
Policial que matou campeão mundial de Jiu-Jitsu é absolvido e deixa a prisão
18/11/2025 às 06:05 Ler na área do assinante
O tenente Henrique Otavio Oliveira Velozo, apontado como autor do disparo que matou o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo em agosto de 2022, deixou neste sábado (15) o presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. A liberação ocorreu horas depois de sua absolvição pelo tribunal do Júri, decisão tomada na noite de sexta-feira (14).
O julgamento, que começou na quarta-feira (12) no Fórum Criminal da Barra Funda, terminou com os jurados aceitando a tese de legítima defesa sustentada pela defesa do policial.
Leandro Lo, então com 33 anos, foi atingido na cabeça durante um show no Clube Sírio, na Zona Sul da capital paulista, na madrugada de 7 de agosto de 2022. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu poucas horas depois. A dinâmica do confronto gerou versões distintas, motivo pelo qual o processo se arrastou ao longo dos últimos anos.
Em nota, a defesa de Velozo afirmou que apresentou ao júri elementos que — segundo os advogados — comprovariam que o policial reagiu para se proteger, além de destacar supostas contradições em testemunhos colhidos durante a investigação. O advogado Claudio Dalledone declarou:
"Leandro Lo foi um grande campeão e isso precisa ser reconhecido Mas também é necessário reconhecer que, infelizmente, ele foi o responsável por essa tragédia".
Em outra passagem, reforçou que “com a absolvição, o tenente Henrique Velozo deixa o plenário como integrante da Polícia Militar e inocente das acusações que pesavam contra ele”.
O episódio que levou ao disparo ocorreu após um desentendimento dentro do evento. Na reconstituição apresentada no processo, testemunhas relataram que, durante a discussão, Lo teria imobilizado o policial militar. Assim que foi solto, Velozo atirou contra o lutador e, em seguida, deixou o local. A partir desse momento, ele passou a responder pelo crime de homicídio triplamente qualificado, segundo denúncia do Ministério Público, que apontava como qualificadores motivo torpe, emprego de meio insidioso ou cruel e traição ou emboscada.
A trajetória disciplinar de Velozo no período também foi marcada por reviravoltas. O Tribunal de Justiça Militar havia decidido por sua exclusão dos quadros da PM, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) oficializou a demissão em setembro, com publicação no Diário Oficial. Entretanto, em outubro, uma decisão liminar do desembargador Ricardo Dip suspendeu o decreto e determinou a reintegração do policial — mesmo que ele continuasse sob custódia enquanto aguardava o julgamento.
Ao longo do processo, a defesa do tenente insistiu que a denúncia do Ministério Público não refletia as provas do inquérito, sustentando que tudo seria “provado no momento em que o processo” fosse “devidamente instaurado”.
Após a absolvição, a família de Leandro Lo manifestou indignação. Fátima Lo, mãe do atleta, compartilhou em suas redes sociais um texto lamentando o entendimento dos jurados:
"Os jurados acolheram a tese de legítima defesa, e com isso o réu não responderá criminalmente pelo disparo que tirou a vida de um dos maiores campeões da história do esporte. Todos hoje carregam um silêncio pesado, difícil de explicar".
ATENÇÃO! Temos uma dica importante para você, leitor do JCO. Quer saber a verdade por trás da prisão de Bolsonaro, conteúdos inéditos sobre 2022, encontrar o único motivo para seguir acreditando em um futuro melhor e apoiar a nossa batalha? Conheça o livro “A Máquina Contra o Homem: Como o sistema tentou destruir um presidente — e despertou uma nação”. Clique no link abaixo:
Contamos com você nessa batalha!








