Famosa universidade com mais de 60 mil alunos está à beira da falência
18/11/2025 às 20:56 Ler na área do assinanteAs famílias Alves da Silva e Fioravante, que fundaram a FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) e são proprietárias de 18 prédios utilizados pela instituição, apresentaram à Justiça, no dia 3 de novembro, um pedido para transformar a atual recuperação judicial da universidade em processo de falência.
Segundo elas, desde que a recuperação foi aceita, em março deste ano, a instituição deixou de pagar aluguéis e IPTU dos imóveis, acumulando um débito que já supera R$ 40 milhões — dentro de uma dívida total estimada em cerca de R$ 300 milhões.
No texto enviado ao Judiciário, as duas famílias afirmam que o não pagamento ocorre de forma “deliberada, injustificável e ilícita”. Também sustentam que a FMU estaria vivendo uma espécie de “insolvência estrutural disfarçada sob o manto da recuperação judicial”, sugerindo que o processo atual serviria apenas como um “instrumento de postergação do inevitável”, isto é, a falência. Esse argumento, segundo os fundadores, reforça a tese de que não haveria condições reais de continuidade das operações sem medidas mais profundas.
Em meio às disputas judiciais, estão programadas para os dias 19 e 26 de novembro assembleias de credores, momento em que os atuais donos da FMU — o fundo Farallon, controlador desde 2020, após a compra da Laureate pela Ânima Educação — tentam negociar com os antigos proprietários. Até agora, porém, as conversas avançaram pouco.
A recuperação judicial, deferida pela 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo em março, buscava reorganizar débitos que ultrapassavam R$ 116 milhões. Para a instituição, a medida seria essencial para seu “soerguimento”, sem impacto no funcionamento diário dos cursos presenciais, semipresenciais e on-line que atendem cerca de 60 mil alunos. Na decisão que autorizou o processo, o juiz Marcelo Stabel de Carvalho afirmou que os documentos apresentados comprovaram a crise econômico-financeira e a necessidade do procedimento para preservar as atividades da universidade.
A FMU atribuiu sua deterioração financeira a fatores como os custos da adaptação para o ensino remoto durante a pandemia, restrições ao Fies desde 2021, aumento da inadimplência e queda na retenção de alunos. Segundo a entidade, desde 2023 foram adotadas medidas internas para tentar reequilibrar as contas, e há expectativa de melhora da margem Ebitda ajustada, estimada em 21,5% ao longo de 2025.
Apesar das dificuldades, a FMU registrou faturamento líquido de R$ 318 milhões em 2024 e mantém 1,1 mil funcionários diretos, além de cerca de 2 mil indiretos. Com mais de 100 cursos em operação — entre graduação, pós-graduação e MBA —, a instituição reforça que a recuperação judicial, em linhas gerais, é um mecanismo legal para evitar a falência, preservando empregos e mantendo a continuidade dos serviços enquanto as dívidas são renegociadas.
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da Redação