
Homens que saíram de SP para cobrar dívida no PR: Longas fichas criminais e suspeita de ligação com o crime organizado
09/11/2025 às 06:43 Ler na área do assinante
A Polícia Civil do Paraná divulgou o histórico criminal das quatro vítimas encontradas mortas na zona rural de Icaraíma, no noroeste do estado. Os corpos de Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza foram localizados após 44 dias de buscas. Os três primeiros viajaram de São José do Rio Preto (SP) para cobrar uma dívida de Alencar, que os contratou para este serviço.
Antonio Buscariollo, 66 anos, e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, 22 anos, são os principais suspeitos dos assassinatos. Ambos estão foragidos e têm mandados de prisão temporária expedidos contra eles.
O levantamento policial revelou que três das vítimas possuíam antecedentes criminais. Diego Henrique Affonso acumulou ocorrências entre 2018 e 2024, incluindo ameaças contra a esposa (Lei Maria da Penha), estelionato e acusação de redução à condição análoga à de escravo em 2023.
Rafael Juliano Marascalchi tem registros desde 2005, quando foi acusado de tentativa de homicídio. Sua ficha inclui tráfico de drogas (2007 e 2008), ameaças entre 2014 e 2025, e violência doméstica contra a esposa em 2017.
Robishley Hirnani de Oliveira possui histórico desde 2003, com acusações de furto qualificado, crimes ambientais, embriaguez ao volante e múltiplos casos de estelionato e ameaças, incluindo contra sua esposa. Alencar, que contratou o trio, não tinha antecedentes.
Entre os suspeitos, apenas Antonio Buscariollo possui um registro por porte de arma em 2018. Paulo Ricardo não tem antecedentes, segundo a polícia.
A investigação ganhou novos contornos quando as autoridades receberam informações de que a dívida poderia estar relacionada a "negócios ilícitos" entre as partes.
"O andamento das investigações revelou a necessidade de levantamento do histórico criminal de todas as partes envolvidas nesse caso, com objetivo de averiguar (confirmar ou afastar) o possível envolvimento das partes (autores e vítimas) com o crime organizado, já que chegou ao conhecimento da Polícia Civil que a dívida e a cobrança não teria como base apenas o desacerto envolvendo a propriedade rural em Vila Rica, mas também negócios ilícitos entre as partes. No momento, não é possível afirmar que existia essa relação ilícita entre as partes, mas tudo está sendo apurado dentro das investigações", explicou a corporação.
A advogada Josiane Monteiro, que representa as famílias de Diego, Rafael e Robishley, questionou a divulgação dessas informações.
"O quanto essa informação acabou afrontando não só a dignidade e a honra dessas pessoas que se foram, mas também da família".
A Polícia Civil informou que as investigações seguem sob sigilo.
"Há um volume de dados muito grande sendo analisado. A quantidade de dados obtida foi tão robusta que foi necessário montar uma força tarefa para sua análise. O Departamento da Polícia Civil disponibilizou dois agentes de polícia judiciária, analistas de dados, para se somar aos agentes do Grupo de Diligências Especiais de Umuarama e realizar o trabalho. Além de equipes de campo, há um outro grupo de agentes dedicados apenas a essas análises, de modo a imprimir maior celeridade ao caso", informou a corporação.
O caso começou em 4 de agosto, quando os três homens viajaram para Icaraíma. Eles visitaram o distrito de Vila Rica do Ivaí para fazer o primeiro contato com os devedores. No dia seguinte, foram vistos pela última vez em uma panificadora local por volta das 10h. Às 12h, deixaram de responder às mensagens de familiares.
No dia 6 de agosto, a esposa de Robishley procurou a polícia para relatar o desaparecimento. As autoridades visitaram a propriedade onde a cobrança seria realizada.
"Eles [Antonio e Paulo] confirmaram que havia um negócio envolvendo a compra e venda de uma propriedade rural entre Alencar e dois parentes deles, mas disseram que não tinham relação direta com a dívida", explicou o delegado Gabriel Menezes.
A investigação revelou que a dívida referia-se à compra de uma propriedade rural que a família Buscariollo adquiriu de Alencar por R$ 255 mil, divididos em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada. Familiares das vítimas informaram que os três homens trabalhavam com cobrança de dívidas há 13 anos.
Inicialmente, surgiram informações divergentes sobre o valor da dívida. A esposa de uma das vítimas mencionou R$ 1 milhão no boletim de ocorrência. Outras testemunhas indicaram R$ 100 mil. Apenas o valor de R$ 255 mil foi confirmado nas investigações.
Os corpos foram localizados em 18 de setembro, com marcas de tiros, a 650 metros do local onde o veículo das vítimas foi encontrado escondido.
"A área é arenosa e úmida e os corpos estavam bem preservados, o que deu uma possibilidade de identificação visual de momento", afirmou o secretário de segurança pública, Hudson Leôncio Teixeira.
Os pertences das vítimas foram encontrados enterrados no mesmo local. As declarações de óbito indicaram politraumatismo, traumatismo craniano e ferimentos por arma de fogo.
A defesa dos suspeitos nega envolvimento no crime.
"A localização dos corpos, em propriedade de pessoa que não tem qualquer relacionamento com a família Buscariollo, reforça a nossa defesa de negativa de autoria, ou seja, que não tiveram qualquer participação com esses homicídios. E mais, os corpos serão importantes instrumentos para identificação dos verdadeiros culpados pelas mortes", declarou o advogado Renan Farah em nota.
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