
Derrite fecha o cerco e investigações avançam para desvendar o assassinato de ex-delegado geral de SP
17/09/2025 às 11:20 Ler na área do assinante
A Polícia Civil de São Paulo cumpriu nesta quarta-feira (17) oito mandados de busca e apreensão em endereços da capital e região metropolitana para investigar o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. O crime ocorreu na última segunda-feira em Praia Grande, litoral paulista. Autoridades investigam possível retaliação do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra o ex-chefe da polícia.
Durante as diligências, o DHPP ouviu a mãe de um dos suspeitos já identificados. O conteúdo do depoimento permanece em sigilo para preservar as investigações. Um homem também foi conduzido ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa para averiguação, mas foi descartado como envolvido direto no ataque.
Fontes foi executado enquanto dirigia na avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, na Vila Caiçara. Câmeras de segurança registraram o momento em que o veículo da vítima foi perseguido até colidir com um ônibus, quando atiradores se aproximaram e dispararam contra ele. O ataque aconteceu por volta das 18h20, conforme informou a Polícia Militar.
Dois pedestres que passavam pelo local também foram atingidos pelos tiros e receberam atendimento médico. A prefeitura de Praia Grande informou que um homem e uma mulher foram encaminhados ao pronto-socorro com ferimentos, mas não correm risco de morte.
O governador Tarcísio de Freitas determinou a formação de uma força-tarefa para identificar e capturar os responsáveis pelo homicídio. Equipes da Rota e do DHPP foram enviadas ao litoral para reforçar o policiamento. O secretário de Segurança Pública informou que dois envolvidos no crime foram identificados.
Fontes ocupou o cargo de delegado-geral da Polícia Civil entre 2019 e 2022, durante a gestão do então governador João Doria. Desde 2023, trabalhava na administração municipal de Praia Grande.
O ex-delegado ficou conhecido por desvendar a estrutura organizacional do PCC após o surgimento da facção nos presídios paulistas. Seus inquéritos foram fundamentais para as principais condenações de Marcola, líder máximo da organização criminosa.
Em 2019, Fontes determinou a transferência de 15 lideranças da cúpula do PCC, incluindo Marcola, que cumpriam pena em Presidente Venceslau para presídios federais. A decisão desagradou a facção, conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo, resultando em ameaças contra sua vida por "retaliação".
Três semanas antes de ser assassinado, o ex-delegado manifestou preocupação com sua segurança. Em entrevista a um podcast da rádio, Fontes declarou que estava "sozinho" na Baixada Santista, região historicamente dominada pelo PCC, e sem proteção do Estado.
Apurações indicam que o nome de Fontes foi mencionado por integrantes do PCC na mesma ocasião em que a facção planejou atentar contra o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya, do MP. O ex-delegado foi informado pessoalmente sobre o risco, mas a informação permaneceu restrita aos círculos de inteligência do Ministério Público.
A Polícia Federal identificou o plano de execução e realizou uma operação para desarticular a ação criminosa em março de 2023. O Departamento Estadual de Homicídios continua investigando se o crime foi motivado pela vingança da facção.
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