
Nem tudo que reluz é ouro: Lula, Trump e a diplomacia de aparências
24/09/2025 às 14:57 Ler na área do assinante
Em "O Mercador de Veneza", Shakespeare nos ensina uma lição atemporal: “Nem tudo que reluz é ouro”. A advertência aparece quando pretendentes de Porcia, atraídos pelo brilho de um cofre dourado, descobrem que a verdadeira escolha estava em outro lugar, menos reluzente, mas mais autêntico. Trata-se de uma metáfora poderosa sobre as ilusões do poder, da vaidade e das aparências que enganam.
Na última semana, o governo Lula ofereceu ao Brasil mais um episódio digno de comparação com a obra do bardo inglês. Em entrevista a uma jornalista estrangeira, Lula foi questionado três vezes por que não telefonara ao presidente Donald Trump para tratar do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. Escorregou, desconversou, não respondeu. Pouco depois, discursando na ONU, repetiu chavões de um terceiro-mundismo ultrapassado, fez apologia aos terroristas do Hamas, fabricou um genocídio em Gaza e mostrou o quanto o Brasil de hoje perdeu relevância na cena internacional.
Em contraste, Trump subiu ao púlpito com objetividade e força. Citou, entre outras coisas mais importantes, que havia encontrado Lula nos corredores da ONU e disse que conversaria com o brasileiro ainda esta semana. Bastou essa frase para que a imprensa militante se apressasse em vender a narrativa de que se tratava de uma vitória da diplomacia lulista, uma demonstração de que Lula teria mais influência sobre Trump do que figuras como Eduardo Bolsonaro ou Paulo Figueiredo, interlocutores reais do ex-presidente norte-americano.
Porém, como no cofre dourado de Shakespeare, o brilho era falso. Poucos minutos depois, o próprio chanceler brasileiro, Mauro Vieira, correu para anunciar que, por “motivos de agenda”, Lula não se encontraria com Trump. O ouro reluzente que a esquerda comemorava revelou-se mera pirita.
Assim como os personagens de "O Mercador de Veneza" foram enganados pela aparência, militantes e jornalistas lulistas compraram ouro de tolo. Trump não deu a Lula a legitimidade que o petista e sua imprensa ansiavam. O gesto foi protocolar, talvez até cordial, mas jamais político, e ainda assim, Lula se acovardou e fugiu.
O episódio deixa claro que a diplomacia brasileira sob Lula vive de encenação, não de substância. A diferença é que, no teatro de Shakespeare, ao final se descobre a verdade. Já no palco da política brasileira, muitos ainda insistem em acreditar que pirita é ouro.
Henrique Alves da Rocha
Coronel da Polícia Militar do Estado de Sergipe.