Barroso: o ministro que saiu antes da hora, mas que já vai tarde

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A aposentadoria antecipada de Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, soa menos como um gesto de descanso em busca de “aprofundamento existencial” e mais como uma estratégia de autoproteção, após anos de exposições desnecessárias e inegável desgaste político.

Durante sua trajetória, Barroso revelou um perfil ideológico, por vezes muito distante da discrição necessária — e indispensável — a um ministro do STF. Frases como “Eleição não se ganha, se toma”, “Perdeu, mané” e “Acabamos com o bolsonarismo” ilustram uma postura de vaidade intelectual, soberba moral e senso de superioridade que o transformou em figura polêmica.

Mostrou-se com frequência autoritário e egocêntrico, adotando posturas não bem sintonizadas com a sobriedade judicial.

Revelou-se debochado e arrogante, sensível a críticas e propenso a intervenções fora do âmbito técnico, parecendo mais interessado em holofotes do que na institucionalidade esperada de um juiz constitucional.

Confundiu, muitas vezes a meu ver, o papel técnico do magistrado com o de protagonista político. Em outros  momentos, pareceu nada empenhado em construir uma reputação sólida e discreta como juiz da Suprema Corte.

Com capital intelectual inegável, mas legado institucional frágil, Barroso deixa o Supremo com a lembrança de um protagonismo que custou caro à sua carreira de ministro, que agora se encerra de forma até certo ponto melancólica.

Sua excelência sai do STF muito menor do que entrou.

E, "data vênia", a meu juízo, já vai tarde!

(*Expresso aqui uma opinião pessoal, como advogado com mais de 40 anos de atividade, no legítimo e constitucional exercício da liberdade de expressão sem qualquer imputação de fato ilícito ou ofensa pessoal).

Foto de Luiz Carlos Nemetz

Luiz Carlos Nemetz

Advogado membro do Conselho Gestor da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes, professor, autor de obras na área do direito e literárias e conferencista. @LCNemetz