Mineração de Bitcoin com energia renovável no Brasil

12/08/2025 às 14:16 Ler na área do assinante

O sertão nordestino, que já transformou sol e vento em orgulho nacional, agora vê suas turbinas e painéis dialogarem com uma nova engrenagem, o hash rate. Entre 2024 e 2025, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mediu ventos tão fortes que, às 22h41 de 4 de julho de 2025, a geração eólica no Nordeste chegou a 18.401 MW.

Um 149% de toda a carga regional naquele instante. Quando a rede não consegue absorver esse excedente, o quilowatt-hora perde valor. Para o minerador de Bitcoin, porém, esse “desperdício” vira oportunidade.

Do vento, do sol e da água: O Brasil que já mina energia

O Brasil de 2025 apresenta uma peculiaridade entre as grandes economias. Mais de quatro quintos da potência instalada vêm de fontes renováveis. O Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 projeta 229 GW verdes até o fim da década, ou 83% do parque gerador nacional.

Parte desse avanço nasceu no Nordeste, onde parques solares de Minas Gerais e Goiás passaram a negociar blocos de energia fora de pico diretamente com mineradores, segundo estudo da CNN Brasil que estima R$ 300 milhões em receita anual só com a monetização de energia ociosa até 2026.

Em vez de pagar para escoar o excesso ou simplesmente desligar turbinas, consórcios eólicos e solares veem na mineração uma “válvula de alívio” financeiramente atraente. A lógica é simples. O asic Antminer S19 requer cerca de 2,9 kW ininterruptos. Alimentá-lo demandaria por volta de 33 módulos fotovoltaicos de 440 W cada.

Número que é trivial para usinas que ultrapassam 100 MW. E a atividade age como consumidor flexível, podendo reduzir a carga em segundos caso o ONS emita um alerta de tensão. Essa maleabilidade faz do minerador um cliente premium para geradores renováveis.

A urgência por eficiência não é só financeira, é reputacional. Desde 2011, a fatia de carvão no mix global do Bitcoin despencou de 63% para 20%, enquanto as renováveis ganham terreno, segundo relatório da MiCA Crypto Alliance divulgado em março de 2025.

Sendo assim, as criptos promissoras em 2025 como o próprio BTC, ainda dominante em capitalização, buscam jurisdições capazes de garantir megawatts verdes a preços de atacado. No Brasil, a equação joga a favor.

A EPE calcula custo marginal médio de R$ 157/MWh para hidrelétricas maduras, contra mais de R$ 400/MWh em mercados fósseis desenvolvidos. Não por acaso, companhias estrangeiras fecharam, nos últimos 18 meses, quatro contratos de autoprodução em Rondônia e Pará.

Para o investidor cripto, cada centavo reduzido no kWh equivale a ampliar a margem de mineração. No Rio de Janeiro, com maior participação de gás, a mesma moeda sobe para 388 kg. Para efeito de comparação, fundir ouro suficiente para cunhar uma onça troy libera cerca de 800 kg, segundo o World Gold Council.

A elasticidade geográfica da mineração, portanto, permite transferir poder computacional rumo a polos menos intensivos em carbono, reforçando o argumento de que o Bitcoin pode ser ferramenta de descarbonização quando pareado a fontes limpas.

Fazendas solares que já alimentam ASICs em Minas e Goiás

O sol do Norte de Minas não só amadurece o algodão. Ele hoje turbina ASICs que transformam fótons em satoshis. No complexo fotovoltaico de Janaúba, a Schulz. gigante catarinense de compressores, fechou acordo de autoprodução para garantir 29 MW de energia limpa.

Um volume suficiente para operar cerca de nove mil máquinas Antminer S19 em horário de tarifa reduzida. A operação deve evitar a emissão anual de 32 mil t de CO₂, segundo a plataforma Eixos.

Já em Catalão (GO), um consórcio formado por agritechs migradas para o mercado livre reservou parte da geração de um parque para mineração durante as madrugadas. Estimativas da CNN Brasil apontam que a monetização de energia ociosa poderá render R$ 300 milhões ao setor até 2026.

Estrangeiros também desembarcaram. A Enegix, maior operadora de data centers cripto do Cazaquistão, iniciou montagem de contêineres refrigerados no semiárido piauiense depois que o governo zerou o imposto de importação sobre equipamentos de mineração (Resolução Gecex n.º 726/2025).

No eixo Amazonas–Pará, reservatórios cheios significam turbinas operando abaixo do limite técnico durante a madrugada. Em julho de 2025, o Ministério de Minas e Energia confirmou que companhias como Eletrobras e Kroma já importam excedentes paraguaios de Itaipu.

A própria Itaipu estuda instalar duas turbinas extras para compensar a queda no repasse de energia ao Brasil e capturar a nova demanda gerada por mineração e IA, segundo Exame. A lógica é simples, transformar aquela água sem mercado em hash rate, ao mesmo tempo em que se financia a modernização de linhas de transmissão para comunidades rurais.

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