A proposta para Bolsonaro: Os timoneiros do centrão querem dar uma guinada para estibordo

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Depois das maciças manifestações desse domingo em várias capitais em prol da anistia, a maré virou e a direita deve ter um ‘mar de almirante’ pela frente – apesar das trovoadas vindas do STF. Segundo o cientista político Thomas Traumann, uma proposta ousada seria levada nessa semana ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse seria o mapa do tesouro eleitoral segundo caciques do Centrão. O governador Tarcísio se candidataria à presidente com Romeu Zema de vice e a primeira dama Michele no Senado, com apoio do PL, PP, União Brasil e PSD. Apesar de não termos a confirmação dessa informação, vamos avançar na hipótese proposta por Traumann.

Com a iminente condenação de Bolsonaro pelo STF, o Centrão se articula para preservar o capital eleitoral da direita em 2026. O primeiro passo seria a anistia geral (Bolsonaro incluso) porém sem reestabelecimento dos seus direitos políticos.

A movimentação envolve os principais caciques partidários: Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PL) e Antônio Rueda (União Brasil). O nome escolhido para herdar os votos de Bolsonaro seria Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, lançado como candidato à Presidência, tendo como vice o governador mineiro Romeu Zema (Novo).

Ambos carregam um discurso liberal na economia, alinhado à direita, com forte apelo no Sudeste além de comandarem os dois maiores colégios eleitorais do país. A Fiesp simpatiza muito com essa ideia já sussurrada entre o grande empresariado paulista faz algum tempo.

A família Bolsonaro não sairia com as mãos abanando, mesmo com Jair inelegível, o ex-presidente e o PL indicariam os principais candidatos ao Senado em todos os estados: Michelle no Distrito Federal, Eduardo em São Paulo, Flávio no Rio de Janeiro e Carlos em Santa Catarina.

Com exceção de Carlos ainda uma incógnita em SC, os outros devem se eleger com certa facilidade.

A recém-formada federação partidária União-Progressista (cuja saída do governo Lula já foi anunciada) também teria espaço assegurado, com a prerrogativa de indicar o segundo candidato a senador em cada estado. Dessa forma, o PL ficaria no comando da chapa presidencial, sob a bênção de Bolsonaro, enquanto os aliados reforçariam a musculatura política regional.

O PSD, de Gilberto Kassab também ficaria com boa parte desse bolo pois o candidato dessa grande aliança ao governo paulista seria o próprio Kassab, em troca do apoio nacional do seu PSD. Além de São Paulo o PSD receberia aval para disputar governos estaduais em Minas com Matheus Simões (ex-Novo), Alexandre Cury no Paraná – além de dois esquerdistas recém convertidos, Eduardo Paes no Rio de Janeiro, e Raquel Lyra em Pernambuco. Trata-se de uma equação complexa, mas considerada politicamente viável com certo grau de esforço.

Claro que esse não é o cenário perfeito para os bolsonaristas mas a política nunca foi espaço para a ‘perfeição’,  política é a arte do possível!

Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.