de expressão que o regime mostra suas garras mais afiadas. As "centenas de ordens ilegais e secretas de censura" mencionadas por Trump não são hipérbole retórica — são a realidade cotidiana de um país onde o Supremo Tribunal Federal abandonou qualquer pretensão de neutralidade para se tornar um órgão de controle ideológico.
Alexandre de Moraes, em particular, transformou-se numa espécie de Grande Inquisidor digital, ameaçando plataformas americanas com multas milionárias e expulsão do mercado brasileiro caso não se curvem aos seus caprichos censórios. É a tropicalização do autoritarismo: colorida, barulhenta e envolta em togas.
O IEEPA e a Espada de Dâmocles
O que muitos analistas brasileiros, presos em sua miopia provinciana, não compreenderam é que a verdadeira ameaça não reside nas tarifas — por mais dolorosas que sejam —, mas na investigação sob a égide da Seção 301. Esta não é uma mera formalidade burocrática; é um instrumento de poder formidável que confere aos Estados Unidos capacidade quase ilimitada de escrutínio sobre as práticas comerciais e políticas de países considerados problemáticos.
A comissão investigativa terá poderes para exigir documentos, levantar informações e expor as entranhas do sistema político-judicial brasileiro. E aqui reside o terror noturno de Brasília: o que será revelado quando os holofotes americanos iluminarem os porões do poder tupiniquim? Os documentos do escândalo da Vaza Jato, mencionados tangencialmente, são apenas o aperitivo de um banquete de revelações potencialmente devastadoras.
A Resposta Previsível e a Armadilha Retórica
O governo Lula, previsivelmente, responderá com a cantilena de sempre: soberania, independência judicial, processo democrático. Mas cada tentativa de defesa apenas evidenciará a farsa. Como defender a "independência" de um Judiciário que age como braço armado do Executivo? Como falar em democracia quando se impede o principal opositor de concorrer?
Trump, com sua característica brutalidade diplomática, antecipou até mesmo a possibilidade de retaliação tarifária brasileira, deixando claro que qualquer aumento será somado aos 50% já impostos. É o xeque-mate comercial: o Brasil pode espernear, mas cada movimento apenas apertará mais o nó.
O Convite Tentador e o Êxodo Empresarial
Particularmente sagaz é o convite explícito para que empresas brasileiras transfiram suas operações para os Estados Unidos, com promessas de aprovação rápida e tratamento preferencial. É a cenoura que acompanha o porrete, e muitos empresários brasileiros, cansados da burocracia kafkiana e da insegurança jurídica crônica, podem ver nesta oferta uma tábua de salvação.
O Regime e Suas Máscaras
Trump acertou em cheio ao referir-se ao "regime corrente do Brasil", colocando Lula e o STF no mesmo saco — porque é exatamente isso que são: faces da mesma moeda autoritária que se disfarça de democracia progressista. É o caudilhismo do século XXI, vestido com roupagens de estado de direito mas exercendo o poder com a mesma truculência dos coronéis de antanho.
O Imperador Está Nu
A carta de Trump não é apenas uma declaração de guerra comercial — é o momento em que alguém finalmente gritou que o imperador está nu. O Brasil de Lula e Alexandre de Moraes não é a democracia vibrante que pretende ser, mas um simulacro autoritário onde a lei é instrumento de perseguição política e a liberdade de expressão, uma concessão revogável ao bel-prazer de togados iluminados.
As consequências econômicas serão severas, indubitavelmente. Mas talvez seja esse o preço necessário para que o Brasil acorde de seu sono dogmático e perceba que não se pode brincar de democracia enquanto se pratica autoritarismo. O porta-aviões está ancorado no Paranoá, e a conta chegou.
Resta saber se o establishment brasileiro terá a humildade de reconhecer seus erros ou se, como é seu costume, dobrará a aposta no autoritarismo, afundando ainda mais o país no pântano da irrelevância internacional e do atraso institucional. Conhecendo nossos personagens, infelizmente, a segunda opção parece mais provável.
Cândido Neto (Mafinha Summers)
Colaborador da Revista A Verdade
Do site Porão da Mamãe
Do site Porão da Mamãe