PF pede e STF nega prisão de advogado dono de um dos maiores escritórios do país, mas autoriza outras medidas
14/09/2025 às 09:17 Ler na área do assinanteO cerco da Polícia Federal nas investigações do escândalo do INSS, quase levou para a prisão o advogado Nelson Willians, sócio-fundador de um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil.
A PF identificou transferências financeiras suspeitas de R$ 28 milhões a um empresário investigado em esquema de fraudes nos descontos associativos do INSS. O ministro André Mendonça, do STF, negou o pedido na quinta-feira (11), mas autorizou buscas nos endereços do advogado.
O resultado dessas buscas realizadas no escritório de Nelson Willians poderã fatalmente ensejar novo pedido de prisão.
Mendonça no entanto, relator do inquérito da Operação Sem Desconto no Supremo Tribunal Federal, determinou a prisão de outros dois investigados: o empresário Maurício Camisotti, apontado como líder do esquema, e o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "o careca do INSS".
As investigações da PF apontam irregularidades nos valores arrecadados pela AMBEC (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos) na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social. O fluxo financeiro do esquema está conectado à "esfera de influência" de Camisotti, segundo os investigadores.
O relatório policial indica que a AMBEC é presidida pelo sobrinho de Camisotti e transferiu quantias milionárias para empresas ligadas a familiares do empresário. Os agentes federais identificaram uma rede de beneficiários conectados ao principal suspeito.
A PF descreve Antônio Carlos Camilo Antunes como articulador do esquema. O documento policial destaca:
"Antônio Camilo possui uma grande capacidade intimidatória, tendo em vista sua rede de contatos, sua influência política, sua capacidade financeira, seu modo destemido de agir, acreditando piamente na impunidade, sua proximidade com os demais investigados e testemunhas".
Wilians não estava entre os alvos iniciais da operação. Seu nome foi incluído posteriormente quando chamou "a atenção dos investigadores em razão de sua vinculação financeira e não apenas profissional com o empresário Maurício Camisotti", conforme o documento da PF.
Na avaliação do pedido de medidas cautelares, Mendonça considerou insuficientes as evidências contra Wilians. O ministro afirmou que "não foram apontados, de modo individualizado, atos que pudessem configurar risco de fuga, tentativa de obstrução direta das investigações, ou fossem aptos a configurar –com o rigor de probabilidade necessário – quadro de continuidade de práticas delitivas".
A operação resultou no cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. Durante as buscas na residência de Wilians, no Jardim Paulista, os agentes encontraram obras de arte, esculturas de bronze e relógios de luxo. Entre os itens apreendidos estavam cinco quadros assinados pelo pintor Di Cavalcanti.
A defesa de Nelson Wilians afirmou que sua relação com Camisotti é "estritamente profissional e legal" e que os valores transferidos correspondem à compra de um terreno. Os advogados ressaltaram que "a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade".
Os representantes de Camisotti contestaram a necessidade da prisão preventiva. Em comunicado, afirmaram que tomarão providências para "reverter a prisão e assegurar o pleno respeito aos direitos e garantias fundamentais do empresário".
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da Redação