
A “sinuca de bico” meticulosamente imposta a Lula
25/09/2025 às 17:17 Ler na área do assinante
O jogo é tão brutal que complica a vida dos analistas políticos, fazendo com que a comemoração precoce vire uma vergonhosa análise estúpida, horas depois.
Perceba os fatos, não as manchetes:
Lula criou o seguinte cenário favorável a ele:
"Trump não quis dialogar com o presidente do Brasil porque foi enganado com falsas informações por Eduardo Bolsonaro" (o mundo acreditou, a direita riu e a esquerda rangeu os dentes de raiva).
Em entrevista ao Canal BBC, a jornalista questionou várias vezes se Lula teria telefonado, ele enrolou, mas acabou confessando que nunca fez o telefonema para tentar falar com Trump.
Na ONU, diante dos olhares do mundo, Lula fez um discurso rigoroso contra sanções e tarifas dos EUA e tentou sair discretamente, mas quando Trump entrou não rebateu, apenas fez questão de adoçar a relação com Lula e de dizer que "já marcaram" um encontro para a próxima semana.
A imprensa militante imediatamente comemorou a derrota de Eduardo e o ganho de musculatura política de Lula diante de Trump que, em tese, teria se rendido aos encantos de Lula em meros 39 segundos de encontro, quiçá 1 hora...
Mas miutos depois da ejaculação precoce a ficha começa a cair e a orientação é que a "redenção de Trump" se torne apenas um telefonema sigiloso porque Lula está ocupado demais para resolver a tarifa que poderia "acabar com o Brasil".
Horas depois, intencionalmente, a ONU divulgou a foto de Trump assistindo ao discurso de Lula nos bastidores, o que fez a imprensa militante se arrepender da primeira análise emocionada sobre os poderes encantadores de Lula.
Obviamente todos lembraram de Zelenski, Presidente da Ucrânia, (que parece não temer Putin e seu poderoso exército russo), sentado no salão oval de cabeça baixa, ouvindo insultos de Trump como se fosse um menino que fez uma travessura.
Trump tenta demonstrar poder o tempo todo, desde seu aperto de mãos e não perderia a oportunidade de falar sobre a interferência dos EUA de Biden nas eleições brasileiras; sobre Moraes e suas decisões contra empresas americanas e sobre ter sofrido a mesma perseguição de Bolsonaro, para ser retirado da disputa presidencial. Ele usará este encontro para apaziguar ou para reforçar seu nome diante dos americanos que não gostaram de saber que usaram seus impostos em eleições de outro país?
Não vejo um recuo de Trump, muito pelo contrário!
Agora Lula está onde NÃO QUERIA ESTAR DESDE O INÍCIO, em posição de diálogo e mesmo que consiga fugir da humilhação no salão oval, não poderá garantir que Trump não irá divulgar as imagens do telefonema.
Raquel Brugnera
Pós Graduando em Comunicação Eleitoral, Estratégia e Marketing Político - Universidade Estácio de Sá - RJ.