Luciano Huck e o discurso hipócrita da “boa polícia”

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As operações policiais realizadas nas favelas do Alemão e da Penha continuam repercutindo em todo o país. Foram ações de grande impacto, apoiadas pela esmagadora maioria da população local e pela imensa maioria dos brasileiros, conforme revelam as pesquisas mais recentes. O povo entendeu o essencial: a operação foi um ato de coragem, uma resposta legítima ao avanço do narcoterrorismo que há décadas oprime comunidades e desafia o Estado brasileiro.

Mas, enquanto o cidadão comum reconhece o esforço e o sacrifício das forças de segurança, parte da elite da comunicação insiste em distorcer a realidade. No último domingo, o apresentador Luciano Huck usou o espaço de seu programa para repetir o discurso desgastado e militante da esquerda lulopetista, aquele que tenta transformar criminosos em vítimas e vilanizar os policiais que arriscam a vida todos os dias para proteger a sociedade.

Em seu pronunciamento, Huck afirmou que apoia a "boa polícia”. A frase, aparentemente inofensiva, revela uma das maiores hipocrisias do discurso progressista, o de que existiria uma “boa” e uma “má” polícia, como se fosse possível dividir uma instituição que vive sob regras rígidas, sacrifícios diários e um código de honra construído no suor e no sangue de seus agentes.

Não existe “boa polícia”. Existe a Polícia. Uma instituição composta por homens e mulheres de coragem, que enfrentam criminosos armados com fuzis, granadas e até drones usados em ataques. São servidores que saem de casa sem a certeza de que voltarão. E, quando há erro ou abuso, é a própria corporação que investiga e pune, algo raro entre instituições públicas no Brasil. Nenhuma outra corta tanto a própria carne quanto as forças de segurança.

Enquanto Luciano Huck lamenta o destino dos criminosos que escolheram enfrentar o Estado com armas de guerra, quatro policiais perderam a vida nessa operação. Esses, sim, são as verdadeiras vítimas. Morreram em defesa da sociedade, protegendo famílias inteiras reféns do tráfico e do medo.

O silêncio de Huck diante das milhares de mortes provocadas pelo narcotráfico é ensurdecedor. Sua seletividade moral é o retrato fiel de uma elite desconectada da realidade das ruas. Defender “a boa polícia” é fácil de um estúdio climatizado, difícil é estar na linha de frente, com o fuzil apontado para o peito, em meio a um conflito que já se transformou em uma guerra interna, uma guerra dentro do nosso próprio país, que o governo Lula se recusa a combater.

O povo brasileiro já percebeu quem está de que lado. De um lado, os que enfrentam o crime com coragem e sacrifício da própria vida. Do outro, os que discursam com hipocrisia. E, nesse embate, a sociedade está com a polícia.

Foto de Henrique Alves da Rocha

Henrique Alves da Rocha

Coronel da Polícia Militar do Estado de Sergipe.