Sindicato de Frei Chico está "extremamente envolvido" em fraudes, afirma advogado que iniciou investigações
02/09/2025 às 13:57 Ler na área do assinanteO advogado Eli Cohen afirmou à CPMI do INSS que o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Lula (PT), está "extremamente envolvido" em esquemas de descontos não autorizados em benefícios previdenciários. A declaração foi feita nesta segunda-feira (1) durante depoimento à comissão parlamentar que investiga fraudes contra aposentados.
Cohen, responsável por investigações que levaram à Operação Sem Desconto da Polícia Federal, apresentou informações ao relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sobre organizações suspeitas de participarem do esquema.
De acordo com o advogado, além do Sindnapi, a Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap) e a Unabrasil também estariam envolvidas nas fraudes. Cohen destacou três entidades em particular: Ambec, Cebap e Unsbras, todas controladas pelo empresário Maurício Camisotti, administrador das empresas do grupo Total Health Group (THG).
"Só mudam os personagens. O que não muda é a vítima, o aposentado, sempre é o mesmo, esse não muda, desde 2005", disse Cohen, indicando que esse tipo de fraude persiste há duas décadas.
O esquema, segundo o advogado, contava com a participação de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", que atuava como lobista dentro da instituição previdenciária, fornecendo dados de aposentados obtidos ilegalmente.
Cohen fez graves acusações sobre a abrangência do esquema: "Esse crime não poderia ter sido realizado se você não tivesse o presidente do INSS no seu bolso, todo o departamento de benefícios do INSS e, na minha opinião, que eu tenho certeza que os senhores vão chegar lá, o ministro da Previdência".
Em seu depoimento, o advogado apontou Camisotti como o "capo" das três entidades mencionadas, embora tenha ressaltado que ele não comandaria todo o esquema fraudulento. "Precisamos achar os outros Maurícios e os outros Carecas", afirmou.
Cohen mencionou que o Banco Master, BMG e PicPay também estariam envolvidos em fraudes relacionadas a débitos consignados. Ele relatou um evento ocorrido em 2024 em um resort em Santa Catarina, patrocinado por Camisotti, com a presença de políticos como o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e outras figuras políticas.
O advogado esclareceu que não estava fazendo "juízo de valor" ou acusando os políticos presentes no evento de participação nas fraudes, apenas relatando os fatos conforme suas investigações.
Ao detalhar o funcionamento da Ambec, Cohen explicou que a entidade oferece planos relacionados a seguro e funeral para aposentados. A organização foi reabilitada no início de 2022, quando tinha apenas três associados e arrecadação mensal de R$ 130. Em 2023, já registrava 45 mil associados e arrecadação mensal de R$ 2 milhões. Em 2024, atingiu 600 mil associados, com arrecadação mensal estimada em R$ 20 milhões.
Durante seu depoimento, Cohen classificou a entidade como "criminosa", afirmando que os valores descontados dos benefícios eram inicialmente direcionados para os cofres da organização e posteriormente transferidos através de operações realizadas em uma mesma agência bancária, com parte desses valores sendo depositada em conta particular do empresário.
Quando questionado sobre possíveis ameaças recebidas, Cohen confirmou ter sofrido "várias" intimidações, ressaltando que "sempre foram telefonemas anônimos".
Em resposta à situação de risco enfrentada pelo advogado, o deputado Gaspar anunciou que apresentará um requerimento solicitando proteção policial para Cohen. A votação deste pedido está prevista para quinta-feira (4). Como medida imediata, Gaspar já solicitou ao presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), o envio de um ofício à Polícia Federal requisitando proteção ao advogado.
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