
Governador liderava esquema de corrupção e 1ª dama atuava ativamente juntamente com o ex-marido
06/10/2025 às 12:52 Ler na área do assinante
Wanderlei Barbosa (Republicanos), governador afastado do Tocantins, é apontado como líder de um esquema que desviou R$ 73 milhões dos cofres públicos entre 2020 e 2021. A investigação, conduzida pela Polícia Federal, identificou fraudes na distribuição de cestas básicas quando Barbosa ainda ocupava o cargo de vice-governador.
A primeira-dama Karynne Sotero também está envolvida nas investigações, junto com três operadores principais. De acordo com a PF, o grupo utilizava empresas de fachada para simular entregas de cestas básicas que não chegavam à população.
Durante buscas realizadas em setembro, agentes federais encontraram R$ 52 mil em um compartimento escondido na casa de Wanderlei. Em outro endereço ligado a um dos investigados, foram apreendidos aproximadamente R$ 700 mil em espécie.
O mecanismo fraudulento incluía a declaração oficial de quantidades superiores às efetivamente distribuídas. Empresários assinavam múltiplos recibos ou devolviam as cestas não entregues, segundo as investigações.
No período investigado, Wanderlei controlava a distribuição dos alimentos por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Karynne Sotero atuava como intermediária entre o esquema e o empresário Paulo César Lustosa, conhecido como "PC", que é seu ex-marido. O grupo operacional incluía ainda Wilton Rosa Pires, irmão de Lustosa, e Maria Socorro Guimarães, identificada como "Bispa".
As investigações também apontaram o envolvimento de Rérison Castro, filho do governador. Segundo a PF, ele teria sido usado como laranja para ocultar a propriedade de um resort construído com recursos desviados.
Além das fraudes com cestas básicas, o grupo implementou um sistema de cobrança de propina para antecipar pagamentos devidos pelo governo estadual a empresários. A negociação dessas propinas era conduzida pela "Bispa Socorro", conforme as investigações.
Wanderlei assumiu o governo do Tocantins em outubro de 2021, após o afastamento do então governador Mauro Carlesse (PP), também por acusações de corrupção. Em 2022, Barbosa foi reeleito no primeiro turno com 58% dos votos válidos.
O cenário político do Tocantins mostra um padrão na gestão estadual. Antes de Wanderlei e Carlesse, o ex-governador Marcelo de Carvalho Miranda (MDB) também foi removido do cargo por denúncias de corrupção, tendo sido cassado pelo TSE em 2009 e 2018. Os três últimos governadores eleitos pelo voto popular no Estado não completaram seus mandatos devido a decisões judiciais.
A defesa de Wanderlei Barbosa negou as acusações, argumentando que, como vice-governador no período investigado, ele não tinha controle sobre os repasses financeiros. Os advogados de Karynne Sotero também contestaram as alegações, afirmando que a primeira-dama não mantém contato com PC Lustosa desde 2017.
A defesa de Lustosa afirmou que o empresário nunca violou a lei, enquanto os representantes legais de seu irmão, Wilton Rosa, declararam que ele jamais estabeleceu contratos com o Estado. A "Bispa Socorro" não se manifestou quando procurada.
Wanderlei Barbosa está afastado do cargo desde setembro de 2025, por determinação do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça. A medida, com duração prevista de seis meses, foi tomada no contexto da segunda fase da operação Fames-19, deflagrada pela Polícia Federal em 3 de setembro.
Segundo a PF, há indícios de que o grupo investigado aproveitou-se do estado de emergência em saúde e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. A corporação identificou na investigação a existência de um "núcleo de agentes políticos" no esquema.
"Na cúpula do esquema foi identificada a atuação de agentes do alto escalão do governo do Estado do Tocantins, iniciando pelo atual governador do Estado, Wanderlei Barbosa Castro, e por sua esposa Karynne Sotero", apontou a PF em seus relatórios.
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