Sigilosamente PF faz nova operação contra esquema de venda de sentenças no STJ
06/10/2025 às 08:10 Ler na área do assinanteA Polícia Federal (PF) realizou busca e apreensão na casa de Andreson de Oliveira Gonçalves em Primavera do Leste, Mato Grosso, na sexta-feira (3). A ação integra nova fase da Operação Sisamnes, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a diligência, agentes federais prenderam Dejair Silvestre dos Santos, policial militar aposentado que trabalhava como segurança do investigado, por obstrução à Justiça. Segundo uma fonte, o ex-PM tentou esconder um celular após a chegada da PF, o que configurou o crime.
A Corregedoria-Geral da Polícia Militar de MT informou que abrirá sindicância para apurar a conduta do policial aposentado. A defesa de Dejair afirmou que ainda não teve acesso completo aos detalhes da prisão, mas garantiu presença na audiência de custódia.
Andreson Gonçalves cumpre prisão domiciliar desde julho deste ano, benefício concedido após comprovação de grave deterioração de sua saúde durante o período em que esteve encarcerado. Ele é apontado como intermediador na comercialização de decisões judiciais em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A nova fase da operação está sendo mantida sob sigilo, determinado pelo ministro Cristiano Zanin, que sequer autorizou a confirmação oficial da ação. A informação sobre a operação foi inicialmente divulgada pelo jornal FolhaMax.
Pessoas que acompanham o caso entendem que, se a suspeita é de continuidade na atividade criminosa, seria o caso de prisão, exceto pela fragilidade de seu estado de saúde. O ministro Zanin designou um perito para verificar as reais condições de saúde de Gonçalves.
Investigações da PF indicam que o lobista teria facilitado contatos entre os desembargadores do Tribunal de Justiça de MT, Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, e o advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023. O conteúdo encontrado no celular de Zampieri foi determinante para o afastamento dos magistrados, que agora utilizam tornozeleiras eletrônicas.
O investigado também foi alvo da Operação Ultima Ratio, em outubro de 2024, que resultou no afastamento de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, todos investigados por suspeitas de participação em esquemas de corrupção e venda de sentenças.
HISTÓRICO DO EMPRESÁRIO NA MIRA DA PF
Andreson Gonçalves atua no setor de transportes em diversos estados brasileiros e foi detido em novembro de 2024. O empresário mantinha perfil discreto e não possuía contas em redes sociais. Em 2022, ele respondeu a uma denúncia por violência doméstica, mas o processo foi arquivado no ano seguinte após a vítima desistir da acusação.
O lobista entrou no radar das autoridades ao se tornar alvo das operações Ultima Ratio e Sisamnes. Para a PF, ele ocupa posição central no esquema de comercialização de decisões judiciais envolvendo magistrados de MT e MS.
As apurações começaram em agosto de 2024, quando a análise do celular do advogado Roberto Zampieri revelou mensagens indicativas de negociação de sentenças. Essas provas fundamentaram o afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho do TJ-MT.
De acordo com a investigação policial, as conversas sugeriam que o empresário teria aproximado Zampieri dos magistrados. Na operação Sisamnes, além da prisão do lobista, foram realizadas buscas nas residências dos desembargadores, posteriormente monitorados com tornozeleiras eletrônicas.
CONDIÇÃO MÉDICA E SITUAÇÃO PRISIONAL
Em 2020, Andreson Gonçalves passou por uma cirurgia denominada gastrectomia vertical com interposição ileal. Este procedimento, que envolve a remoção de parte do intestino, afeta significativamente a digestão e absorção de nutrientes pelo organismo.
Durante sua detenção na Penitenciária Central do Estado em Cuiabá, em fevereiro de 2025, seus advogados solicitaram à Justiça alimentação especializada compatível com sua condição médica. O Tribunal aceitou o pedido e autorizou o fornecimento de refeições específicas três vezes por semana, incluindo alimentos como carne assada, atum e chocolates, adequados às suas restrições alimentares.
Apesar da autorização judicial para dieta especial, a saúde do empresário piorou consideravelmente. Exames periciais realizados oito meses após sua prisão documentaram quadro de extrema debilidade física, com aparência esquelética, evidenciando grave comprometimento nutricional durante o período de encarceramento.
A defesa de Andreson argumentou que ele sofreu diversas crises dentro do presídio, com significativo comprometimento psicológico e acentuada perda de peso. Segundo os advogados, esses problemas foram intensificados pela alimentação inadequada e pelo isolamento familiar durante sua permanência na PCE, fatores que levaram à concessão da prisão domiciliar em julho deste ano.
ESQUEMA SOFISTICADO DE VENDA DE SENTENÇAS
Com uma carteira onde se lia "OAB" no bolso, Andreson de Oliveira Gonçalves circulava pelos corredores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) como se fosse advogado. Nunca foi – o documento, que remetia à OAB do Pará, era falsificado. Mas, segundo a Polícia Federal, a sua influência era real: intermediava votos de ministros, distribuía minutas de decisões antes da hora e pagava magistrados e auxiliares com milhões de reais.
Nessa investigação intrincada, iniciada com a análise dos conteúdos do celular do advogado Roberto Zampieri, Gonçalves foi o primeiro personagem a saltar aos olhos das autoridades. As mensagens trocadas entre o advogado e o lobista mostravam conexões e pagamentos entre empresários, desembargadores de Mato Grosso e servidores do STJ.
Com a esposa, a advogada Mirian Ribeiro Gonçalves, formava um casal eficiente: ela assinava contratos e petições, dando aparência legal às operações, enquanto ele se vangloriava de entregar decisões encomendadas. As investigações apontam que sua empresa, Florais Transportes, foi usada para distribuir propinas em Mato Grosso, com repasses superiores a seis milhões de reais a familiares de um juiz estadual. Também surgiram indícios de vantagens a desembargadores, como contratos advocatícios firmados com filhos de magistrados, presentes de luxo e até barras de ouro.
As revelações da Sisamnes expuseram uma vulnerabilidade inédita no STJ: arquivos apreendidos mostram minutas de votos circulando fora do tribunal, com suspeita de vazamentos em ao menos oito gabinetes. Até agora, em sindicância interna, o STJ demitiu um único servidor, Márcio José Toledo Pinto, que foi auxiliar do gabinete de duas ministras, Isabel Gallotti e Nancy Andrighi. Segundo a investigação da PF, Pinto vazava minutas de decisões, e uma empresa criada por ele em nome da esposa, a Marvan, recebia cifras milionárias da Florais, a firma de Anderson.
Ministros do STJ se defendem, mas admitem, em privado, que a crise não se limita a indivíduos, mas atinge a própria imagem da corte, que tenta reagir em meio ao constrangimento e à pressão por transparência.
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da Redação