O fundão de quase R$ 5 bilhões que todos concordam, menos o povo
10/10/2025 às 07:27 Ler na área do assinanteO caixa das campanhas eleitorais vai engordar. A Comissão Mista de Orçamento aprovou uma mudança que eleva o Fundo Eleitoral — dinheiro público destinado a campanhas políticas — de R$ 1 bilhão para R$ 4,9 bilhões nas eleições de 2026.
EXPLICANDO O FUNDÃO
Desde que o STF proibiu doações de empresas, a princípio para evitar segundas intenções, um Fundo abastecido com recursos públicos virou a principal fonte de dinheiro das campanhas dos partidos.
Atualmente, as campanhas eleitorais no Brasil podem ser financiadas apenas por doações de pessoas físicas.
O governo havia reservado R$ 1 bilhão para o Fundo em 2026, mas o deputado federal Isnaldo Bulhões, do MDB, apontou que deveria ser mantido os mesmos R$ 4,9 bilhões das duas últimas eleições (2022 e 2024).
Com essa mudança, o Fundão tem uma alta de 390%. Todo esse montante extra virá de duas fontes:
- R$ 3,9 bilhões das emendas de bancada, ou seja, que seria uma verba destinada a obras e projetos nos estados;
- R$ 1 bilhão de cortes em outras despesas do governo.
Na prática, o dinheiro público que financiaria investimentos locais agora vai para campanhas políticas. A decisão teve um clima quase de unanimidade, com apoio tanto do PT como do PL (governo e oposição).
Em síntese, tanto políticos do governo quanto da oposição batalharam para que essa situação ocorresse ou, no mínimo, se omitiram e depois concordaram.
Enquanto os aumentos salariais beiram 6% o FUNDÃO extrapola qualquer tipo de aceitação popular.
No que tange estarem destinando valores das emendas parlamentares para o FUNDÃO, fica mais que claro que ambos os fundos orçamentários são na verdade uma forma de cooptar parlamentares.
Lamenta-se profundamente os outros bilhão de reais em que serão amealhados a partir de cortes em despesas do governo, porém NÃO EM VIAGENS ou algo assim, mas como sempre na EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA PÚBLICA e INSS (entre outros).
Nesse instante as casas do CONGRESSO se unem e mostram a que vieram realmente.
GOVERNO REGISTRA DÉFICIT DE R$ 17 BI EM AGOSTO
O setor público brasileiro — que inclui governo federal, estados, municípios e empresas estatais — fechou agosto com um déficit primário de R$ 17,25 bilhões.
Traduzindo, o Estado brasileiro gastou mais do que arrecadou.
O mercado esperava um rombo ainda pior, de R$ 19,1 bilhões, e o resultado foi o melhor para o mês de agosto desde 2021. (como poder demonstrar que o pior nem é tão pior assim).
Olhando para o todo, o governo segue no vermelho e o ajuste das contas públicas ainda não aconteceu. De janeiro a agosto, o déficit acumulado chega a R$ 61,8 bilhões, o equivalente a 0,74% do PIB.
QUEM MAIS PESA NESSA CONTA É O GOVERNO FEDERAL, COM UM DÉFICIT DE R$ 84,6 BILHÕES
Quem aparece como exceção ao rombo são os estados e municípios, que somam um superávit de R$ 31,1 bilhões.
E na verdade, apesar desses valores todos, o governo gasta muito mais que arrecada.
Notadamente com viagens e despesas com cartões corporativos além de “molhar” a mão dos políticos com as emendas sempre suspeitas de nunca chegarem completas ao seu destino.
A leitura do mercado para o número de agosto é de que há certo avanço, mas ainda longe do necessário para resolver o desafio fiscal.
A dívida pública bruta chegou a 77,5% do PIB, e o cenário de juros altos mantém o ajuste das contas como uma tarefa de longo prazo.
Mas a mídia que assessora o governo continua calada.
Como diria Mirian Leitão “Nem todo aumento de imposto é ruim”, perdeu excelente oportunidade de “bajular” o governo novamente.
Jayme Rizolli
Jornalista.