Livro de “ficção jurídica” de Moraes é finalista do prêmio Jabuti

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O Jabuti é o mais importante prêmio de literatura do País. É dividido em várias categorias, sendo uma delas a de Direito. O ministro Alexandre de Moraes teve a sua obra “Democracia e Redes Sociais: o desafio de combater o populismo digital extremista” selecionada como finalista.

São várias camadas em uma notícia tão curta. A primeira e mais óbvia é o velho ditado “jabuti não sobe em árvore”. Portanto, se Xandão chegou na árvore de um prêmio de literatura, alguém colocou lá.

Desconheço os critérios do júri, mas a julgar pela qualidade do texto dos despachos do ministro, o revisor deve ter tido bastante trabalho. Ou talvez tenha havido um ghost writer. Se for o caso, parabéns, ghost writer.

Mas quem sabe a qualidade literária não tenha sido o critério utilizado. A exemplo de certas indicações para a Academia Brasileira de Letras, o que vale não é exatamente o talento literário, mas a agenda e as influências. E que agenda e que influências, no caso.

O título da obra, em si, é intrigante. Procurei a tipificação penal de “populismo digital extremista” mas não encontrei. O que me leva a perguntar o que um júiz tem a dizer sobre uma categoria política. Talvez o livro tenha sido escrito para justificar suas ações à frente do inquérito das fake news. Se for esse o caso, talvez a categoria mais adequada fosse a de ficção jurídica. Fica a dica para os organizadores do Jabuti.

Notem a sutileza do título, que mostra a destreza do autor nas lides da língua pátria. Não se trata de qualquer populismo. Não! Nem sequer o “populismo digital” é um problema. O combate deve ter o objetivo de acabar com o “populismo digital extremista”. Fiquem, portanto, descansados os populistas e os populistas digitais. O bom combate só será dirigido ao “extremismo”. O que isso significa fica a critério de cada um. Afinal, uma boa obra literária deixa espaço para que o leitor exercite a sua imaginação.

A palavra “desafio” não está lá à toa. O fato de as casas legislativas ainda não terem tipificado o “populismo digital extremista” não impediria o ministro-escritor de cumprir o seu dever. Talvez o livro descreva pormenores do desafio de julgar sem lei, preenchendo o vácuo legislativo, mas mantendo-se firme no discurso da separação de poderes. Um senhor desafio.

Por fim, o título tinha que ter “democracia”, palavra-chave que abre as portas da boa vontade da intelectualidade brasileira. Sabemos que quem se coloca ao lado da democracia está do lado do bem. O júri do jabuti não perderia essa chance de também combater o bom combate. Porque, como sabemos, os extremistas são sempre os outros.

Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.

Moraes está visivelmente abalado. Outros ministros já se manifestaram sobre a real possibilidade de sanções dos EUA. A "conta" está chegando... No polêmico livro "Supremo Silêncio"toda a perseguição contra parlamentares, jornalistas e outros absurdos que começaram no famigerado Inquérito das Fakes News foram expostos! Nessa obra estão todos os relatos de censura, prisões e estranhas ações do judiciário que o "sistema" quer esconder à todo custo. Mas, como ter esse livro na mão? Clique no link abaixo:

https://www.conteudoconservador.com.br/products/supremo-silencio-o-que-voce-nao-pode-saber

Veja a capa: