
Risada de procurador em julgamento do STF expõe a face nefasta de um julgamento com cartas marcadas
13/11/2025 às 07:01 Ler na área do assinante
Em pleno julgamento no STF, durante a sustentação oral do advogado Jeffrey Chiquini, o procurador da PGR simplesmente riu. Sim: riu. Sorriu enquanto a defesa falava sobre um ponto crucial do processo.
A reação imediata do advogado:
“Não sei o que é engraçado”, disse tudo.
Esse gesto, exibido diante do país, não foi um detalhe. Foi um retrato cristalino do desrespeito, do desdém e da sensação de impunidade que domina certos atores do sistema judicial.
Não foi apenas falta de postura. Foi confissão.
Quando um procurador ri no meio de um julgamento que envolve a liberdade e a vida de um réu, ele deixa claro que:
• Não leva a defesa a sério;
• Não respeita o contraditório;
• Não teme consequências;
• E, principalmente, já sabe o resultado.
O sorriso virou símbolo daquilo que não se diz abertamente, mas que se vê nas entrelinhas:
O jogo está marcado.
Um gesto que destrói a confiança
Não há julgamento justo quando a acusação debocha.
Não há paridade quando a defesa é ironizada.
Não há imparcialidade quando o procurador age como quem já recebeu o veredito de antemão.
A risada expôs, de forma cruel e direta, aquilo que muitos brasileiros denunciam há anos:
há processos no país cuja sentença parece escrita antes mesmo de começar.
O procurador não deveria ter rido.
Mas riu — e, ao fazer isso, entregou a verdadeira face do julgamento.
Foi um gesto rápido.
Mas abriu uma ferida profunda: a certeza de que, naquele plenário, a defesa não era ouvida — apenas tolerada.
Emílio Kerber Filho
Jornalista e escritor
Autor do livro “Por trás das grades - O diário de Anne Brasil”.











