
Cadê a soberania do Brasil... 28,5 milhões de brasileiros vivem reféns do crime organizado
07/11/2025 às 08:57 Ler na área do assinante
Facções criminosas e milícias controlam territórios onde vivem 28,5 milhões de brasileiros, equivalente a 19% da população nacional. A situação ganhou destaque após a Operação Contenção, realizada em 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, considerado o quartel-general do Comando Vermelho (CV).
A operação mobilizou 2.500 agentes de segurança que enfrentaram resistência armada, incluindo drones com granadas. O confronto resultou na morte de quatro policiais e 117 criminosos, além da prisão de 99 pessoas. Segundo o governo estadual, 95% dos mortos tinham vínculos comprovados com o CV.
"Só hoje consegui dormir", comentou uma moradora com uma amiga que, apesar da experiência com a violência, admitiu: "Nunca vi tanto fuzil".
Uma empregada doméstica de 58 anos, moradora de área controlada por milícia na Baixada Fluminense, resume a estratégia de sobrevivência: "O segredo para sobreviver é cabeça baixa e boca fechada".
ORIGEM DO DOMÍNIO TERRITORIAL
O controle territorial pelo crime surgiu no Rio dos anos 1980, quando o Comando Vermelho, formado dentro do sistema prisional, expandiu suas atividades dos assaltos para o tráfico de drogas.
Na década de 1990, as milícias, formadas por policiais e ex-policiais, assumiram o controle de bairros inteiros e monopolizaram serviços essenciais como gás, transporte, moradia, internet e água – prática posteriormente adotada pelos traficantes.
Atualmente, todos os estados brasileiros registram presença de facções criminosas, principalmente em áreas com maior concentração de pobreza e menor presença estatal.
As perdas econômicas anuais decorrentes das atividades ilícitas alcançam 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo o Atlas da Violência. Esse valor engloba desde a desvalorização imobiliária até prejuízos no turismo e a concorrência desleal na exploração de serviços.
Um morador de Rio das Pedras, região dominada por milícia na Zona Oeste do Rio, fechou seu pequeno mercado poucos meses após a inauguração devido às constantes extorsões baseadas na ameaça de "se não pagar, leva bala".
Na região metropolitana do Rio, 270 mil domicílios não conseguem acesso a serviços de operadoras de telefonia celular regulares.
"A competição é feita na bala, e não pelas regras de mercado, o que mina a produtividade e alimenta o crime", explica o economista Daniel Cerqueira, responsável pelo Atlas da Violência.
CONTROLE DE SERVIÇOS ESSENCIAIS
Em comunidades da Baixada Fluminense, moradores enfrentam dificuldades para acessar serviços básicos.
"Ou você vai na empresa dos bandidos, um lugar a portas fechadas, ou fica sem internet em casa", relata uma moradora.
A empregada doméstica que comprou seu apartamento com dificuldade paga 50% a mais no condomínio devido à inclusão da chamada "taxa da portaria", valor destinado aos grupos armados.
A Light, concessionária de energia elétrica do Estado do Rio, registra que aproximadamente 25% dos clientes cadastrados não pagam suas contas. Os técnicos da empresa não conseguem acessar as comunidades para combater as ligações clandestinas, conhecidas como "gatos", devido às barreiras impostas pelos criminosos.
No setor imobiliário, grupos criminosos grilam terrenos, constroem edifícios irregulares e posteriormente buscam a legalização das construções.
"As facções entenderam que poderiam ganhar em cima do déficit habitacional do país", observa Rodrigo Pimentel, ex-integrante do Bope.
IMPACTO NA EDUCAÇÃO E SAÚDE
A violência cotidiana afeta diretamente a educação. Aproximadamente 217 mil alunos da rede municipal do Rio estudam em zonas conflagradas, onde o ano letivo é frequentemente interrompido por tiroteios.
Os atendimentos em saúde mental em comunidades dominadas pelo crime organizado cresceram 25% na rede municipal apenas em 2025.
"Vizinhos passam mal cada vez que os marginais aparecem para cobrar a taxa de segurança. Idosos lhes entregam todo o benefício que recebem do governo para comprar remédios e não falam nada por medo", relata um morador da Muzema.
O acesso a serviços de saúde também é comprometido pela presença de barricadas.
"Duas barricadas ali impedem a passagem da ambulância, aí o paciente precisa ser conduzido de cadeira de rodas por duas quadras até chegar a ela", explica Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
EXPANSÃO PELO TERRITÓRIO NACIONAL
A expansão territorial de organizações criminosas no Brasil ultrapassa as fronteiras fluminenses. O problema atinge estados como Ceará, Bahia, Pernambuco e Amazonas.
A disputa por rotas do tráfico impulsiona a expansão das facções pelo território brasileiro. O CV opera com um sistema descentralizado, semelhante a franquias, enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, mantém uma estrutura hierárquica rígida.
"As facções se organizam onde o Estado abandonou as pessoas e depois as tiranizam", explica Ricardo Balestreri, ex-secretário nacional de Segurança Pública e coordenador do Núcleo de Urbanismo Social e Segurança Pública do Insper.
ÊXODO FORÇADO NO CEARÁ
Em um distrito de Morada Nova, município localizado a 200 quilômetros de Fortaleza, aproximadamente 2.000 moradores abandonaram suas residências após receberem ameaças de grupos criminosos em disputa territorial. O êxodo ocorreu em julho de 2025.
O povoado transformou-se em uma cidade fantasma. A prefeitura reconheceu oficialmente a "situação anormal e emergencial" e disponibilizou um caminhão para auxiliar na retirada dos moradores. Quatro meses após o início do êxodo, escolas, igreja e posto de saúde permanecem fechados.
"Disseram que jogariam granadas, incendiariam os imóveis e encheriam a nossa cara de bala", conta um morador de área dominada pelos Guardiões do Estado.
TOQUE DE RECOLHER E VIOLÊNCIA EXTREMA
Em Pernambuco, a disputa territorial entre PCC e CV transformou os morros da região metropolitana de Recife em zonas de conflito. Na comunidade Alto José do Pinho, moradores receberam pelo WhatsApp a imposição de um toque de recolher diário após as 22h com a mensagem:
"A partir de hoje haverá guerra de tráfico e muita bala. Orem e se protejam".
TENTATIVAS DE SOLUÇÃO
No Pará, o programa Usinas da Paz oferece atividades esportivas e capacitação profissional para crianças e adultos em comunidades vulneráveis. Os dados mostram uma redução de 75% nos crimes letais no estado paraense em 2025.
O Rio de Janeiro implementou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em 2008, mas a iniciativa não obteve sucesso duradouro.
Após a recente operação no Complexo do Alemão e na Penha, o governo fluminense anunciou planos para recuperar áreas controladas por facções criminosas.
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