Delegado preso, que foi diretor da PF no Governo Lula, receberia R$ 27 milhões em esquema ilícito
18/09/2025 às 20:13 Ler na área do assinanteUm ex-diretor da Polícia Federal (PF), participava como sócio oculto de um esquema que lhe renderia aproximadamente R$ 27 milhões no setor de mineração. A prisão de Teixeira ocorreu na quarta-feira (17) durante operações da PF contra uma organização criminosa especializada em crimes ambientais e corrupção.
Rodrigo de Melo Teixeira, delegado da Polícia Federal de Minas Gerais (PF-MG) desde 1999, ficou conhecido por ser, inicialmente, o responsável pelo inquérito que investigou a facada sofrida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em Juiz de Fora, durante a campanha que o elegeu ao Palácio do Planalto. Ele foi exonerado do cargo em fevereiro de 2019, logo após a posse de Bolsonaro.
As investigações revelaram que Teixeira atuava nos bastidores da empresa GMAIS Ambiental, que em outubro de 2021 adquiriu 13,3% das cotas da Brava Mineração. A PF cumpriu 22 mandados de prisão e 79 de busca e apreensão durante as operações.
De acordo com as investigações, Rodrigo seria sócio de uma das empresas ligadas ao esquema que negociava direitos minerários por meio da organização criminosa que atuava em Minas Gerais. Sem citar nomes, a prisão do delegado foi confirmada pelo diretor de Crimes contra a Amazônia da PF, Humberto Freire, durante coletiva de imprensa. "Como aconteceu na semana passada, quando tivemos um delegado da Polícia Federal preso em uma operação, infelizmente hoje tivemos também um componente da Polícia Federal, um delegado, atingido por esta operação", afirmou.
Documentos analisados pelos investigadores mostram que a Brava recebeu gratuitamente direitos minerários que podem alcançar valores de mercado de até US$ 70 milhões. Tanto a GMAIS quanto a Brava compartilhavam o mesmo endereço de uma clínica estética, embora nenhuma das empresas funcionasse efetivamente no local.
O diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM) também foi alvo da operação. As investigações apontam que o grupo criminoso movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão através de atividades ilícitas relacionadas a crimes ambientais.
A operação "Rejeito", deflagrada nesta quarta-feira (17/9) pela Polícia Federal (PF), revelou um esquema criminoso de mineração ilegal que funcionava de forma organizada e sofisticada. Para manter a extração em áreas tombadas, como a Serra do Curral, em Belo Horizonte, e a Serra de Botafogo, em Ouro Preto, na região Central, o grupo de empresários recorria a um amplo esquema de corrupção.
Com os direitos minerários em mãos, o grupo negociou uma parceria com a Flapa Mineração em maio de 2023. A Flapa pagou aproximadamente R$ 2 milhões à Brava como garantia de preferência na compra dos direitos.
Foi constituída a Sociedade de Propósito Específico (SPE) denominada Hermes Mineração. Em junho de 2025, a Hermes exerceu seu direito de compra junto à Brava, pagando mais R$ 2,2 milhões após obter autorização da Vale para exploração do subsolo.
O acordo previa que a Brava receberia 6% sobre o faturamento bruto da exploração de minério de ferro pela SPE. Esse percentual equivaleria a aproximadamente R$ 203 milhões ao longo do período de exploração, baseado em uma produção anual estimada em 300 mil toneladas.
Um estudo encontrado no celular de um dos investigados projetava uma vida útil de 35 anos para a exploração, representando um faturamento total aproximado de R$ 3,9 bilhões. A participação de 13,3% da GMAIS na Brava garantiria a Teixeira e seu suposto sócio oculto, Gilberto Horta, cerca de R$ 27 milhões.
"Conclui então a investigação que Rodrigo Teixeira e Gilberto, por intermédio da GMAIS Ambiental (ela possui 13,3% da Brava), receberão a quantia de R$ 27.132.000,00 (vinte e sete milhões, cento e trinta e dois mil reais), sem nunca terem investido qualquer quantia", afirma trecho da decisão da Justiça Federal de Minas Gerais que autorizou as operações.
O grupo criminoso atuava corrompendo funcionários de órgãos estaduais e federais responsáveis pela fiscalização ambiental e de mineração. A rede envolvia integrantes do alto escalão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), do governo de Minas, e da Agência Nacional de Mineração (ANM), do governo federal. O objetivo era obter licenças e autorizações ambientais fraudulentas para viabilizar a exploração irregular de minério de ferro.
O atual superintendente da PF em Minas, Richard Macedo, reforçou o compromisso da instituição contra o crime. "A Polícia Federal não protege e não persegue ninguém. Esse é um mantra dentro da nossa instituição. Nós investigamos fatos. Aqueles que, porventura, tenham praticado fatos criminosos serão objeto das nossas investigações."
"A organização criminosa teria atuado para neutralizar a ação do Estado, dificultando as investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversos artifícios para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas", informou a PF em comunicado oficial.
Os envolvidos poderão responder por múltiplos crimes, incluindo infrações ambientais, usurpação de bens da União, corrupção ativa e passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e embaraçamento à investigação.
Rodrigo de Melo Teixeira é graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com especializações em Gestão de Segurança Pública, Política e Estratégia, e Direito Público. Na PF, exerceu funções de liderança em delegacias especializadas, na corregedoria e na superintendência.
Ele também atuou como secretário adjunto de Defesa Social de Minas Gerais, presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente e superintendente da PF em MG, quando ficou conhecido por iniciar as investigações da facada sofrida pelo presidente Jair Bolsonaro em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Rodrigo também deu início às investigações sobre o rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019. Ele foi exonerado em fevereiro do mesmo ano.
Na sequência, assumiu o cargo de secretário adjunto de Segurança de Belo Horizonte, na gestão do então prefeito Alexandre Kalil, e de diretor de Polícia Administrativa da PF. Atualmente, atuava como diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil.
Em nota, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) informou que não se manifesta sobre processos em andamento relacionados aos colaboradores. "Reiteramos nosso compromisso com a ética, a legalidade e a transparência, e permanecemos à disposição para colaborar com as autoridades competentes", garantiu.
A Semad e o governo de Minas também foram procurados, mas ainda não se manifestaram sobre a operação contra o alto escalão dos órgãos ambientais.
Já a ANM informou que, até o momento, não foi comunicada oficialmente pela PF sobre eventuais medidas envolvendo servidores ou dirigentes. "A ANM reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e a colaboração com as autoridades, sempre que formalmente demandada, observando o devido processo legal e a continuidade dos serviços regulatórios", concluiu.
O desespero é geral! Lula expôs sua verdadeira face, que sempre tentou esconder. Detalhes e revelações do passado do petista foram expostos no polêmico livro "O Homem Mais Desonesto do Brasil - A verdadeira face de Luiz Inácio Lula da Silva". Aproveite enquanto é tempo e adquira esse livro no link abaixo:
Veja a capa:
da Redação