
Corpos de homens que sumiram no Paraná são encontrados, mas mistério permanece
19/09/2025 às 13:43 Ler na área do assinante
A Polícia Civil do Paraná localizou os corpos dos quatro homens que estavam desaparecidos desde julho deste ano após uma cobrança de dívida. Os cadáveres foram encontrados nesta sexta-feira (19) em uma área de mata fechada na zona rural de Icaraíma, no noroeste paranaense, a aproximadamente 500 metros do local onde o veículo das vítimas havia sido descoberto enterrado no último final de semana.
As vítimas foram identificadas como Diego Henrique Afonso, Robishley Hirnani de Oliveira e Rafael Juliano Marascalchi, todos de São José do Rio Preto (SP), além de Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma. Os corpos apresentavam marcas de violência, incluindo sinais compatíveis com disparos de arma de fogo, e estavam em avançado estado de decomposição.
O delegado Gabriel Menezes, responsável pelas investigações, explicou que os cadáveres não foram adequadamente sepultados.
"Percebemos que elas não estavam realmente enterradas e haviam sido colocadas lá apenas para encobrir os corpos".
A área onde as vítimas foram encontradas é conhecida como rota do tráfico de drogas e possui diversos bunkers subterrâneos normalmente utilizados para esconder entorpecentes. Em operações anteriores no mesmo local, as autoridades já apreenderam mais de cinco toneladas de maconha escondidas nesses compartimentos.
O mistério permanece em torno de Antonio Buscariollo e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo. Eles são os principais suspeitos do crime e permanecem foragidos. De acordo com as investigações, eles seriam os devedores que foram cobrados pelas vítimas e teriam cometido os assassinatos para evitar o pagamento de uma dívida de 255 mil reais relacionada à venda de um terreno rural em Icaraíma.
Segundo apurado pela polícia, Alencar havia vendido uma propriedade para a família Buscariollo, mas não recebeu o valor combinado. Por isso, contratou os três cobradores paulistas para recuperar o montante devido, o que resultou no desaparecimento e morte dos quatro homens envolvidos na transação.
As investigações revelaram que Diego, Robishley e Rafael trabalhavam há pelo menos 13 anos no ramo de cobranças, utilizando métodos descritos pela polícia como agressivos e persuasivos. O trio chegou a Icaraíma no dia 4 de julho e fez um primeiro contato com os devedores, retornando no dia seguinte para continuar a cobrança.
Durante a viagem de São Paulo ao Paraná, os três cobradores publicaram uma fotografia nas redes sociais, registrando o momento em que estavam no veículo Fiat Toro, posteriormente encontrado enterrado na mesma região onde os corpos foram localizados. A partir do dia 5 de julho, eles perderam contato com seus familiares.
O delegado Gabriel Menezes destacou as dificuldades enfrentadas durante as investigações:
"Os familiares deles contribuíram [com as investigações], mas não conseguem passar informações precisas sobre o negócio porque nenhum dos cobradores esclarecia exatamente a suas esposas qual era o exato objeto da cobrança. Eles falaram para elas de forma genérica que estavam vindo para o Paraná para cobrar uma dívida que tinha relação com um imóvel, mas não passaram para elas as minúcias do negócio que poderiam ajudar nas investigações".
Familiares de Alencar também reportaram seu desaparecimento desde o meio-dia do dia 4 de julho. As últimas pessoas a terem contato com ele, conforme informações obtidas pela polícia, foram justamente Antonio e Paulo Ricardo Buscariollo, quando o vendedor do terreno teria realizado uma cobrança pessoal do valor devido.
Quando os desaparecimentos foram comunicados às autoridades, pai e filho Buscariollo prestaram depoimento e negaram qualquer envolvimento com a compra do terreno. Durante o interrogatório, eles apontaram outros dois familiares como os verdadeiros devedores no caso, versão que a polícia não conseguiu confirmar até o momento.
Antonio e Paulo Ricardo foram inicialmente liberados após o depoimento. Com o avanço das investigações, a justiça expediu mandados de prisão preventiva contra ambos. Quando as autoridades se dirigiram à residência da família para cumprir os mandados, não encontraram nenhum dos integrantes no local, o que levou à atual condição de foragidos.
A polícia continua as buscas pelos suspeitos e segue investigando outras possíveis linhas relacionadas ao caso. Os restos mortais foram encaminhados para exames periciais detalhados que poderão fornecer mais informações sobre as circunstâncias das mortes.
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