
Sem saída, Hugo Motta deve seguir o caminho de Eduardo Cunha e Severino Cavalcanti: A renúncia
16/08/2025 às 16:17 Ler na área do assinante
A história recente da Câmara dos Deputados mostra que o poder, quando exercido de forma desvirtuada, costuma cobrar seu preço. Severino Cavalcanti, em 2005, renunciou à presidência após denúncias de corrupção envolvendo favorecimento em contratos de concessões na Casa. Anos depois, Eduardo Cunha repetiu o roteiro: acusado de corrupção e de manter contas secretas no exterior, acabou afastado e cassado, deixando para trás uma gestão marcada pela instabilidade política e pela perda de credibilidade do Legislativo.
Agora, em 2025, o presidente da Câmara, Hugo Motta, enfrenta denúncias que remetem ao mesmo padrão de conduta que derrubou seus antecessores. Reportagens apontam que Motta teria empregado o caseiro de sua fazenda na Paraíba em cargo de confiança no gabinete da presidência da Câmara, além de manter funcionários fantasmas em sua estrutura. Fatos que, se confirmados, configuram desvio ético e moral incompatível com a função de quem deveria representar e conduzir, com equilíbrio, a Casa do Povo.
A diferença é que, no caso de Motta, soma-se ainda uma condição delicada: sua suposta submissão aos ministros do Supremo Tribunal Federal, motivada por processos judiciais que atingem familiares seus. Esse quadro fragiliza ainda mais sua independência como chefe do Legislativo e o torna refém de interesses que não deveriam pautar a condução da Câmara.
O paralelo é inevitável: Cavalcanti e Cunha não resistiram à pressão das denúncias e tiveram como destino a renúncia ou a cassação. Hugo Motta, diante da gravidade das acusações, pode estar caminhando para o mesmo desfecho.
A renúncia, nesse cenário, não é apenas uma saída, é a única forma de preservar o mínimo de dignidade institucional da Câmara dos Deputados. Motta já não tem condições morais de conduzir o Parlamento brasileiro, e cada dia à frente do cargo amplia a crise de credibilidade de uma instituição essencial à democracia.
Henrique Alves da Rocha
Coronel da Polícia Militar do Estado de Sergipe.