
Minas Gerais vai inaugurar a Oitava Casa dos Açores no Brasil, em Belo Horizonte
25/07/2025 às 12:00 Ler na área do assinante
A relação e laços que unem Portugal e Brasil estão ainda mais fortalecidos com a chegada da 8ª Casa dos Açores no Brasil, agora em Minas Gerais.
Já com incursões açorianas no final do século XVII com o advento das Bandeiras e o Ciclo do Ouro, a imigração açoriana no Brasil tem registros no século XVIII, e prestes a comemorar 280 anos em 2026, o país já conta com sete Casas Açorianas, que tem como objetivos a preservação da história, cultura e tradições açorianas, e a defesa dos interesses dos Açores, dos Açorianos e seus descendentes.
A primeira Casa Açoriana no Brasil é a do Rio de Janeiro, a segunda mais antiga do mundo, fundada em 1952. Em seguida vieram São Paulo e Bahia em 1980, Santa Catarina em 1999, Rio Grande do Sul em 2003, Maranhão em 2019 e Espírito Santo em 2022.
Para o evento de inauguração, José Maria de Medeiros Andrade, Diretor Regional das Comunidades do Governo dos Açores, e o advogado e jornalista, Dr. Claudio Luciano Valença Motta, receberão convidados para a nova Casa dos Açores no Brasil, sediada em Belo Horizonte. O evento será realizado no dia 26 de julho, próximo, às 10h00, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

O diretor Açoriano José Andrade, profundo conhecedor da diáspora portuguesa, especialmente, a açoriana, tem ligações muito próximas com os açordescendentes no Brasil. Ex-vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada (2009/2012), sua terra natal, Andrade foi deputado da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (2012/2016), atuando ainda em vários setores do executivo, legislativo e partidário em Portugal.
Seu histórico familiar, justifica essa proximidade com a diáspora portuguesa, uma vez que sua bisavó materna veio para o Brasil e seus avós paternos migraram para os Estados Unidos. Tem ainda, uma tia e três cunhadas no Canadá. Andrade, autor de 30 livros, dentre eles, escreveu "Açores no Mundo" (2017), que tem o prefácio do ex-presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
O advogado e jornalista Claudio Motta liderou as iniciativas para esta importante conexão Brasil/Portugal com o lançamento da Oitava Casa dos Açores Minas Gerais. Agora presidente da Casa dos Açores Minas gerais, Motta vive entre Brasil e Portugal há mais de trinta anos, atuando na área jurídica, dedicando-se à assessoria e consultoria em Mediações, Arbitragens, Advocacia Preventiva e Direito Internacional, entre os dois países. Empresário do ramo imobiliário e de investimentos, Motta é Diretor da Comissão de Relações Internacionais da ACMinas - Associação Comercial e Empresarial de Minas e Diretor Vice-Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio de Minas Gerais.
José Andrade, Diretor Regional das Comunidades do Governo dos Açores, e o advogado e jornalista Dr. Claudio Motta
Entrevistas:
José Andrade
AS - Ao longo do tempo, quais os principais desafios da diáspora açoriana no mundo?
JA – Os Açores sempre foram uma terra de emigrantes. Fomos para as nossas nove ilhas portuguesas do Atlântico Norte há quase 600 anos, em 1427, e delas começámos a sair há mais de quatro séculos, a partir de 1619, primeiro para o Brasil (desde o Maranhão até Santa Catarina e Rio Grande do Sul, passando por Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo ou Bahia), depois para os Estados Unidos da América, desde há cerca de 200 anos, e finalmente para o Canadá, nas últimas sete décadas. Fomos ainda para outros destinos, como o Uruguai, o Havai ou a Bermuda. Mas nunca deixámos as ilhas; levámo-las sempre connosco, criando novas “ilhas” em diferentes geografias. Hoje, a diáspora açoriana é imensa, sobretudo na América do Sul e na América do Norte. Somos menos de 250.000 habitantes no nosso arquipélago, mas seremos mais de dois milhões de açordescendentes, de sucessivas gerações, dispersos por diferentes estados brasileiros. No Brasil, como na América do Norte, o grande desafio é preservar e desenvolver a cultura identitária açoriana, que nos distingue e valoriza, mas também criar e aprofundar relações sociais e económicas entre a Região Autónoma dos Açores e as comunidades açorianas ou açordescendentes que tanto nos honram na nossa diáspora.
AS - No seu entendimento, qual é a contribuição e legado das Casas dos Açores no Brasil?
JA – As oito Casas dos Açores do Brasil, como as demais onze que já existem em Portugal, Estados Unidos da América, Canadá, Uruguai e Bermuda, e as outras mais que virão, são “embaixadas culturais” da Região Autónoma dos Açores junto das diferentes comunidades da diáspora açoriana. No caso do Brasil, temos três Casas dos Açores em comunidades onde ainda existem emigrantes açorianos nascidos nas ilhas que promovem convívios de saudade (Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia) e temos outras quatro onde a ancestralidade açoriana tem sido resgatada e valorizada em iniciativas de caráter sócio-cultural (Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão e Espírito Santo). A Casa dos Açores de Minas Gerais escolherá o seu caminho, na missão que lhe cabe de aproximação entre o estado mineiro e a região autónoma, perspetivando-se que privilegie a via da cooperação económica.
AS - No contexto histórico das relações Portugal/Brasil, e com sua larga experiência cultural e política, qual é a importância institucional, cultural e econômica da Casa dos Açores de Minas Gerais?
JA – A Casa dos Açores de Minas Gerais, pelo próprio perfil do seu presidente Claudio Motta, poderá dar um contributo muito importante na aproximação económica dessas duas realidades, com vantagem comum para ambas as partes. De um lado, Minas Gerais é um dos estados mais importantes do imenso Brasil. Do outro lado, a Região Autónoma dos Açores é uma porta de entrada na grande União Europeia. Por isso, podemos e devemos trabalhar em conjunto.
AS - Qual é o principal fator de integração que a Casa dos Açores de Minas Gerais pode trazer?
JA – Ela pode ajudar a colocar os Açores no mapa de Minas Gerais. Por causa do nosso passado comum, mas, principalmente, por causa do nosso futuro conjunto. Os Açores são hoje um excelente destino turístico, a meio caminho entre a América e a Europa, e merecem ser descobertos em cada uma das suas ilhas: Santa Maria, São Miguel, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo. Seja fomentando visitas turísticas, seja promovendo oportunidades de investimento, a Casa dos Açores de Minas Gerais pode ser mais um parceiro estratégico do nosso desenvolvimento coletivo.
AS - Que mensagem o senhor pode deixar para os açorianos de Minas Gerais e do Brasil?
JA – É uma mensagem de cumplicidade histórica e de confiança futura, para agradecer e enaltecer o resgate e a valorização da identidade açoriana que estão fazendo agora em Belo Horizonte. Com o Dr. Claudio Motta e os demais associados fundadores da Casa dos Açores de Minas Gerais e com outras entidades parceiras, como o Instituto Histórico e Geográfico ou a Câmara de Dirigentes Lojistas, estamos inaugurando um tempo novo. Evocamos a vinda dos primeiros açorianos há mais de 300 anos e honramos as sucessivas gerações de mineiros açordescendentes em nome de uma causa comum que nos motiva e mobiliza para o próximo futuro. Há muito trabalho a fazer. Podem contar com o Governo dos Açores.
Claudio Motta
AS - Qual é a sua expectativa para o desenvolvimento das relações dos mineiros com os açorianos aqui radicados?
CM - Nossa expectativa é de fortalecimento contínuo e concreto dos laços entre os mineiros e os açorianos radicados em Minas Gerais. Há uma afinidade histórica e cultural entre os dois povos, marcada por valores comuns como a fé, a família, o trabalho e a solidariedade. A Casa dos Açores de Minas Gerais nasce com o propósito de resgatar, valorizar e dinamizar essa herança, promovendo ações que estimulem o intercâmbio cultural, social e econômico entre Minas e os Açores. Queremos que os açorianos se sintam reconhecidos e que os mineiros redescubram parte de sua identidade ancestral.
AS - Pode nos antecipar os principais projetos que fazem parte da Casa dos Açores Minas Gerais?
CM - Sim. Entre os projetos prioritários da Casa dos Açores estão a criação de um núcleo de estudos sobre a influência açoriana em Minas Gerais, o estabelecimento de parcerias com universidades e centros de pesquisa, e o incentivo a programas de intercâmbio educacional e cultural com os Açores. Também planejamos eventos culturais, seminários e exposições que celebrem a cultura açoriana, além de iniciativas voltadas à juventude lusodescendente. Outro foco será o apoio institucional às ações de cooperação internacional que envolvam a Região Autónoma dos Açores e o Estado de Minas Gerais.
AS - A Casa dos Açores Minas Gerais vai priorizar alguma área específica da sociedade mineira?
CM - A Casa terá uma atuação transversal, mas com especial atenção à educação, à cultura e à valorização da memória. Entendemos que a educação é um pilar essencial para o fortalecimento da identidade e da cidadania luso-brasileira. Vamos dialogar com escolas, universidades e instituições culturais, promovendo ações que ampliem o conhecimento sobre os Açores e suas contribuições para a formação de Minas Gerais. Além disso, buscaremos apoiar projetos de empreendedorismo, negócios internacionais, turismo e inovação, sempre com foco no desenvolvimento humano e na integração entre os povos.
AS - Sua estreita relação com os portugueses é longeva, e agora, personificada pela inauguração da Casa dos Açores Minas Gerais. Gostaria de deixar algum agradecimento a pessoas ou instituições que viabilizaram este evento que aproximam ainda mais as fronteiras entre Brasil e Portugal?
CM - Sem dúvida. Este é um momento de profunda gratidão. Agradeço, em primeiro lugar, ao Governo Regional dos Açores, pelo apoio institucional e pela confiança depositada na nossa iniciativa. Estendo minha gratidão às autoridades mineiras e brasileiras que acolheram a proposta com entusiasmo e sensibilidade. Um agradecimento especial à equipe diretiva da Casa dos Açores de Minas Gerais, formada por homens e mulheres comprometidos com a construção de uma ponte sólida entre as nossas culturas. E, claro, à comunidade açoriana em Minas, cujas histórias de vida e contribuições silenciosas foram a verdadeira inspiração para que essa Casa se tornasse realidade.
Por fim, agradeço, sensibilizado, a parceria, o apoio e a gentileza do Hotel Mercure Savassi, na pessoa de sua Gerente Geral, Sra. Fernanda Duarte Pena, que gentilmente acolherá em suas dependências o Diretor Regional das Comunidades dos Açores, bem como os Presidentes das Casas dos Açores do Brasil, que se deslocam a Belo Horizonte para participar da cerimônia de posse do Presidente e da Diretoria da Casa dos Açores de Minas Gerais, assim como da VIII Reunião Açores–Brasil, a se realizarem nos dias 26 e 27 de julho.
A excelência na hospitalidade e a reconhecida competência na gestão fazem do Hotel Mercure Savassi uma referência em qualidade e bem-receber na capital mineira. Essa parceria engrandece ainda mais o êxito institucional dos eventos e reafirma os laços de confiança entre os setores público, privado e comunitário no fortalecimento das relações entre Minas Gerais e os Açores.
A todos, o meu muito obrigado.
Muitos plantios e ricas colheitas.
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E por falar em parcerias, congratulo-me particularmente com a Rede de Hotéis Mercure, do Grupo Accor, que tem uma unidade nos Açores, o Mercure Ponta Delgada. Saúdo aqui o Gerente Geral do hotel, sr. Corneliu Popa.
Em Belo Horizonte, a rede conta com três hotéis - Mercure BH Savassi, Mercure Belo Horizonte Lourdes e Mercure Belo Horizonte Vila da Serra. Gentilmente, o Mercure BH Savassi, vai recepcionar a delegação portuguesa, e autoridades dos Açores, em Belo Horizonte, para o evento de inauguração da 8ª Casa dos Açores no Brasil. O hotel tem como gerente geral a experiente profissional no ramo de hotelaria, Fernanda Duarte.


Focada em consolidar a regionalidade da marca MERCURE, Fernanda busca na excelência dos serviços do hotel a integração de inovações na qualidade do atendimento e conforto dos seus hóspedes, e com isso transformar o hotel em referência em hospedagem. Fernanda conta com uma equipe de primeiro nível para alcançar seus objetivos.
Entrevista:
Fernanda Duarte
AS - Minas Gerais é conhecida tradicionalmente por seu povo acolhedor e hospitaleiro. Esse espírito mineiro tem uma atenção especial no desenvolvimento do seu trabalho?
FD – Sem dúvida! A hospitalidade mineira é um valor que nos inspira diariamente. No Mercure BH Savassi, esse acolhimento vai além do sorriso na recepção, está presente na forma como cuidamos de cada detalhe da estada, com autenticidade e atenção genuína. Faz parte da essência do nosso trabalho proporcionar aos hóspedes uma experiência que combine o conforto da hotelaria internacional com o calor humano típico de Minas Gerais. E isso é o que nos conecta tão bem ao conceito da marca Mercure, que valoriza a regionalidade e a descoberta do local em cada unidade do mundo. Pensamos em cada detalhe ao receber um cliente.
AS - Minas Gerais, e sua centenária capital, Belo Horizonte, faz parte do grande circuito turístico do Brasil, e vem se destacando na liderança do crescimento no setor, em suas várias frentes. Qual é a sua expectativa com relação ao turismo nos âmbitos nacional e internacional?
FD - Minas Gerais tem um patrimônio histórico, cultural e gastronômico riquíssimo, e Belo Horizonte vem se reinventando como um destino que une tradição, inovação e qualidade de vida. Minha expectativa é muito positiva: estamos vendo um crescimento consistente do turismo de lazer e de eventos, com mais visibilidade, especialmente por meio de iniciativas que valorizam nossas raízes e autenticidade. Projetos como a fundação da Casa dos Açores de Minas Gerais são exemplos concretos disso, eles fortalecem o turismo de cultura e de vínculos, que gera conexões emocionais e duradouras com o destino.
AS - Belo Horizonte conta com uma importante comunidade portuguesa, que agora sediará a mais nova Casa dos Açores no Brasil. O Mercure BH Savassi se une a este histórico momento abrindo suas portas para receber convidados e autoridades portuguesas dos Açores. É um primeiro passo para uma relação institucional e cultural com os portugueses?
FD - Com certeza! Receber essa delegação é uma honra para nós e representa mais do que uma hospedagem: é o início de uma relação baseada em respeito, admiração e desejo de intercâmbio cultural. A marca Mercure, ao valorizar o local, reconhece a importância de eventos que resgatam e celebram a história de um povo. Estarmos presentes nesse momento simbólico da fundação da 8ª Casa dos Açores no Brasil reforça nosso compromisso com a valorização da cultura e com a construção de pontes entre países irmãos como Brasil e Portugal.
AS - O que os convidados açorianos podem esperar desta convivência com o Hotel Mercure?
FD - Podem esperar uma experiência sensorial e afetuosa, com todo o conforto, cuidado e atenção aos detalhes que são marcas do Mercure BH Savassi. Nossa equipe está preparada para acolher com excelência, mas também para apresentar um pouco do que Minas tem de mais autêntico - desde o sabor do nosso café até as histórias que estão nos pequenos gestos. Esperamos que essa seja uma estada memorável e que o sentimento de pertencimento e conexão fique guardado como parte desta importante celebração.
Alexandre Siqueira
Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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