17,7 milhões de brasileiros apostam e mais de 15 mil sites ilegais são bloqueados: balanço do mercado de quota fix
06/10/2025 às 19:02 Ler na área do assinanteNo primeiro semestre de 2025, o mercado regulado de apostas de quota fixa no Brasil apresentou um marco que evidencia tanto seu crescimento quanto os desafios que precisa enfrentar. Foram registrados 17,7 milhões de brasileiros realizando apostas em plataformas autorizadas, onde pode encontrar os melhores bonus sem depósito, enquanto a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) bloqueou 15.463 sites ilegais desde outubro de 2024.
O mercado de apostas de quota fixa legalmente estruturado conta atualmente com 78 empresas autorizadas e monitoradas pela SPA-MF. As regras completas de regulamentação, embora sancionadas anteriormente, tornaram-se plenamente exigíveis desde o início deste ano, de modo que empresas operando no setor são acompanhadas quanto ao cumprimento de normas de segurança, transparência e publicidade.
Contexto regulatório e operacional
O balanço, divulgado pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA-MF) do Ministério da Fazenda, mostra que as normas regulatórias começaram a surtir efeito, impulsionando a formalização, a arrecadação e o controle sobre abusos no setor. Em paralelo ao bloqueio de sites ilegais, há atuação crescente junto às instituições financeiras e de pagamento: contas suspeitas têm sido encerradas, empresas ilegais notificadas e propagandas inadequadas removidas.
Os números em detalhe e perfil dos apostadores
Segundo o relatório do Sistema Geral de Gestão de Apostas (Sigap), dos 17,7 milhões de apostadores, 71% são homens e 28,9% mulheres. Quanto à faixa etária, predominam aqueles entre 31 e 40 anos com 27,8%, seguidos de 18-25 anos (22,4%), 25-30 anos (22,2%), entre 41-50 anos (16,9%) e faixas acima disso com percentuais menores.
A receita bruta (Gross Gaming Revenue - GGR) dessas empresas totalizou R$ 17,4 bilhões no semestre, valor que considera todo o montante apostado menos os prêmios pagos. Fazendo a divisão pela quantidade de apostadores ativos, chega-se a um gasto médio por usuário de R$ 983 no semestre, ou cerca de R$ 164 por mês.
Ação contra o mercado ilegal
O bloqueio de mais de 15 mil páginas de apostas ilegais pela Anatel representa uma das ações mais visíveis do esforço regulatório. A SPA-MF também levou à suspensão de contas bancárias vinculadas a plataformas não autorizadas, por meio de notificações a instituições financeiras (IFs) e instituições de pagamento (IPs). Foram encerradas contas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas com apostas ilegais. A publicidade irregular também recebeu atenção: houve remoção de páginas de influenciadores, perfis e publicações que promoviam apostas de sites ilegais com práticas enganosas.
Essas medidas têm duplo efeito: dificultam o acesso a sites clandestinos, reduzindo as opções para quem não está atento, e aumentam a visibilidade das plataformas licenciadas e seguras, reforçando a confiança do consumidor.
Arrecadação e receitas públicas
O governo também colheu frutos financeiros com a regulamentação efetiva. A arrecadação federativa resultante das operadoras autorizadas girou em torno de R$ 3,8 bilhões no semestre, considerando impostos como IRPJ, CSLL, PIS/Cofins e contribuições previdenciárias. Parte disso corresponde às destinações sociais previstas em lei.
Além disso, as outorgas de autorização pagas pelas operadoras somaram cerca de R$ 2,2 bilhões, e taxas de fiscalização giraram em torno de R$ 50 milhões. Esses valores demonstram que o setor aporta recursos relevantes aos cofres públicos, contribuindo para políticas públicas e para o fortalecimento da infraestrutura regulatória.
Implicações para consumidores e comportamento
Para os adeptos das apostas online, o relatório traz sinais de amadurecimento do setor. O fato de que empresas são fiscalizadas, que há controle sobre publicidade e que o mercado ilegal está sendo ativo bloqueado ajuda a garantir maior segurança, proteção ao consumidor e previsibilidade de operação.
Os perfis demográficos também ajudam no entendimento de como as apostas se inserem na rotina de muitos brasileiros: pessoas com comportamento digital, familiaridade com apps e plataformas online, capacidade de risco moderado e preferências por jogos acessíveis. Contudo, esse crescimento exige atenção: gasto médio de R$ 164 por mês pode parecer baixo para alguns, mas se repetido sem controle, pode gerar impacto financeiro, especialmente em regiões ou contextos com menor renda disponível.
Oportunidades e caminhos a seguir
Diante desse cenário, há espaço para ampliar boas práticas. Algumas possibilidades incluem:
- Campanhas educativas mais intensas para que o público saiba escolher plataformas confiáveis, entender termos de uso, reconhecer publicidade fraudulenta;
- Ferramentas de jogo responsável com visibilidade maior: limites de depósito automatizados, alertas de tempo jogado, relatórios claros de atividades;
- Aumento da cooperação entre autoridades reguladoras, operadoras, instituições financeiras e plataformas digitais para monitoramento, bloqueio de publicidade e rastreamento de irregularidades;
- Transparência contínua nos dados e estatísticas divulgadas, para que relatórios semestrais ou anuais possam indicar tendências, melhorias ou áreas de risco.
Por fim
O balanço divulgado pela SPA-MF é claro: o mercado de apostas de quota fixa no Brasil já atingiu escala relevante, com 17,7 milhões de apostadores e movimentação expressiva de receita bruta, ao mesmo tempo que demonstra compromisso do poder público de combater irregularidades.
Bloqueios de sites ilegais, desligamento de contas ligadas ao mercado irregular, fiscalização ativa e normas claras para empresas autorizadas indicam que a regulação está fazendo diferença. Apesar de tudo, o caminho ainda é longo. É fundamental manter o ritmo de fiscalização, educação do consumidor e transparência. Apostar deve ser uma escolha consciente, quando é legal, segura e informada.