Sempre na crista da onda, Brasil cria a figura do "nepobaby" estatal

Ler na área do assinante

‘Nepo Baby’ é uma gíria americana aplicada a filhos mimados de políticos e celebridades – a expressão é uma abreviação de "nepotism baby" (bebê do nepotismo). Como o Brasil é hightech em assuntos que envolvem mordomias e benesses, criamos agora a figura do Nepo Baby estatal, vamos ao caso. Os filhos de Inácio Cavalcante Melo, presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB) – estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia que ninguém sabia da existência até então. 

Os ‘herdeiros-estatais’ hospedaram-se em hotéis de luxo Florianópolis (SC) e Maceió (AL) com despesas custeadas com recursos públicos. Nas viagens, que ocorreram na companhia do pai, foi registrado até consumo de camarão flambado. Melo foi indicado para o comando da empresa pela senadora Eliziane Gama (PSD), com quem era casado na ocasião. Em Florianópolis, o documento registra diária de R$ 3.667 em uma suíte executiva do BT Florianópolis Hotéis Ltda., entre 13 e 16 de janeiro de 2025, além de taxa de hospedagem de R$ 91,66. O valor total da conta chegou a R$ 3.758,68. Na sequência, em Maceió, outra nota fiscal emitida pelo Hotel Brisa Suítes, na avenida Doutor Antônio Gouveia, bairro Pajuçara, aponta diárias de R$ 4.665, também pagas com verba da estatal. O registro lista três hóspedes: Inácio Melo, presidente da estatal, e dois filhos.

Que legal, agora os brasileiros que gostam de gritar ‘O PETRÓLEO É NOSSO!’

Podem gritar também: ‘A GEOLOGIA É NOSSA!’

Afinal para que servem nossas estatais senão dar uma vida de rei aos políticos, seus filhos, cônjuges, ex-cônjuges e agregados?

Foto de Eduardo Negrão

Eduardo Negrão

Consultor político e autor de "Terrorismo Global" e "México pecado ao sul do Rio Grande" ambos pela Scortecci Editora.