Idealizador do filme Tropa de Elite afirma que expansão das facções ameaça a soberania nacional

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O ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e idealizador do filme "Tropa de Elite", Rodrigo Pimentel  afirmou que a expansão territorial das facções criminosas no Brasil representa uma ameaça à soberania nacional. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (28), ele comparou a situação brasileira com a colombiana, considerando o cenário nacional mais grave.

"Não há em Bogotá ou Medelín áreas urbanas dominadas como as do Rio. Esqueça a Colômbia. Lá temos áreas rurais ocupadas por resquícios das Farc. Urbanas, não", declarou Pimentel.

A declaração ocorre no mesmo dia da megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, que resultou em 64 mortes, incluindo quatro policiais. A ação mobilizou 2.500 agentes de segurança.

O ex-capitão, formado em sociologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), defende que o Brasil enfrenta um "Conflito Armado Não Internacional" (Cani).

"O que temos hoje é uma situação de Conflito Armado Não Internacional (Cani), que contrapõe numa guerra prolongada forças governamentais e forças irregulares em torno de questões como domínio territorial. Vimos isso na Síria, vemos em Burkina Fasso e na Nigéria", explicou.

Pimentel lamenta que esta perspectiva não seja amplamente aceita.

"A imprensa brasileira não entende assim; a Folha não entende assim; o STF não entende assim; o ministro Ricardo Lewandowski não entende assim; o Lula não entende assim e boa parte da esquerda brasileira também não entende assim", afirmou.

Durante a operação no Rio, o Comando Vermelho utilizou táticas como fechamento de ruas com barricadas e veículos, classificadas por Pimentel como "uma ação típica de terrorismo". Criminosos também teriam usado drones para lançar bombas contra policiais e moradores no Complexo da Penha.

"Tivéssemos nove, quinze bandidos armados com revólveres ou pistolas, a polícia iria tirar de letra. A questão é que são 700, 800 bandidos, todos armados com fuzis. É muita força para você enfrentar", disse o ex-capitão.

Ele apontou limitações operacionais no combate ao crime organizado.

"Você não tem autorização judicial para vasculhar todas as casas. Entre 2010 e 2012 o Exército ficou 19 meses no Complexo do Alemão, mas não pôde apreender as armas, que ficaram lá, escondidas. Foi uma ocupação perdida", relatou.

A dificuldade de acesso às comunidades vai além da topografia.

"Hoje temos favelas planas, edificadas e urbanizadas, onde a dificuldade de acesso também impera. Há cinco meses a PM tentou entrar na Cidade Alta, um conjunto de prédios à beira da avenida Brasil, e não conseguiu. O obstáculo não é a topografia, mas o número de fuzis", explicou.

Pimentel cobrou posicionamento de organizações da sociedade civil sobre a violência entre facções. "Eu estou aguardando a ONG Fogo Cruzado, de quem eu gosto muito —muito, mesmo—, se pronunciar sobre a morte da dona Marli, que morreu dentro de casa com um tiro na cabeça num conflito entre facções. Não tinha polícia e mataram dois inocentes. Mas isso eles não falam", declarou.

O domínio territorial das facções afeta diretamente os moradores. "Temos moradores expulsos de suas casas todo dia. Mas não é uma expulsão com fuzil na cara. É algo muito velado. Passa alguém e picha na parede a expressão 'vaza'. Aquilo gera um clima de terror e todo mundo foge", descreveu.

"Temos quatro milhões de pessoas vivendo atrás de barricadas. É uma humilhação para o morador e para o próprio país, cuja soberania é colocada em teste", afirmou. "São pessoas que vivem sob as leis das facções. O morador odeia o tráfico, odeia a milícia. O morador quer a dignidade, quer o direito de viver e a cidadania", acrescentou.

O ex-capitão criticou a ausência de posicionamento das autoridades. 

"A barricada é o início da marcação do feudo, mas você não vai encontrar uma declaração do ministro Lewandowski sobre isso", disse.

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da Redação