
“No front da barbárie do Rio: operação revela que traficantes são bandidos — e não vítimas da sociedade” (veja o vídeo)
29/10/2025 às 07:04 Ler na área do assinante
Na manhã desta terça-feira, a cidade do Rio de Janeiro viveu um dos episódios mais graves de sua história recente em matéria de segurança pública. Durante uma operação de larga escala, as forças de segurança estaduais deflagraram um ataque contra a facção Comando Vermelho nos complexos da Complexo do Alemão e da Complexo da Penha (Zona Norte), com números que impressionam: mais de 60 mortos, cerca de 80 prisões e dezenas de armas de grosso calibre apreendidas.
O que aconteceu
– Cerca de 2 500 agentes das forças de segurança participaram da ação, considerada a maior da história do estado.
– Os alvos principais eram lideranças da facção Comando Vermelho, que opera no tráfico de drogas, armas e aliciamento de menores em várias comunidades do Rio.
– Durante a intervenção, foram usadas viaturas blindadas, helicópteros e até relatos de drones usados pelos criminosos para atacar policiais.
– O confronto provocou incêndios em barricadas, fechamento de escolas, interrupção de ônibus e grande temor entre moradores das comunidades envolvidas.
O problema da criminalidade — e a reflexão que se impõe
Este episódio reforça com brutal clareza que a criminalidade organizada no Rio e no Brasil já não é mero fruto de “exclusão social” ou “vitimização” circunstancial — estamos diante de grupos que exercem poder paralelo, traficam drogas em escala industrial, importam armas, recrutam jovens e desafiam o Estado.
A narrativa recorrente de que “o traficante é vítima da sociedade” não se sustenta frente a fatos como estes: corporações criminosas operando como verdadeiros “Estados dentro do Estado”.
É urgente reconhecer que:
• A presença desses grupos deteriora a vida de centenas de milhares de moradores de favelas, que vivem sob o jugo do medo, do controle territorial e da extorsão.
• A criminalidade não se limita à “falta de oportunidade” — ela se organiza, lucra, exporta e impõe regras.
• O enfrentamento exige mais do que retórica; exige políticas públicas de prevenção, repressão, inteligência, recuperação urbana e reinserção — mas também firmeza para não romantizar ou humanizar quem lucra com o caos.
Perspectivas e desafios
• Além da operação, resta saber como o Estado lidará com a retaliação: se haverá reforço permanente, apoio federal, e estratégia de longo prazo. O governador ressaltou que “o Rio está sozinho nesta guerra”.
• Há críticas de que operações tão violentas atingem em cheio comunidades vulneráveis, e que a “guerra às drogas” no modelo atual precisa ser revista.
• Mas a verdade incômoda permanece: traficantes armados, com drones e fuzis, não são vítimas passivas — são autores de violência sistemática.
Veja o vídeo:
Emílio Kerber Filho
Jornalista e escritor
Autor do livro “Por trás das grades - O diário de Anne Brasil”.












